Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
Os governos de Portugal e da Namíbia assinaram, esta quarta-feira, um memorando de entendimento para a conservação e gestão do património cultural do navio português do século XVI naufragado ao largo de Oranjemund.
O protocolo foi assinado pelo secretário de Estado da Cultura de Portugal, Jorge Barreto Xavier, e a ministra da Juventude da Namíbia, Juliet Kavetuna, e estabelece a relevância do sítio arqueológico, os objetos materiais e o «conhecimento local».
O documento prevê, assim, a «investigação, documentação e publicação de informação, [a] partilha de informação, formação e educação, bem como a organização de exposições e de outras formas de promoção e valorização».
O memorando estabelece, ainda, a possibilidade de «acordos adequados com potenciais doadores» para a conservação do navio naufragado, bem como a «formação de três namibianos em Portugal, em áreas acordadas» pelas partes e a «criação e gestão de um museu para o navio naufragado».
O navio português foi descoberto em abril de 2008, ao largo da Namíbia, por geólogos que procuravam diamantes, e ter-se-á afundado quando regressava a Portugal.
As investigações permitiram encontrar moedas de ouro e prata, colocadas à guarda do Banco da Namíbia, peças de canhão, presas de marfim, ouro, prata, cobre e estanho, bolas de chumbo da marca da Coroa Portuguesa fugger e um terço.
A embarcação tinha 300 toneladas e, segundo o arqueólogo Bruno Werz, teria três mastros e cerca de 30 metros de comprimento. O naufrágio terá ocorrido após a colisão com uma rocha.
Segundo o relatório de duas missões arqueológicas portuguesas, assinado por Francisco Alves, do então Instituto de Gestão do Património Arqueológico e Arquitetónico (IGESPAR), entre os achados estaria uma moeda de dez cruzados, «de ouro, de inexcedível pureza, prestígio e raridade».
Fonte: (15-05-2013). A Bola: http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=402145
Entre os destroços escavados em Oranjemud foram encontrados ossos
humanos cujo ADN vai ser analisado. Canhões, moedas, espadas, pratos e até chinelos
constam do tesouro.
"Estamos à espera de que as moedas falem." A frase do arqueólogo
Francisco Alves significa que só depois de se saber a datação da mais
nova das moedas encontradas nos destroços da nau quinhentista
portuguesa naufragada próximo de Oranjemud, no Sul da Namíbia, se
poderá ter ideia de que navio se tratava, quem era a sua tripulação e
quais os objectivos da sua viagem.
Após um mês "sem ver o mar", apesar de estar separado dele apenas por
uma parede de areia com seis metros de altura, Francisco Alves,
arqueólogo do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e
Arqueológico (Igespar), deu ontem a conhecer em Lisboa alguns dos
passos que conduziram a um dos maiores achados arqueológicos
subaquáticos.
Com a certeza de que se trata de uma embarcação portuguesa (os
posteriores estudos dirão se é uma nau ou um galeão), este é apenas o
segundo navio português escavado por portugueses à escala mundial (o
primeiro caso foi o da nau Nossa Senhora dos Mártires, há uma década,
em S. Julião da Barra, no Tejo).
O valor do espólio rondará os 70 milhões de euros. Mas essa é apenas
uma estimativa pecuniária, que para os intervenientes portugueses na
escavação de Oranjemud e também para os secretários de Estado da
Cooperação e da Cultura não é a mais relevante. "Mais importante do
que poder reclamar parte do achado ou saber quem fica com ele é salvar
o património", disse a secretária de Estado da Cultura, Paula
Fernandes dos Santos.
Esta posição foi assumida pelo Governo português mesmo depois de saber
que a Namíbia, por não ter ratificado uma convenção internacional, não
será obrigada a devolver qualquer percentagem do espólio ao país a que
pertencia a embarcação.
A questão de uma eventual partilha dos bens escavados não é, no
entanto, um assunto encerrado. É que entre os destroços também foram
encontrados ossos humanos. Após testes para identificação do ADN e de
consultados os livros marítimos da época, é bem possível que se
identifiquem alguns dos tripulantes de então e os seus actuais
familiares. Estes poderão então tentar ficar com algo.
