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NOTÍCIAS DE ARQUEOLOGIA

O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...


Segunda-feira, 18.01.10

Convento de S. Francisco



 


 


 


Arrancou, na segunda-feira, mais uma importante fase do projecto de Requalificação do Convento de S. Francisco, em Castelo de Vide, com o início de novos trabalhos arqueológicos nas traseiras da igreja do edifício.

Um projecto a cargo da Fundação Nossa Senhora da Esperança, financiado em parte pelo Fundo Comunitário, através do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).

O Antigo Convento de S. Francisco, fundado em 1585, foi alvo de várias intervenções ao longo do tempo e, logo nos primeiros trabalhos arqueológicos realizados naquele local, ficou a certeza que a zona do Convento é arqueologicamente sensível.

Também por essa razão, nesta nova fase dos trabalhos a ajuda da Secção de Arqueologia da Câmara Municipal será crucial, uma vez que alguns dos seus elementos, que possuem valiosa experiência em trabalhos arqueológicos, estarão a ajudar nas escavações, sob direcção da arqueóloga Sandra Santos.

Segundo o Programa de Trabalhos de Escavação Arqueológica, Antropológica e Acompanhamento Arqueológico, elaborado pela Fundação Nossa Senhora da Esperança, serão três as áreas que terão intervenção directa no subsolo do espaço conventual, nomeadamente a Área do Baluarte virada a Sul, a Área do Poço Técnico e a Zona Frontal do edifício.  



Ainda tendo em conta o mesmo documento, "a mais que provável detecção de vestígios osteológicos humanos no interior e no exterior dos espaços a intervencionar, permitirá também a realização de estudos mais aprofundados sobre a população que viveu no convento e a que vivendo nas suas imediações aí praticou o culto religioso cristão".


Fonte: (16 Jan 2010). Fonte Nova: http://www.jornalfontenova.com/main.asp?pag=noticia.asp&artigo=35&menu=1&cod_menu=102



 

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por noticiasdearqueologia às 22:28

Sábado, 05.12.09

Barco naufragado na Praia dos Ingleses, em Florianópolis, era pirata

FLORIANÓPOLIS - Um barco naufragado no século XVII na Praia dos Ingleses, em Florianópolis, e responsável por dar nome à praia era pirata. A descoberta foi feita nesta semana por pesquisadores da ONG Projeto de Arqueologia Subaquática (PAS).


De acordo com o historiador Amílcar D´Avila de Mello, o barco pertenceu a Thomas Frins. Ela integrava uma frota pirata composta por 900 homens, em sua maioria ingleses e franceses.


- Nossa pesquisa é amparada por fontes históricas e evidencias arqueológicas. Os piratas teriam saqueado colônias espanholas no Pacífico de 1684 a 1687 - conta Mello.


Depois de se perder da frota e ser perseguido pelos espanhóis, Frins teria tentado voltar à Inglaterra pelo Atlântico. Quando chegou a uma praia do Norte da então Vila de Nossa Senhora do Desterro, na Ilha de Santa Catarina, foi capturado pelo fundador da vila, o ex-bandeirante Francisco Dias Velho.


Cerca de 1,5 mil objetos já foram recolhidos da embarcação. A equipe pretende, ainda, elucidar mais fatos a respeito do naufrágio. A pesquisa começou em 2004 e até agora foram investidos R$ 2,4 milhões pela Fundação de Apoio á Pesquisa Científica e Tecnológica no Estado de Santa Catarina (Fapesc).


Fonte: (4 Dez 2009). O Globo: http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2009/12/04/barco-naufragado-na-praia-dos-ingleses-em-florianopolis-era-pirata-915050277.asp

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por noticiasdearqueologia às 22:35

Domingo, 15.02.09

Necrópole medieval descoberta em Tomar pode ser a maior da Europa

As escavações abragem uma área total de 6.500 metros quadrados


As escavações que decorrem junto à Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar, deram a conhecer aquela que pode ser a maior necrópole da Europa, em número de enterramentos (3.400) e em área, disseram os arqueólogos que acompanham a obra.

