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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
Gravuras de arte rupestre, cuja origem se situará no Período do Calcolítico e Bronze Inicial, foram encontradas num eucaliptal de Vilar de Besteiros, concelho de Tondela, por um caçador, que as manteve em segredo durante 15 anos.
Fonte: (7 Mar 2008). Lusa / SOL: http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/I
Notícia relacionada: Ana Filipa Rodrigues (28 Mar 2008). Jornal do Centro: http://www.jornaldocentro.pt/?lop=conteu
É difícil acompanhar os passos apressados, mesmo até entusiasmados, do professor de história da Escola Secundária de Tondela, Jorge Humberto Gomes, enquanto este percorre parte dos caminhos isolados do Lugar de Fial, também conhecido como monte dos Fiais, na freguesia de Vilar de Besteiros. Dirige-se para junto do novo achado arqueológico do concelho, do qual teve conhecimento no início do ano, através de um caçador residente no concelho. "Trata-se da descoberta inédita de património arqueológico de gravuras rupestres", explica o professor, à medida que se embrenha no denso eucaliptal do Lugar de Fial.
Cerca de 15 minutos após o início da caminhada, o achado arqueológico aparece sobe um afloramento granítico, que Jorge Humberto tapara com vegetação. "Eu escondi as gravuras, pois era uma pena serem vandalizadas", afirma. O painel de arte rupestre, para já classificada como sendo do período Calcolítico ou Idade do Cobre, delimitado cronologicamente no III milénio antes de Cristo, revela quatro figuras ligadas ao campo mágico e religioso, bem como sinalética circular (cupmarks) que, para o professor, poderiam representar "delimitações territoriais" a nível sagrado ou geográfico. "Pensa-se que estas ‘covinhas’ marcassem zonas transcendentais, do infinito, mas não existe unanimidade quanto à sua explicação", refere. Jorge Humberto Gomes, que se encarregou de limpar as gravuras e de traçar os seus contornos a giz, salienta que a primeira figura que lhe chamou a atenção foi o desenho de uma serpente, um símbolo habitual nas culturas dos povos deste período. "A serpente não tinha o cariz negativo que a cultura cristã lhe atribui posteriormente. Este animal era visto como um símbolo ligado ao campo sexual, à fecundidade feminina e, em alguns casos, ligado à imortalidade".
No achado arqueológico é ainda possível visualizar duas figuras humanas esquematizadas num contexto de postura espiritual. Investigador, há já 20 anos, da cultura Megalítica, que abarca o período Neolítico e Calcolítico, o professor de história defende que o painel revela uma figura feminina, com a cabeça em forma de auréola, e uma figura masculina. "Julgo que se trata de um painel de agradecimento ao culto da fecundidade. O desenho com a cabeça em forma de aureola confere à figura uma postura santificada. Poderiam estar a realizar um ritual religioso. A figura masculina encontra-se numa posição de oferecer algo a uma divindade". Jorge Humberto Gomes não exclui a hipótese de se tratar da representação de um parto ou da celebração do nascimento. As gravuras foram elaboradas na pedra através de raspagem e fricção. Apesar de a laje se encontrar num estado de conservação razoável, a inclinação do afloramento granítico faz com que o escoamento da precipitação seja encaminhado para cima do achado arqueológico. "Julgo que parte do desenho já terá estalado com o frio e com o calor que a pedra sofreu".
Para o investigador, as gravuras constituem "uma forma de conhecer o universo religioso do período calcolítico", tratando-se de mais um documento precioso, de elevado valor histórico, que permite abrir uma janela de conhecimento para o mundo simbólico, ritual e mítico dos antepassados agro-pastoris. Segundo o professor de história, o Instituto Português do Património Arqueológico já foi alertado para a existência das gravuras, bem como já enviou as fotografias do local para alguns arqueólogos que se dedicam ao estudo da cultura megalítica. No dia 30, irá deslocar-se ao local, o arqueólogo André Santos, em funções no Parque Arqueológico do Vale do Côa, para fazer a classificação final das gravuras. Para já a única certeza de ambos os investigadores, é que se trata de um "achado arqueológico relevante".Jorge Humbero Gomes espera que o painel depois de classificado seja preservado e aproveitado, não só para estudo, mas também para fins turísticos.
