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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
Os vestígios vão ser preservados no local, incorporando o projeto de uma residência universitária que deverá estar pronta dentro de dois anos.
“Sabíamos que existia ocupação deste período, mas nunca tínhamos encontrado nenhuma estrutura. É uma muralha castreja, da idade do Ferro.
Segundo os especialistas, será do século II antes de Cristo”, explicou à Lusa Vítor Fonseca, da empresa Arqueologia e Património, responsável pelos trabalhos arqueológicos da obra da empresa Novopca no morro da Sé.
À custa desta e de outras descobertas, o projeto de arquitetura foi revisto quatro vezes: das 150 camas inicialmente previstas, apenas vão ser instaladas 140, e aos cinco mil metros quadrados de construção somaram-se mais dois mil, porque as escavações deixaram a descoberto o piso -1 do edifício.
“Os custos aumentaram e a rentabilidade diminuiu. Mas temos a noção de que estes achados têm de ser mantidos. É uma articulação complicada. Por um lado valorizam o edifício, por outro condicionam”, descreve Patrícia Santos, da Novopca.
Este é um dos casos em que a importância da descoberta obriga à sua musealização, ajustando o projeto sem destruir a estrutura e permitindo a sua fruição pública, explica Belém Campos Paiva, arqueóloga da Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).
A entidade, tutelada pelo Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR), é responsável por acompanhar de perto os trabalhos no centro histórico portuense.
E não tem tido mãos a medir: desde que a SRU foi constituída, em 2004, já foram feitas intervenções em cerca de 200 prédios (150 através de contratos e cerca de 40 através de parcerias que incluem os quarteirões de Carlos Alberto, Corpo da Guarda, Cardosas ou Morro da Sé), revelou à Lusa Rui Quelhas, administrador executivo da Porto Vivo.
Na DRC Norte, tanta intervenção obrigou a um trabalho acrescido e à criação de uma “linha verde, com mais reuniões e marcadas em menos tempo”, admite a diretora Paula Silva.
“Foram encontradas muitas coisas, muito interessantes, porque o Porto é uma cidade sobreposta, é um sítio com muita história”, acrescenta.
Dependendo da avaliação feita pela tutela aos vestígios encontrados, eles podem ser transferidos para museus ou pode criar-se uma espécie de memorial no local.
“No caso das estruturas (muros, alicerces, lageados), sempre que o projeto permite opta-se por não desmontá-las. Depois dos registos, é colocada uma proteção, e a obra prossegue como planeado. Caso a importância patrimonial o justifique, pode optar-se por deixar uma memória visível ou contar a história do lugar criando um espaço adequado”, descreve Belém Campos Paiva.
A preservação pelo registo é outra das hipóteses, esclarece João Pedro Cunha Ribeiro, subdiretor do IGESPAR.
“A lei do património exige, como princípio único, a preservação pelo registo. Muitas vezes, o material encontrado é volátil e não exige preservação no local. Os achados podem não ter a monumentalidade que exija a sua musealização e, nesses casos, fica o seu registo”, nota.
Fonte: (8 Fev 2010). LUSA.
Achados arqueológicos vão obrigar a desviar o traçado inicialmente previsto para a conduta da Simtejo, que deu origem às escavações
Os arqueólogos que estão a fazer escavações no Largo do Chafariz de Dentro, em Alfama, para aferir do estado de conservação de uma muralha (a fernandina, do século XIV) "esbarraram" numa outra, construída no século XVI e até agora totalmente desconhecida. Foram ainda achadas loiças, cerâmicas e vidros de luxo, uma espécie de "brindes" inesperados, que vão agora engrossar o espólio do Museu da Cidade.
A substituição de uma conduta de saneamento da Simtejo - que obrigaria a esventrar o Largo do Chafariz de Dentro - foi a oportunidade de ouro para os arqueólogos partirem para o estudo da Muralha Fernandina. "Já se sabia que seria interceptado um troço na obra de saneamento. O que ninguém sabia era o estado de preservação, uma vez que parte foi desmantelada em 1765 para a construção do edifício da Alfândega de Lisboa", explicou ao JN Rodrigo Banha da Silva, do serviço de arqueologia do Museu da Cidade.
Afinal, a Muralha Fernandina encontra-se em bom estado de preservação. Além desta, do século XIV, os arqueólogos detectaram outra, do século XVI, erguida para servir de reforço à original. "Foi uma surpresa. Isto demonstra que Lisboa foi, de facto, um império à escala mundial. Essa época de esplendor trouxe melhoramentos ao nível das infra-estruturas. As muralhas não foram excepção. Além de terem uma função defensiva eram portas de entrada", explica o arqueólogo.
Segundo o responsável, a muralha do século XVI está assente em barrotes de madeira e ainda permanece no local a cofragem de madeira que serviu de alicerce à Muralha Fernandina. "Ficámos também muito surpreendidos com a variedade, quantidade e exuberância dos materiais encontrados, tais como cerâmicas, loiças e vidros de luxo", salientou.
Uma vez que a Muralha Fernandina está bem preservada, optou-se por alterar o traçado da conduta da Simtejo, para minimizar os danos na infra-estrutura classificada como monumento nacional. A muralha atravessa o Largo de uma ponta à outra, seguindo o eixo da Rua dos Remédios. A ideia é desviar a conduta (para o lado do rio Tejo) de forma a causar o mínimo de destruição.
Fonte: Telma Roque, Bruno Castanheira (15 Mar 2008): Jornal de Notícias: http://jn.sapo.pt/2008/03/15/pais/escava
A directora da DRCN, Helena Gil, acrescentou que se aguarda para breve a marcação da primeira audiência.
No dia 27 de Abril de 2005, cerca de 70 metros da muralha romana da Fonte do Milho, monumento afecto ao IPPAR desde 1992, foram destruídos numa movimentação de terras para a plantação de uma vinha.
Na altura, António Monteiro, presidente da Junta de Freguesia de Canelas, alertou para a destruição de 70 a 75 metros de muralha e desaparecimento de um dos «lagares mais antigos da Península Ibérica».
«O nosso património foi devastado pelo proprietário do terreno contíguo ao monumento, que ali queria plantar uma vinha» , afirmou então o autarca.
O IPPAR apresentou, então, uma queixa-crime contra o responsável pela destruição do monumento no Ministério Público, entidade que decidiu arquivar o caso por entender que «não havia provas suficientes» para avançar para tribunal.
O IGESPAR recorreu da decisão, alegando que havia provas «mais do que suficientes» para avançar com a queixa-crime.
E, depois de algumas inspecções ao local, concluiu-se que houve, de facto, destruição de parte da muralha.
Os monumentos nacionais possuem 50 metros de protecção em toda a sua volta, onde é proibida qualquer intervenção, uma imposição legal que não terá sido respeitada pelo proprietário do terreno em causa.
A Fonte do Milho, situada nas encostas do Douro no meio de vinhas, foi uma villa romana fortificada com vestígios de ocupação entre o século I e o Baixo-Império, ocupando uma área superior a um hectare.
O monumento integra duas imponentes linhas de muralhas em xisto.
Escavações arqueológicas efectuadas no local permitiram a descoberta de algumas dependências da parte rústica, nomeadamente um lagar de vinho.
In: (8 Nov 2007). SOL: http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Socieda
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