Arlete Castanheira, responsável da Geoarque Lda., empresa contratada pelo consórcio MRG Lena/Abrantina, que ganhou a empreitada da construção da ponte do Flecheiro e arranjo da zona envolvente, um dos projectos inseridos no programa Polis de Tomar, disse à Lusa que, apesar de saberem, desde o início, que existia uma necrópole no local, ninguém "previa que fosse desta dimensão".



Desde o início dos trabalhos, em Novembro de 2007, foram encontrados cerca de 3.400 enterramentos, sendo que 40 por cento das sepulturas têm ainda ossários associados, afirmou à Lusa Elizabete Pereira, directora da escavação.

Pelo espólio encontrado junto às sepulturas (moedas, cerâmica, alfinetes para atar as mortalhas, pregos, contas, terços e alguns brincos e anéis), pensa estar-se perante uma necrópole moderna, com enterramentos feitos entre os séculos XIII e XVI, disse a arqueóloga, sublinhando que esta é uma escavação "com grande complexidade", uma vez que vários enterramentos aparecem sobrepostos.

"Trata-se da maior necrópole da Europa em número de indivíduos e em área", disse Arlete Castanheira, adiantando que as duas fases da escavação abrangem uma área total de 6.500 metros quadrados.




Todo o espólio osteológico recolhido está a ser encaminhado para a Universidade de Évora, que reúne condições para o manter em reserva, estando o espólio material à guarda do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), adiantou.

A fase actual da escavação está a atingir um nível de vestígios romanos, tendo sido encontrada cerâmica fina e vidro, bem como algumas estruturas de divisões de pouca dimensão e fornos que poderiam destinar-se à cozedura da cerâmica, disse Elizabete Pereira. "Dá para saber que a área foi usada no período romano e depois como necrópole na Idade Média", disse.

Nas proximidades da igreja foram encontradas várias sepulturas estruturadas, que não foi possível associar a um estatuto social pois não apareceu espólio que sustente essa hipótese, afirmou Sérgio Pereira, também director de escavação.

Além dos relatórios mensais que vão dando conta do desenrolar dos trabalhos, a equipa de arqueólogos no terreno produzirá, quando terminar a intervenção, prevista para o final de Fevereiro, um relatório final, científico, já com o estudo dos materiais encontrados.

O presidente da Câmara Municipal de Tomar, Corvêlo de Sousa, disse à Lusa que a autarquia está a estudar a possibilidade de publicar os resultados finais da escavação no seu boletim municipal, bem como a realização de conferências e de uma exposição temporária com o espólio do material encontrado e as duas sepulturas estruturadas removidas, já com o objectivo de virem a ser expostas noutro local.

Corvêlo de Sousa referiu ainda que a possibilidade da musealização in situ de alguns dos achados, em particular de um conjunto de sepulturas estruturadas, não recebeu parecer favorável do IGESPAR, pelo que, eventualmente, será colocado no local um painel com informação sobre os trabalhos realizados.

Supõe-se que a actual igreja de Santa Maria do Olival remonte a meados do século XIII, tendo sido edificada no local onde teria existido um convento beneditino, mandado construir por São Frutuoso, arcebispo de Braga, no século VII.

O templo serviu de panteão à maior parte dos mestres templários e aos primeiros da Ordem de Cristo, dependendo, no tempo dos Templários, directamente da Santa Sé, não integrando por isso nenhuma diocese. Por bula papal de 1455 foi matriz de todas as igrejas dos territórios descobertos.


