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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
Uma necrópole do segundo período da Idade do Ferro, com cerca de 80 sepulturas, e uma estrada romana foram descobertas próximo do aeródromo de Évora, na periferia da cidade, constituindo-se como um "importante achado" arqueológico, foi ontem divulgado.
"Face à movimentação de terras, descobrimos estas fossas [sepulturas] escavadas no substrato rochoso", explicou à agência Lusa o arqueólogo Telmo Pinheiro, responsável pelos trabalhos. Os achados arqueológicos foram descobertos há cerca de duas semanas, na sequência das obras do futuro Parque de Indústria Aeronáutica de Évora, junto ao aeródromo da cidade.
"São aproximadamente 80 fossas, círculos escavados nas rochas, onde enterravam as cinzas juntamente com algum espólio, depois de cremarem os corpos", relatou o arqueólogo, indicando que a poucos metros do local foi também encontrada "uma mancha" onde era feita a cremação dos corpos.
Segundo o responsável pelo acompanhamento arqueológico das obras, os achados remontam ao segundo período da Idade do Ferro, 800 anos antes de Cristo (a.C.), quando os romanos chegaram a esta zona da Europa. "Algumas delas [sepulturas] foram remexidas e novamente tapadas. O próprio espaço, por ser sagrado, foi reaproveitado pelos romanos, tendo perdurado pela época romana", revelou, explicando que o espaço era habitado por comunidades autóctones que depois foram "romanizadas".
Lembrando que "na tradição romana as necrópoles estão sempre associadas a uma via", Telmo Pinheiro adiantou que foi descoberta uma estrada romana a cerca de 100 metros das sepulturas. "Este sítio vem ajudar a perceber como foi o processo de transição das comunidades locais com a vinda dos romanos e como é que desenvolveram a sua cultura e tradições", afirmou o responsável.
Para Telmo Pinheiro, trata-se de um "importante achado" arqueológico, já que "muitos dos estudos que estão feitos são baseados em fontes escritas e, neste caso, são vestígios". A estrada romana, provavelmente, vai ser reintegrada no projecto da obra e não será destruída e as fossas também vão ficar preservadas", precisou o arqueólogo.
Segundo o arqueólogo responsável pelos trabalhos, os importantes achados remontam ao ano 800 a.C.
A Câmara de Terras de Bouro vai retirar, durante o Verão, mais dois marcos miliários romanos agora encontrados no concelho e que se vêm juntar a um terceiro descoberto recentemente, disse hoje, à Lusa, fonte autárquica.
O marco recentemente retirado, e que se encontra guardado na sede do concelho, vai ser hoje estudado pelo arqueólogo António Rodrigues Colmenero, especialista em epigrafia romana, que fará a leitura da inscrição nele contida.
De acordo com Francisco Sande Lemos o marco, que foi encontrado em Terras de Bouro junto à Geira - a antiga via romana que ligava Braga a Astorga, Espanha - é do século IV D.C., "uma época em que Braga (então chamada Bracara Augusta) estava no seu apogeu político, económico e social".
A urbe romana - frisou o arqueólogo em declarações à Lusa - era, então, o centro político e administrativo, a cabeça de uma província que abrangia grande parte do Noroeste de Portugal e Espanha.
"Na última fase do Império Romano, Braga era uma cidade de grande esplendor, sendo a capital da província da "Gallaecia", cuja área ultrapassava a da actual Galiza indo até à Cantábria", adiantou.
O especialista, que foi durante as últimas duas décadas um dos peritos da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, revelou que está comprovado, por estudos e escavações, que, nessa fase "tardia" do Império foram lançadas diversas obras públicas, quer edifícios quer estradas.
Sande Lemos classifica de "exemplar" o estudo e escavação dos vestígios da urbe romana, sublinhando que foi em Braga que apareceu um dos dois teatros romanos existentes em Portugal.
"Dizia-se que estava tudo destruído, mas, a verdade é que Braga tem vestígios muito importantes para o estudo da romanização na Península", assinala.
Sande Lemos, que tem dedicado muita da sua investigação à Geira, está a estudar os vários marcos miliários romanos que apareceram, na milha XVII, junto à antiga via romana (Geira), próximo do lugar de S. Sebastião, no Gerês.
O último achado consiste num miliário epigrafado, do princípio do século IV, embora ainda não se tenha determinado qual o imperador que então comandava Roma.
