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NOTÍCIAS DE ARQUEOLOGIA

O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...


Sábado, 04.10.08

Galerias romanas da Rua da Prata ganham vida e reconstroem a história

Longa fila e grande entusiasmo à entrada, mas um ar de desilusão à

saída pelo pouco que há para ver

Numa iniciativa associada às comemorações das Jornadas Europeias do

Património, a Câmara Municipal de Lisboa reabriu ontem as galerias

romanas da Rua da Prata. Com acesso gratuito, até ao meio da tarde

cerca de 800 visitantes já por ali tinham passado. Porém, à saída,

muitos confessavam-se desiludidos.

Clara Antunes disse que foi atraída ao local pelas "notícias que foi

vendo", mas, ao regressar das entranhas da Baixa lisboeta, a jovem

revelou que "esperava mais, pois tinha expectativas muito elevadas".

Clara queixava-se, sobretudo, "do pouco que havia para ver" e do facto

de no interior "haver muita água, o que tornou a visita

desconfortável".

Muitos outros visitantes, jovens e adultos, acrescentavam outras

queixas. João Martins lamentava o "intenso cheiro no interior",

enquanto Ana Paula Ventura, comerciante na Rua dos Correeiros, que fez

a visita pela manhã, disse "não valer a pena o tempo de espera", para

depois "ver nada".

A fila para a entrada, cujo acesso se faz pela Rua da Conceição,

estendia-se até à Rua dos Correeiros. Mas em outras ocasiões já foi

bem pior. Conta uma das responsáveis pela visita, Isabel Cameira,

arqueóloga do Museu da Cidade, que no ano passado, "durante o

fim-de-semana, a fila chegou a ter cinco horas de espera", e houve

quem para ali se deslocasse às cinco da manhã para serem os primeiros

a entrar". Muitos turistas também são atraídos à visita simplesmente

pela confusão que observam naquele local.

Em grupos de pouco mais de 20 pessoas, os visitantes descem à história

de Lisboa de forma calma. Começam por ver pequenos espaços dispostos

lateralmente utilizados na época romana como compartimento, passam por

arcos em cuidada cantaria de pedra almofadada e abóbadas, onde são

visíveis as marcas das tábuas de madeira que serviram para a sua

construção. O ponto alto da visita é a "Galeria das Nascen-

tes", também chamada "Olhos de Água", que ostenta a fractura a partir

da qual brota a água que invade o recinto.

No interior, uma guia do Museu da Cidade descreve durante pouco mais

de dez minutos a história do local, "construído pelos romanos na

primeira metade do século I a.C., e redescoberto em 1771 durante a

reconstrução da cidade de Lisboa na sequência do terramoto de 1755".

A funcionalidade da obra durante a época romana esteve ligada às

"actividades portuárias e comerciais", explica a guia, acrescentando

que "propostas mais recentes indicam tratar-se de um criptopórtico",

construção empregue "em terrenos instáveis ou de topografia irregular

para criar uma plataforma de suporte a outras edificações.

O monumento abre durante os três dias pela primeira e única vez este

ano devido às condições de acessibilidade do local e às "fissuras

existentes nas quais não se pode prever o impacto de visitas

constantes", explicou a arqueóloga.

Fonte: Ana Nunes (27 Set 2008). Público

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por noticiasdearqueologia às 21:50


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