Fonte: (3 Fev 2009). LUSA/Público:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1358630&idCanal=14


Fotos: http://diario.iol.pt/sociedade/necropole-tomar-oleiros-medieval-idade-media-templarios/1039270-4071.html

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por noticiasdearqueologia às 01:33

Segunda-feira, 10.11.08

NAMÍBIA: O tesouro mais bem guardado do mundo

Durante 32 dias, Francisco Alves, arqueólogo, especialista em arqueologia náutica e submarina, esteve na Sperrgebiet, a "terra proibida", a zona de exploração diamantífera da costa atlântica de Oranjemund, na Namíbia. O arqueólogo andou a recolher aquela que classifica como " a maior descoberta arqueológica da África subsaariana". Uma nau portuguesa, carregada de moedas de ouro, lingotes de cobre, presas de marfim. Ficou ali durante 500 anos, no areal da Namíbia, destroçada após um naufrágio. Para agora se revelar. 

Pode não ser a nau que transportava Bartolomeu Dias, que naufragou em 1500. Mas decerto é uma nau portuguesa, da rota das Índias, ou melhor, o que resta dela após um violento naufrágio. Seguia para oriente numa data não muito distante de 1500. Mas posterior.

Fustigada pelos musculados braços do monstro Adamastor, senhor das correntes do Cabo, a embarcação foi esventrada pelas ondas e empurrada para a costa da Namíbia, deixando no caminho um rasto de carga, de ossos e destroços de navio. Tudo morreu na praia. E por lá ficou ao longo de cinco séculos.

A descoberta desta embarcação naufragada há 500 anos está a fascinar a arqueologia náutica mundial. Em Abril passado um funcionário da Namdeb, o consórcio do Governo da Namíbia com a multinacional de exploração diamantífera DeBeers - que faz a exploração da região -, encontrou uma pedra estranha enquanto extraía as preciosas pedras brilhantes das areias da Sperrgebiet, "terra proibida". Um canhão empedernido foi a primeira peça a revelar-se. Depois vieram mais, muitas mais.

Duas mil moedas cunhadas pelas coroas espanhola e portuguesa, 20 toneladas de lingotes de cobre e estanho, semi-esféricos, mas também de outras formas, algumas estranhas, cravados com o tridente dos banqueiros alemães Fugger, que forneciam de metal a coroa Portuguesa. E ainda dezenas de presas de marfim africano, instrumentos científicos, baixelas de estanho e restos de candelabros, espadas, restos de ossos humanos (pelo menos uma costela e parte de uma bacia) e até restos de chinelos em couro. Um espólio típico de um navio que vai para o oriente, dizem os especialistas.

Isto para além de peças da estrutura do navio, de tamanho colossal, que começaram a aparecer por todo o lado ao longo dos cerca de 600 metros quadrados, na mina U60 da Sperrgebiet.

O local da escavação é um pedaço de terra roubado ao Atlântico, resguardado do mar por uma parede artificial de areia com seis metros de altura. Um carreiro de camiões encarregou-se de alimentar a muralha constantemente, ao longo dos 32 dias de trabalhos. Só 1700 euros diários eram necessários para esta operação, totalmente financiada pela NamDeeb. Para cá dessa parede, e depois da água e areia aspirada (e cuidadosamente filtrada para revelar diamantes), os achados quinhentistas foram expostos.

Numa primeira fase os trabalhos foram coordenados pelo arqueólogo sul-africano Dieter Noli, especialista na área da Sperrgebiet. Mas era necessária a participação de uma equipa que soubesse lidar com a raridade em causa: uma nau quinhentista. Foi então que o nome de Francisco Alves surgiu. A única nau quinhentista, da rota das Índias, descoberta e estudada até hoje, a Nossa Senhora dos Mártires, em 1998, na barra do rio Tejo, foi um trabalho da sua equipa, do Centro de Arqueologia Náutica e Subaquática, o CNAS.



A equipa portuguesa

"É o achado mais importante encontrado da África subsariana, pelo menos dos estudados por arqueólogos, exceptuando talvez a fragata de Santo António de Tana, de final do século XVII, escavada em Mombaça no final dos anos 70, estava a arqueologia náutica portuguesa a nascer. Não falo de pilhagens, claro", defende Francisco Alves que reconhece o esforço do Governo da Namíbia em resistir a "caçadores de tesouros" que assediaram as autoridades na esperança de chegar ao achado.

