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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
Associação diz que obras de restauro estão a ser feitas «fruto de um improviso» e que têm falta de coerência. Diocese do Algarve refuta acusações e garante que Igespar está a acompanhar os trabalhos.
O que deveria ser uma simples obra de restauro da Sé de Faro está a causar polémica. O Departamento de Arqueologia e Património da associação Almargem acusa as intervenções que estão a ser feitas no edifício com 800 anos de estarem a descaracterizá-lo.
As obras de substituição de rebocos, cornijas e pavimentos estão a ser feitas, segundo garante a associação, com cimento, cal hidráulica e areia, ao invés de utilizarem cal aérea, gesso e areia, como seria adequado.
«Estas alterações estão a ser feitas fruto de um improviso, e existe falta de coerência», acusa Fernando Nogueira, membro da Almargem.
Fernando Silva Grade, também ele membro da associação, foi quem alertou para a situação e, depois de contactar a Direcção Regional de Cultura, que lhe terá dado «respostas evasivas», levou o caso à Assembleia Municipal de Faro.
«Os partidos mostraram-se perplexos e mostraram a preocupação com o caso», garante.
O artista plástico considera que, «se este é um caso de reabilitação do património, está muito mal», considerando a situação como «escandalosa». «Não é um pormenor, é uma situação óbvia. Está a ser feito um reboco completamente diferente, moderno», acusa.
Segundo a Almargem, também «as cornijas existentes estão a ser substituídas por outras de forma completamente dissonante em termos de perfil e aspecto», enquanto alguns pavimentos estão a ser substituídos utilizando ladrilho inadequado e, após a substituição dos rebocos existentes, estão a ser deixadas partes da estrutura com pedra à vista, conferindo alterações no aspecto plástico final da fachada.
Além da descaracterização do edifício, que Fernando Silva Grade diz ter «uma tendência de pastiche, que faz com que um edifício de 800 anos perca o seu carácter», também a estrutura poderá vir a sofrer danos com a colocação de cimento, acusa a Almargem.
«A grande diferença é que a argamassa original é permeável, enquanto a argamassa bastarda que está a ser empregue é impermeável e mais resistente e, quando se deteriora, dada a sua resistência, danifica a base onde se encontra aplicada».
O «barlavento» contactou a Diocese do Algarve, responsável pelas obras. O padre Miguel Neto, do departamento de comunicação, garantiu que «o Igespar – Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico está a acompanhar e a vistoriar a obra, que está a ser feita de acordo com os critérios do instituto».
A Diocese nega ainda que esteja a ser utilizado cimento, apesar de haver sacos de cimento à vista no local da obra, como o «barlavento» constatou. «Para a obra está a ser utilizada cal hidráulica e tinta de silicatos. Cimento não».
Miguel Neto considera ainda a posição da Almargem inadequada. «A Sé está a ser restaurada. Os senhores da associação deviam era preocupar-se com outras igrejas que também são património, que se estão a degradar e em relação aos quais ninguém faz nada, como a Sé de Silves, por exemplo».
Fonte: Nuno Costa (7 Mai 2009). O Barlavento, on line: http://www.barlavento.online.pt/index.ph
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