Esta é apenas uma suposição da comunidade científica, que, conforme
disse ao PÚBLICO fonte conhecedora do processo, se viu recentemente
confrontada com um pedido do género (parte da descendência que reside
no Brasil), quando se especulou que os destroços da embarcação até
poderiam de uma nau comandada por Bartolomeu Dias.
Francisco Alves descartou por completo essa hipótese. É que no local
das escavações foram já encontradas moedas que só terão sido cunhadas
anos depois do naufrágio de Bartolomeu Dias, em Maio de 1500.
O que o arqueólogo português garante é que o navio agora
intervencionado fazia a Rota das Índias, para onde supostamente se
deslocava quando naufragou. Essa certeza é fundamentada com a carga
que entretanto tem sido recuperada. Lingotes de cobre (20 toneladas)
recuperados mostram a marca de um conhecido comerciante alemão da
época, a quem o reino português comprara o metal para depois levar
para a Índia. Também a consulta da literatura de cordel publicada em
Portugal no século XVII, rica sobre naufrágios, poderá ajudar a
perceber de que embarcação se trata.
O espólio da por enquanto misteriosa embarcação é ainda composto por
diversas peças pesadas de artilharia, por lingotes de estanho, peças e
moedas de prata e por cerca de 2300 moedas de ouro. Um terço destas
são cruzados portugueses, as restantes são espanholas.
As moedas portuguesas, explicou Francisco Alves, são bem mais
valiosas, uma vez que o ouro que as compõe tem um grau de pureza de
999,2 por mil. Estas moedas terão começado a circular em 1499, e a sua
cunhagem findou 49 anos depois.
Fonte: José Bento Amaro (18 Out 2008). Público.
Campanha na Namíbia concluída até dia 10
A remoção dos vestígios da embarcação portuguesa do século XVI encontrada em Abril na costa da Namíbia - já identificada com segurança como uma nau da Carreira da Índia - terá de ser integral e impreterivelmente concluída até dia 10 por razões de segurança, confirmou ontem ao DN fonte do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR).
Em causa, o cordão dunar artificial que protege o local dos achados, já no limite da sua vida útil perante as alterações atmosféricas, normais para a época, que se avizinham no Atlântico Sul. O grosso da carga, já descrito como um dos mais ricos e relevantes alguma vez encontrados no campo da arqueologia subaquática, esse, havia sido já removido na fase inicial da campanha arqueológica, entre os meses de Abril e Maio.
Os trabalhos, que desde o início de Setembro estão a ser acompanhados por uma equipa portuguesa constituída pelos arqueólogos Francisco Alves e Miguel Aleluia - entre vários outros técnicos provenientes da Namíbia, África do Sul, Zimbabwe, Reino Unido e Estados Unidos -, prosseguirão depois também com envolvimento português, nomeadamente ao nível da inventariação, estudo e divulgação dos materiais encontrados na interface costeira de Oranjemund.
Os destroços e carga da nau portuguesa, recorde-se, foram encontrados durante trabalhos de prospecção levados a cabo pela Namdeb, consórcio formado pelo gigante mundial da produção de diamantes - o grupo sul-africano De Beers - e pelo governo namibiano. Segundo a mesma fonte, os custos da operação no local estão a ser suportados pelo consórcio, tendo Portugal assegurado a estadia da sua equipa mediante verbas do Instituto Camões e do Instituto Português para o Desenvolvimento.
Fonte: Maria João Pinto (2 Out 2008). Diário de Notícias.
The ship was laden with tons of copper ingots, elephant tusks, gold coins -- and cannons to fend off pirates lurking off Africa some five centuries ago.
An archaeologist displays shipwreck loot: a Spanish gold coin, three Portuguese silver coins and brass dividers.
It had nothing to protect it from the fierce weather off a particularly bleak stretch of inhospitable coast. It sank, only to be found last month by men seeking other treasure.