Para além de Francisco Alves e Miguel Aleluia, do CNAS e de um grupo de investigadores espanhóis indicados pelo Ministério da Cultura do país vizinho e do Museu de Arqueologia Subaquática de Cartagena, a equipa era ainda formada por um grupo de especialistas da Universidade de Texas A&M, uma das melhores instituições de investigação do mundo em arqueologia náutica, representada pela equipa do também português Filipe Vieira de Castro. Este último também tinha participado, com Francisco Alves, nos trabalhos da Nossa Senhora dos Martíres. Mas a participação desta equipa de excelência, que se encarregaria agora da investigação ao pormenor e da conservação dos achados, parece ser incerta.

"A única parte do projecto em que nós poderíamos adicionar algum conhecimento era na conservação das concreções metálicas porque o nosso laboratório aqui tem capacidade para radiografar e reconstruir objectos há muito desaparecidos, mas cujos moldes ficaram preservados nas concreções, juntamente com pólenes e traços ínfimos de exosqueletos de insectos. Mas para isso era preciso que os governos, português e da Namíbia, nos deixassem trazer as concreções para o Texas. E como os representantes de ambos os países colocaram reticências a este respeito, nós não pensámos mais nisso", adiantou ao P2 Filipe Castro.

Francisco Alves também afirma não saber nada sobre os planos para o futuro da investigação: "Os trabalhos preliminares são muito importantes. Muitas vezes precisamos de instrumentos de dentista. Mas tem de haver um trabalho de equipa", diz Francisco Alves sobre uma autêntica investigação digna da famosa série CSI. O que se passou na Sperrgebiet foi uma verdadeira investigação forense que levou a que conseguisse fazer o levantamento de tudo aquilo que era recuperável nos 600 metros quadrados de achados disperso pela mina U60.



A primeira moeda de ouro

Mas a etapa seguinte não é menos importante: "Todos os pormenores surgem agora na leitura destes vestígios delicadíssimos retirados do seu contexto. A construção de uma embarcação tem vestígios arquitecturais, sinais inscritos na madeira, nos quais a náutica portuguesa é muito rica", diz o arqueólogo sobre o que agora se seguirá, uma espécie de montagem de um puzzle muito incompleto.

Nos 32 dias passados na "terra proibida" Francisco Alves e Miguel Aleluia conseguiram recuperar tudo o que era possível. "As surpresas eram diárias. Temos mais de meia centena de peças estruturais do navio e foram todas recuperadas. Tudo o que interessava e que se encontrou foi salvo dentro da abordagem possível", diz Francisco Alves que, em quatro décadas de arqueologia náutica encontrou, na Namíbia, a sua primeira moeda de ouro.

Mas o arqueólogo português está certo, contudo, que a rocha e a natureza ficaram com muito mais. Uma das peças mais importantes da estrutura do navio, o calcez, "uma peça colossal", com dois metros de comprimento, usado para içar os panos do navio, e que estava descrita num manual de época mas que nunca tinha sido vista, foi encontrada intacta a quatro quilómetros da mina U60, onde decorreram os trabalhos.

Identificaram as peças e deixaram-nas num banho acuoso essencial à conservação. Nada sairá da Namíbia, visto que a legislação do país protege os achados encontrados em território nacional. Mas, para além das moedas de ouro que terão sido guardadas num banco da Namíbia, tudo o resto está num dos lugares mais seguros do mundo: "Toda a fronteira do Sperrgebit é um 'ScanEx' gigantesco, como o de controlo de bagagens nos aeroportos", descreve Francisco Alves. Ninguém sai da zona de alta segurança da exploração diamantífera sem ser virado do avesso. "Até as tampas das esferográficas eram revistadas".

Por isso Francisco Alves acredita que a nau quinhentista da Rota das Índias está a salvo. Apesar de pairar sobre este tesouro, sempre, o risco de sucumbir ao feroz assédio do mercado internacional de antiguidades.

