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NOTÍCIAS DE ARQUEOLOGIA

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Quarta-feira, 10.09.08

Escavações acabam em descobertas inesperadas



Foto: Patrícia Posse As escavações decorreram durante os últimos dois meses.

 


Intenção de alargar o período e o campo de actuação já para o próximo ano


Os resultados das escavações arqueológicas efectuadas no Complexo Mineiro Romano de Tresminas e Jales, durante os meses de Julho e Agosto, foram divulgados na última sexta-feira, dia 29. Este ano, conseguiu-se localizar a necrópole romana e até encontrar um vaso milenar com inscrições e que contém os restos mortais de um funcionário abastado. “Há boas décadas que não se sabia onde se situava a necrópole, agora localizou-se definitivamente. Fica a cerca de 300 metros a norte do povoado romano, junto à estrada, no local onde já tinham aparecido algumas inscrições romanas”, explicou o arqueólogo responsável pelos trabalhos, Carlos Batata. As escavações no povoado permitiram perceber o urbanismo e descobrir uma unidade de tratamento do ouro, “uma série de covas, com alguns pequenos fornos para fundição de metais, que depois, com o decorrer da exploração, teve que ser tapada para o povoado poder crescer”. “O que hoje sabemos é que a exploração começou com uma dimensão modesta e, ao longo dos dois primeiros séculos da era de Cristo, cresceu enormemente, quer em termos de povoado, quer em termos das pessoas que lá trabalharam”, afirmou Carlos Batata, ao Mensageiro. O arqueólogo adiantou mesmo que, no expoente máximo da exploração, poderiam ter estado envolvidas cerca de quatro a cinco mil romanos. Este ano, os locais de intervenção foram alargados. “O ano passado limitámo-nos a três sítios: o povoado romano, a necrópole e o recinto que existe perto do parque de estacionamento. Este ano continuámos a escavar nesses locais, mas avançámos para outros, como o possível aqueduto que fica na encosta das Fragas Negras. Estivemos a estudar uma das bases de assentamento dos pilares e fizemos escavações também no local do Castelo dos Mouros, em Jales”, referiu Carlos Batata.


 


A descoberta inesperada


A unidade de tratamento de ouro por debaixo do povoado romano não tinha sido equacionada como uma hipótese inicial, daí ter sido a descoberta mais surpreendente. “Nós pensávamos encontrar apenas as casas dos mineiros, mas com as escavações verificou-se que já lá tinha existido uma unidade de tratamento e processamento do ouro, o que é muito interessante e inesperado”, comentou Carlos Batata. Para o arqueólogo, os resultados das escavações continuam a ser surpreendentes. “Tinha-se a ideia de que o complexo mineiro era bastante pobre, com casas de muito má qualidade, mas não é isso que se verifica. As minas são muito grandes, nota-se uma certa pujança e um desafogo económico na construção das casas e a necrópole também começa a revelar esses indícios de existir ali um bem-estar económico bastante grande.” Das peças de cerâmica que foram encontradas, Carlos Batata referiu algumas das melhores. “Um lingote em bronze, com um peso bastante denso, peças de jogo de cor azul, preta e branca, que também eram utilizadas numa tabela de cálculo de quantidades, uma moeda de prata com a cara do imperador Tibério e pequenas tacinhas muito interessantes e bonitas.” Durante dois meses, uma dezena de pessoas trabalhou mais de sete horas por dia para desenterrar os vestígios da passagem romana por Tresminas. Depois dos materiais encontrados, procedeu-se à elaboração de relatórios, fotografias e desenhos. Estes trabalhos adicionais foram realizados no Museu de Vila Pouca de Aguiar, onde também vão ficar expostos os melhores materiais que resultaram destas escavações.