Fonte: Ana Filipa Rodrigues (28 Mar 2008). Jornal do Centro: http://www.jornaldocentro.pt/?lop=conteu
Uma passagem pedonal romana, junto ao rio Dinha, em Mosteiro de Fráguas, Tondela, foi destruída, no decorrer da construção de uma nova estrada, que liga a aldeia a Vilar de Besteiros. A obra surge na sequência da edificação da Barragem do Paul.
O presidente da Junta de Freguesia de Mosteiro de Fráguas, António Rodrigues, não nega a destruição “parcial” da via romana e afirma que “tudo foi estudado previamente”.
Com a construção da nova estrada, parte da passagem secular ficou soterrada sobre um paredão de penedos, propositadamente colocado para desviar o curso do rio, e algumas das pedras históricas foram retiradas à via. As lajes retiradas à formação inicial foram depositadas num descampado junto à Estação de Tratamento de Águas (ETA) de Mosteiro de Fráguas. Segundo António Rodrigues, “as pedras estão de reserva” e “quando o tempo estiver bom, mais seco, a passagem vai ser reposta”. A tentativa de recuperação não permitirá refazer o traçado original. Para que as pessoas possam aceder à via pedonal, o presidente da junta de freguesia prevê a construção de “uns degraus em cimento”.
Em épocas passadas, a passagem pedonal, ligava o interior até ao litoral, através da Serra do Caramulo. O arqueólogo, e especialista em vias romanas, Inês Vaz assegura que “várias localidades se desenvolveram à beira deste percurso”.
Visto que os caminhos romanos da região não se encontram classificados como património histórico, em termos legais, as autoridades não serão responsabilizadas pela situação.
“Infelizmente, muitas vezes, as autoridades não se preocupam com a preservação das vias romanas. E como a via não está classificada, nada pode ser feito”, confirma Inês Vaz.
Um vestígio sepulcral, pertencente ao conjunto de três monumentos megalíticos da necrópole de Tojal Mau, em Tondela, foi destruído, após movimentações das terras que sustinham o monumento. A Mamoa de Tojal Mau, assim se designa o vestígio histórico, era referente ao período cronológico entre 4500 A.C. e 2500 A.C.
O incidente foi denunciado por um professor de história, Jorge Humberto, a leccionar na cidade de Tondela, que, durante as suas visitas aos achados arqueológicos do concelho, se deparou com as terras removidas. As perturbações no solo ocorreram, em data incerta, quando o dono dos terrenos decidiu estabelecer um prado para ovinos. Jorge Humberto reconhece que o proprietário “terá destruído o monumento por desconhecimento ou ignorância” do significado do vestígio. O professor de História só lamenta a “inexistência de um inventário do concelho” que permita identificar e proteger o património.
A Mamoa do Tojal Mau é o quarto monumento do género a ser destruído desde o ano de 1990.
As mamoas são montículos megalíticos, em terra e pedra, implantados no topo de um pequeno relevo natural. O monumento do Tojal Mau apresentava, segundo um relatório do Centro de Estudos Pré-Históricos da Beira Alta, “contorno circular, com cerca de 15 metros de diâmetro e um metro de altura, mediana depressão central e três esteios em granito, provavelmente pertencentes a um dólmem simples”. Da mamoa, só restam os três esteios, que se encontram parcialmente soterrados.
“É uma perca em termos científicos, educacionais e turísticos”, refere Jorge Humberto, alertando para o facto de que “não foram feitas escavações arqueológicas” no local, para apurar o que o monumento poderia conter.
Segundo uma das responsáveis pela delegação do Instituto Português de Arqueologia, Gertrudes Branco, a salvaguarda do património arqueológico passa pela “actualização do inventário nacional”, pela criação de inventários concelhios e por acções de sensibilização dos proprietários dos terrenos. Gertrudes Branco adianta que os donos das terras que destruam monumentos arqueológicos, que são de interesse nacional, podem vir a ser sancionados.
(17 Ago 2007). Jornal do Centro: http://www.jornaldocentro.pt/index.php?l
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