Sobre o valor do achado, Francisco Alves recusa-se a avançar com números: "Recuso-me a avançar com valores. Seria inédito que algum arqueólogo avaliasse um achado. Quanto é que vale o túmulo do Tutankamon? Isso é para as lojas de antiguidades".

Mas são as moedas de ouro que falam mais alto. São elas que vão indicar, pela data de cunhagem, a datação da embarcação: "Nos primeiros dias de Maio foi encontrada uma moeda cuja cunhagem só existiu a partir de 1525. Mas só nos podemos pronunciar quando forem todas classificadas. A cunhagem mais recente indicará a data provável".

E é também nas cerca de duas mil moedas que se concentram as atenções em relação a valores. As portuguesas, mais valiosas, uma vez que tinham um grau de pureza de 999,2 por mil, representam apenas um terço da colecção. Mas estes "portugueses" de século XVI, como se chamavam então a estas moedas, estavam avaliados, há cerca de dez anos, conta Francisco Alves, em cerca de 50 mil euros. Cada moeda.

Fonte: Ana Machado (10 Nov 2008). Público.

Vídeo: http://static.publico.clix.pt/docs/cultura/tesouroescondido/

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por noticiasdearqueologia às 19:16

Sábado, 04.10.08

Nau portuguesa do século XVI em risco de ser submersa na Namíbia

Equipa luso-namibiana trabalha em contra-relógio até 10 de Outubro

para salvar segundo navio deste tipo recuperado à escala mundial por

especialistas

A nau quinhentista portuguesa descoberta em Abril ao largo de

Oranjemud, no Sul da Namíbia, corre o risco de voltar a ficar submersa

a partir de 10 de Outubro, último dia para manter a céu aberto o local

da escavação garantido pelo consórcio Namdeb, formado pelo Governo

namibiano e pelo grupo diamantífero sul-africano De Beers. Uma

informação de que o Ministério da Cultura português não dispunha até

ontem, reconheceu ao PÚBLICO o assessor de imprensa Rui Peças. "Vamos

tentar perceber o que se passa", afirmou.

Segundo uma notícia avançada ontem pela agência francesa AFP, o

governo namibiano e a De Beers, um dos maiores produtores mundiais de

diamantes - que ao longo dos últimos seis meses têm custeado juntos a

preservação do achado -, não pretendem continuar a gastar os 1700

euros diários que a operação implica. Ao PÚBLICO, o arqueólogo

Francisco Alves, da equipa que está a proceder à escavação e estudo da

"mais importante descoberta de sempre da arqueologia náutica

subsariana", confirmou o deadline, mas mostrou--se optimista quanto à

possibilidade de se conseguir concluir o trabalho de recuperação nas

próximas duas semanas.

"Estamos a trabalhar diariamente para limpar e dar continuidade à

extracção de todo o material dentro do prazo e hoje mesmo conseguimos

retirar a única parte da estrutura do navio que ainda está conexa",

anunciou Francisco Alves, director da divisão de Arqueologia Náutica e

Subaquática do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e

Arqueológico (Igespar). "Todos os dias estamos a encontrar coisas

novas - moedas, âncoras de ferro, pedaços de canhão, espadas,

astrolábios e instrumentos de navegação da época -, até já perdemos a

conta" ao tesouro já recuperado do navio, afirma (ver caixa). Mas é um

trabalho difícil, já que o navio está "ensanduichado" entre a

rocha-mãe e uma "camada extremamente dura" resultante de produtos de

corrosão e oxidação misturados com pedras e algas, explica o

arqueólogo. Por outro lado, há pedaços da nau dispersas numa grande

área em redor.



Vitória sobre os piratas

Ao PÚBLICO, o arqueólogo sublinha que, após a escavação que dirigiu da

Nau da Pimenta, em S. Julião da Barra, em 1998, este é apenas "o

segundo navio do mesmo tipo à escala mundial" que está a ser

recuperado por uma equipa de especialistas de várias nacionalidades.