 


O futuro destas marcas do passado


Domingos Dias, o autarca aguiarense, destacou a “importância fundamental” do Complexo Mineiro no desenvolvimento do município e de toda a região, já que poderá constituir-se como “um motivo de atracção para muitas pessoas”. Também Carlos Batata está “plenamente convencido” de que as escavações arqueológicas vão beneficiar Vila Pouca de Aguiar, no sentido de atrair turistas àquela zona. Ainda assim é necessário todo um trabalho de musealização e de arranjo do espaço que permita, depois, ao turista “usufruir de toda aquela zona e perceber como era feita a exploração, como é que as pessoas viviam, como eram enterradas e perceber como se processava toda a cadeia de tratamento do ouro”. “Tresminas é já uma marca que distingue Vila Pouca de Aguiar, é um local com muitas infra-estruturas e vai tornar-se ainda mais visível”, acrescentou. Aguarda-se agora a aprovação de uma candidatura a fundos comunitários para que se possa ter “uma equipa permanente de arqueólogos e geólogos, todo o ano, e que será fundamental para que o processo evolua ainda mais”. Domingos Dias revelou ainda a intenção de estabelecer protocolos, nomeadamente com a Universidade do Porto para “ter mais gente a trabalhar”. Refira-se que as escavações foram suportadas em exclusivo pela autarquia, num valor que ronda os 20 mil euros. Carlos Batata avançou que em 2009, o investimento vai ser direccionado para as zonas de tratamento do minério, a par da continuação dos trabalhos nos povoados da Idade do Ferro para compreender “a ligação da mão-de-obra indígena com o aparelho romano” e perceber melhor o que está na necrópole. O arqueólogo garantiu que “há canais e galerias que ainda estão entulhadas, que não se conhecem totalmente”. Por isso, há “uma imensidade de trabalho para fazer".


Fonte: Patrícia Posse (4 Set 2008). O Mensageiro: http://www.mensageironoticias.pt/noticia/750

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por noticiasdearqueologia às 20:05

Sábado, 06.10.07

Vila Pouca de Aguiar: Povoado mineiro pode ser património

Um dos maiores e mais importantes complexo mineiros do Império Romano, situado em Tresminas, Vila Pouca de Aguiar, está a ser alvo de escavações arqueológicas que representam mais um passo na candidatura a património mundial da UNESCO.

Estas minas, cujo auge terá ocorrido durante os séculos I e II d.C, seriam, segundo afirmou hoje à Agência Lusa o arqueólogo Carlos Batata, uma das «mais importantes» do Império Romano.


O projecto de investigação «Complexo Mineiro de Tresminas», imóvel classificado como de Interesse Público em 1997 pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), teve início este ano e vai decorrer em cada Verão dos próximos três anos.


O presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias, disse à Lusa que este projecto «é mais um passo para a candidatura das minas romanas a património mundial da UNESCO».


«As escavações vão demonstrar a importância do complexo a nível mundial», afirmou.


O responsável pela investigação, o arqueólogo Carlos Batata, vê em Tresminas a concretização de um sonho, até porque, segundo salientou, «é a primeira vez que em Portugal se está a caracterizar um povoado mineiro da época romana».


Nos últimos 30 anos, o especialista escavou em Tomar ou em Conímbriga, mas diz que encontrou em Vila Pouca de Aguiar um complexo «tão grande e tão bem conservado» que considera ter todas as condições para ser classificado pela UNESCO.


Carlos Batata diz que os vestígios ligados àquela exploração mineira abrangem uma «área total de cerca de 100 quilómetros quadrados».


O estacionamento de militares em Tresminas, onde, além da presença de soldados da sétima legião, está também comprovada a estadia de secções da cohors I Gallica equitata civium romanorum, reflecte a importância destas minas para o império.


O especialista considera que as minas financiavam e sustentavam os exércitos romanos.


Este ano os trabalhos começaram na Veiga da Samardã onde Carlos Batata acredita que foi construído um dos povoados destinado aos administradores ou capatazes do complexo mineiro.


Aqui foram descobertas moedas de cobre, mós, pilões, cerâmica fina, pesos de tear, candeias, inscrições romanas, peças de jogo ou cálculo e tégulas ou telhas típicas e também uma grande quantidade de cerâmica indígena.


«Os muros de xisto das casas estão bem construídos e encontrámos aqui, mesmo no meio do povoado uma vala de transporte de água para as lavarias das minas, o que foi uma verdadeira surpresa», salientou.