"Há já 200 marcos miliários, com ou sem inscrição, encontrados na Geira, e ainda haverá novas descobertas", sublinhou Sande Lemos, acrescentando que se trata de uma das maiores concentrações do mundo deste tipo de vestígio arqueológico.
A Geira, a via que ligava Braga (Bracara Augusta) a Astorga (Asturica Augusta), na Galiza, atravessava o concelho em 30 quilómetros, depois de passagens por Braga, Póvoa de Lanhoso, Amares e Vieira do Minho.
Foi já classificada como património nacional, estando em preparação uma candidatura luso-galaica a património mundial, que inclui a inventariação do seu traçado, a limpeza, a recolha arqueológica e a sinalização.
A iniciativa tem como outros parceiros os municípios de Amares e Lugo (Galiza), e os parques, Nacional da Peneda-Gerês e do Xurês Baixo Límia.
Fonte: (4 Jun 2008). Lusa: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?art
Uma passagem pedonal romana, junto ao rio Dinha, em Mosteiro de Fráguas, Tondela, foi destruída, no decorrer da construção de uma nova estrada, que liga a aldeia a Vilar de Besteiros. A obra surge na sequência da edificação da Barragem do Paul.
O presidente da Junta de Freguesia de Mosteiro de Fráguas, António Rodrigues, não nega a destruição “parcial” da via romana e afirma que “tudo foi estudado previamente”.
Com a construção da nova estrada, parte da passagem secular ficou soterrada sobre um paredão de penedos, propositadamente colocado para desviar o curso do rio, e algumas das pedras históricas foram retiradas à via. As lajes retiradas à formação inicial foram depositadas num descampado junto à Estação de Tratamento de Águas (ETA) de Mosteiro de Fráguas. Segundo António Rodrigues, “as pedras estão de reserva” e “quando o tempo estiver bom, mais seco, a passagem vai ser reposta”. A tentativa de recuperação não permitirá refazer o traçado original. Para que as pessoas possam aceder à via pedonal, o presidente da junta de freguesia prevê a construção de “uns degraus em cimento”.
Em épocas passadas, a passagem pedonal, ligava o interior até ao litoral, através da Serra do Caramulo. O arqueólogo, e especialista em vias romanas, Inês Vaz assegura que “várias localidades se desenvolveram à beira deste percurso”.
Visto que os caminhos romanos da região não se encontram classificados como património histórico, em termos legais, as autoridades não serão responsabilizadas pela situação.
“Infelizmente, muitas vezes, as autoridades não se preocupam com a preservação das vias romanas. E como a via não está classificada, nada pode ser feito”, confirma Inês Vaz.
A estrada romana de Alqueidão da Serra, ex-libris desta freguesia de Porto de Mós, está cada vez mais degradada. Desde as cheias registadas há cerca de três anos que o monumento tem vindo a desmoronar-se. Sem verbas para a sua recuperação, a Câmara de Porto de Mós tem recorrido à colocação de tapumes para evitar o aumento da degradação. João Neto, vereador da Cultura, frisa que se trata de uma solução provisória, feita com acompanhamento de um arqueólogo. “Temos apostado na salvaguarda e consolidação das margens da estrada para evitar que, com a água das chuvas, as pedras sejam arrastadas”, explica o autarca. A intervenção consiste na reposição das partes da estrada que vão caindo, segurando-as depois com tapumes. O presidente da Junta, Fernando Sarmento, conta que já foi interpelado várias vezes por turistas e moradores da freguesia, contestando a colocação dos tapumes. O autarca reconhece que a solução “é um pouco inestética”, mas frisa que se trata da “única hipótese de parar a degradação” do monumento. “Se estivéssemos à espera de financiamento para intervir, corríamos o risco da estrada se desmoronar por completo”, afirma aquele responsável, que realça ainda o facto da intervenção ter sido aprovada pelo IPPAR-Instituto Português do Património Arquitectónico. Segundo João Neto, a Câmara irá este ano insistir na procura de financiamento e apoio técnico para o projecto, que “custa quase tanto ou mais do que a recuperação da estrada”, por se tratar de um trabalho “extremamente específico”. Fernando Sarmento frisa a necessidade de preservar o monumento, marca da presença dos romanos na região, e “o maior símbolo histórico” da freguesia. In: (21 Set 2007). Jornal de Leiria: http://www.jornaldeleiria.pt/index.php?a |
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