Uma vitória para os arqueólogos na muito acesa lutra contra os

caçadores de tesouros, de cujas mãos o tesouro do navio está agora

praticamente a salvo. "A Namíbia tem dado provas de boas práticas" a

nível da preservação de achados arqueológicos, sublinha Francisco

Alves, um dos dois especialistas portugueses nesta missão (o outro é

Miguel Aleluia).

Apesar de a Namíbia ainda não ter ratificado a convenção da UNESCO que

protege o património arqueológico e estipula a partilha do achado,

Francisco Alves considera que "estão reunidas condições de

cordialidade" de forma a assegurar o interesse comum dos dois países

no património, tendo em conta a cooperação rara que tem havido entre o

país do achado e o país de bandeira do navio. No entanto, a verdade é

que, à luz da lei da Namíbia (idêntica à portuguesa), todo o

património encontrado nas suas águas territoriais é sua propriedade.

O levantamento de objectos, até agora, tem sido feito por

especialistas portugueses, namibianos e zimbabueanos graças a um

financiamento da Namdeb. Mas, segundo Peingeondjabi Shipoh,

responsável pelo projecto no Ministério da Cultura namibiano, citado

pela AFP, "manter o muro artificial de areia, que sustém as correntes

fortes do Atlântico e permite aos especialistas fazer o seu trabalho

custa 100 mil dólares namibianos por dia [1700 euros]", e essa despesa

apenas está assegurada por mais 12 dias.

As escavações estão a decorrer numa espécie de ilha ao contrário: uma

área de 60 por 30 metros situada a seis ou sete metros abaixo do nível

do mar, mas que se encontra a céu aberto graças aos muros. "A partir

de 10 de Outubro não vamos manter mais estes muros e os restos do

navio vão voltar a ser entregues aos elementos, ainda que eu tenha a

certeza que há ainda coisas por descobrir", diz Shipoh.



Um tesouro de 70 milhões em peças de valor inestimável

Uma autêntica arca do tesouro. Logo em Abril, quando foi anunciada a

descoberta na exploração diamantífera de Oranjemund, Namíbia, se soube

que a nau quinhentista transportava uma quantidade incalculável de

ouro, prata, cobre e marfim, além de objectos de valor histórico e

cultural inestimável como astrolábios e instrumentos de navegação da

época.

A caravela, que inicialmente se pensou poder ser a do explorador

Bartolomeu Dias, o primeiro a dobrar o Cabo da Boa Esperança, foi

encontrada por trabalhadores da De Beers. Estes estranharam a presença

de estruturas em madeira e grandes pedras redondas que posteriormente

se concluiu tratar-se de canhões de bronze. Entretanto foram

encontradas mais de 2300 moedas em ouro do século XVI, muitas em

prata, 13 toneladas de lingotes de cobre, dezenas de presas de

elefante e cerca de 600 quilos de objectos como instrumentos de

navegação e espadas. Uma descoberta cujo valor de mercado poderá

ascender aos 70 milhões de euros mas cujo valor cultural é

"inestimável", segundo Francisco Alves, que viajou para a Namíbia a

convite do consulado português na África do Sul e numa missão

coordenada entre o Igespar e o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Francisco Alves traça o perfil de uma descoberta que define como

verdadeiramente extraordinária: "Este navio é o mais bem preservado da

sua época fora de Portugal e há tantas moedas em ouro que talvez seja

mesmo a mais importante descoberta africana à excepção do Egipto".

Em termos históricos, os arqueólogos ainda não têm a certeza sobre o

tipo de navio em causa, pois "parece ser de uma tonelagem bem maior do

que uma caravela". "Nos próximos tempos este achado vai tornar mais

legíveis outros anteriores", frisa Francisco Alves ao PÚBLICO.

Fonte: Leonete Botelho (29 Set 2008). Público.

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por noticiasdearqueologia às 21:57


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