"If you're mining on the coast, sooner or later you'll find a wreck," archaeologist Dieter Noli, who is researching the ship's origins, said in an interview Thursday, describing De Beers geologists stumbling on the wreck April 1 as they prospected for diamonds off Namibia's southwest coast.
Top archaeologist Dieter Noli uses his hat to count the daily take of gold coins from the shipwreck.
Namdeb Diamond Corp., a joint venture of the government of Namibia and De Beers, had cleared and drained a stretch of seabed, building an earthen wall to keep the water out so geologists could work.
Noli said one of the geologists first saw a few ingots, but had no idea what they were. Then they found what looked like cannon barrels, but weren't sure.
The geologists stopped the brutal earth-moving work of searching for diamonds and sent photos to Noli, who had done research in the Namibian desert since his university days in Cape Town in the mid-1980s and since 1996 has advised De Beers on the archaeological impact of its operations in Namibia.
The find "was what I'd been waiting for for 20 years," Noli said. "Understandably, I was pretty excited. I still am."
Bruno Werz, of the Southern Africa Institute of Maritime Archaeological Rresearch, poses with two astrolabes.
Noli's original specialty was the desert, but because of Namdeb's offshore explorations, he had been preparing for the possibility of a wreck, even learning to dive.
He had also studied maritime artifacts with an expert from his university days, Bruno Werz, whom he has brought in to help research the Namdeb wreck.
Judging from the notables depicted on the hoard of Spanish and Portuguese coins and the type of cannons and crude navigational equipment, the ship went down in the late 1400s or early 1500s, around the time Vasco de Gama and Columbus were plying the waters of the New World, "a period when Africa was just being opened up, when the whole world was being opened up," Noli said.
Noli compared the remnants found -- the ingots, ivory, coins, coffin-sized timber fragments -- to evidence at a crime scene.
"The surf would have pounded that wreck to smithereens," he said. "It's not like `Pirates of the Caribbean,' with a ship more or less intact."
He and Werz are trying to fit the pieces into a story. They divide their time between inventorying the find in Namibia and researching in museums and libraries in Cape Town in neighboring South Africa, from where Noli spoke by phone Thursday.
Eventually, they will go to Portugal, whose ships were particularly active in the area 500 years ago, or Spain to search for records of a vessel with similar cargo that went missing.
"You don't turn a skipper loose with a cargo of that value and have no record of it," Noli said.
The wealth aboard is intriguing. Noli said the large amount of copper could mean the ship had been sent by a government looking for material to build cannons. Trade in ivory was usually controlled by royal families, another indication the ship was on official business.
On the other hand, why was the captain still holding so many coins? Shouldn't they have been traded for the ivory and copper?
"Either he did a very, very good deal. Or he was a pirate," Noli said. "I'm convinced we'll find out what the ship was and who the captain was."
What sent her down may remain a mystery. But Noli has theories, noting the stretch of coast where it met its fate was notorious for fierce storms and disorienting fogs. In later years, sailors with sophisticated navigational tools avoided it. The only tools found aboard Noli's wrecks were astrolabes, which can be used to determine only how far north or south you have sailed.
"Sending a ship toward Africa in that period, that was venture capital in the extreme," Noli said. "These chaps were very much on the edge as far as navigation. It was still very difficult for them to know where they were."
Noli has found signs worms were at work on his ship's timber, and sheets of lead used to patch holes, indications the ship was old when it set out on its last voyage.
Imagine a leaky, overladen ship caught in a storm. The copper ingots, shaped like sections of a sphere, would have sat snug. But the tusks -- some 50 have been found -- could have shifted, tipping the ship.
"And down you go," Noli said, "weighed down by your treasure."
Spanish gold coins, Portuguese silver coins minted in the late 1400s or early 1500s were found, as well as dividers used for measuring distance on a map during navigation.
Fonte: (30 Abr 2008) CNN.com: http://edition.cnn.com/2008/WORLD/africa/0
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.