Esta vala, segundo o responsável, encontra-se mesmo no meio do enorme povoado, que ocupa entre 1,5 a dois hectares, o que revela que «a exploração cresceu muito».


Pela vala era transportada água a partir de duas barragens que estariam localizadas perto de Tinhela de Baixo para uma cisterna que abastecia o povoado e as lavarias onde se procedia ao esmagamento das pedras e posterior decantação ou separação dos detritos do ouro.


A técnica dos romanos para a extracção do ouro passava pelo esmagamento da pedra.


Os achados encontrados este ano vão ser expostos no museu municipal de Vila Pouca de Aguiar.


O arqueólogo disse que o auge da exploração de ouro em Tresminas (freguesia de Tresminas) terá ocorrido durante os séculos I e II d.C, mas, segundo frisou, através destas escavações pretende-se ainda comprovar se a exploração mineira já era anterior à chegada dos romanos.


«A cerâmica indígena encontrada no local poderá ser um indicador de que os povos anteriores aos romanas já exploravam o ouro neste território».


Segundo um investigador espanhol, neste território eram explorados metais nos finais do Neolítico e sobretudo nas idades do bronze e do ferro.


Carlos Batata disse que vai ainda ser estudado um castro da idade do ferro, o que permitirá saber qual «a influência dos povos galaicos e o seu papel na exploração mineira».


Algns metros mais à frente do povoado, no Alto dos Lagos, Carlos Batata identificou uns taludes «que cobrem uma grande área» e que o especialista acredita podem esconder um «hipódromo romano».


«Este achado de última hora poderá esconder muros de contenção, com um redondo típico das corridas de cavalos, que poderão pertencer a um hipódromo e que, se se vier a ser comprovado, indicará que estamos perante um achado muito importante», salientou.


Acrescentou que até ao momento foram identificados apenas mais dois hipódromos romanos no país.


No próximo ano o arqueólogo quer continuar os trabalhos de investigação «em várias frentes» com uma equipa maior, de cerca de 20 a 30 pessoas.


Pretende também alargar e redefinir a área de escavações no povoado, investigar a necrópole encontrada perto, iniciar sondagens no pressuposto hipódromo e tornar visível todo o processo de lavagem e recolha do ouro.


A exploração mineira em Tresminas realizava-se essencialmente pelo desmonte a céu aberto, sendo disso resultado os desfiladeiros que são as cortas (ou lagos) de Covas e Ribeirinha.


Um engenheiro de minas inglês calculou que 2000 trabalhadores operando diariamente levariam 200 anos a fazer estes desmontes, sendo necessário remover pelo menos 5.800.000 metros cúbicos.


«Estas cortas são crateras gigantescas, que apresentam no seu interior galerias que atravessam o monte e vão sair até 100 metros de profundidade», frisou.


Uma dessas galerias, a dos alargamentos, pode ser visitada pelos turistas depois de requisitarem um guia à câmara de Vila Pouca de Aguiar.


Esta galeria era utilizada para o transporte a granel com carros e tem 140 metros de cumprimento, foi aberta a 50 metros da cumeada e apresenta quatro alargamentos laterais e rectangulares.


Na encosta oposta encontravam-se extensas instalações que serviam para a lavagem dos minérios, conservando-se ainda os restos de pelo menos 30 plataformas em alvenaria com aproximadamente 10 metros de largura.


«O projecto de investigação para três minas é de quatro anos mas eu diria que precisamos de pelo menos oito anos para conseguirmos caracterizar Tresminas», salientou.


Paralelamente a autarquia vai avançar com a recuperação de monumentos (capela e pelourinho) e fachadas nas aldeias envolventes às minas romanas, designadamente Vales, Ribeirinha, Alfarela de Jales, Covas, Tresminas, Tinhela de Baixo e Tinhela de Cima.


No âmbito do projecto, que conta com um apoio financeiro de 500 mil euros de fundos comunitários, vai ainda ser construído um centro interpretativo, cuja obra deverá estar concluífa em Junho do próximo anos, disponibilizando um guia para acompanhar os turistas pelo complexo mineiro.


«Disponibilizaremos um apoio permanente a quem quiser visitar as minas», afirmou o autarca.


Carlos Batata está ainda a efectuar a carta arqueológica de Vila Pouca de Aguiar, a qual, segundo Domingos Dias, deverá estar concluída até ao final do ano.


O objectivo é, de acordo com o autarca, fazer um «levantamento exaustivo dos locais arqueológicos» para potenciar turisticamente o concelho.


In: (6 Out 2007). Diário Digital / Lusa: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=4&id_news=298193

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por noticiasdearqueologia às 19:16

Quarta-feira, 15.08.07

Complexo romano mineiro de Tresminas: escavações.

Uma equipa de arqueólogos vai escavar a partir do dia 20 o complexo romano mineiro de Tresminas, em Vila Pouca de Aguiar, que a autarquia local quer candidatar a património mundial da UNESCO.


O projecto de investigação "Complexo Mineiro de Tresminas", imóvel classificado como de Interesse Público em 1997, pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), tem início este ano e vai decorrer em todos os Verão dos próximos três anos.


O presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias, disse hoje à Agência Lusa que este projecto "é mais um passo para a candidatura das minas romanas a património mundial da UNESCO".


A equipa liderada por Carlos Batata, especialista em arqueologia romana, vai para o terreno a 20 de Agosto onde, até meados de Setembro, efectuará sondagens em locais referenciados como acampamentos de soldados romanos e habitação para os trabalhadores, onde estes seriam enterrados.


O arqueólogo disse à Lusa que o auge da exploração de ouro em Tresminas (freguesia de Tresminas) terá ocorrido durante os séculos I e II d.C, mas, segundo frisou, pretende-se ainda através destas escavações comprovar se a exploração mineira já era anterior à chegada dos romanos.


Segundo um investigador espanhol, neste território eram explorados metais nos fins do período Neolítico e sobretudo nas idades do bronze e do ferro.


Carlos Batata referiu que vai ser também estudado um castro da idade do ferro, o que permitirá saber qual "a influência dos povos galaicos e o seu papel na exploração mineira".


A exploração mineira em Tresminas realizava-se essencialmente pelo desmonte a céu aberto, sendo disso resultado os desfiladeiros que são as cortas (ou lagos) de Covas e Ribeirinha.


Um engenheiro de minas inglês calculou que 2000 trabalhadores operando diariamente levariam 200 anos a fazer estes desmontes, sendo necessário remover pelo menos 5.800.000 metros cúbicos.


Estas minas seriam uma das "mais importantes" do Império Romano, segundo Carlos Batata, que destacou a descoberta de uma quantidade enorme de inscrições e de artefactos ligados à actividade mineira.


Depois de algumas prospecções efectuadas, pressupõe-se a existência de determinadas construções, nomeadamente edifícios administrativos, casernas, balneários, complexos industriais, armazéns, silos, mercados, lojas, casas de habitação, templos e santuários.


O estacionamento de militares em Tresminas, onde, para além de soldados da sétima legião, está também comprovada a estadia de secções da cohors I Gallica equitata civium romanorum, reflecte a importância destas minas para o Império Romano.


O arqueólogo considera que a existência na Península Ibérica de metais como o ouro, prata e cobre, foi um factor de atracção diversos povos.


Paralelamente, a autarquia vai avançar com a recuperação de monumentos (capela, pelourinho) e fachadas nas aldeias envolventes às minas romanas, designadamente Vales, Ribeirinha, Alfarela de Jales, Covas, Tresminas, Tinhela de Baixo e Tinhela de Cima.


No âmbito do projecto, que conta com um apoio financeiro de 500 mil euros de fundos comunitários, vai ainda ser construído um centro interpretativo.


Carlos Batata está ainda a efectuar a carta arqueológica de Vila Pouca de Aguiar a qual, segundo Domingos Dias, deverá estar concluída até ao final do ano.


O objectivo é, de acordo com o autarca, fazer um "levantamento exaustivo dos locais arqueológicos" para potenciar turisticamente o concelho.


(15 Ago 2007). Lusa: http://www.rtp.pt/index.php?article=294454&visual=16

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por noticiasdearqueologia às 23:29


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