Com efeito, após efectuar uma entrega em 1999 (partilha das Cerâmicas do Naufrágio do Espadarte 1558) de artefactos constituídos por 766 objectos e fragmentos de porcelana Chinesa “Dinastia Ming - século XVI”, avaliadas em cerca de 149.109,50 Euros, o consórcio procedeu no passado dia 18 de Agosto corrente, a entrega de 14 moedas de Ouro consideradas património inalienável avaliadas em cerca de 35.570,00 Euros, recuperados das naus Nossa Senhora Madre Deus e S. José (1802 e 1721); 443,616 Gramas de ouro avaliado em aproximadamente 14.259,10 Euros recuperadas do Naufrágio S. José datado de 1622; e 600 moedas de prata recuperadas do naufrágio da nau São José datado de 1622 e avaliadas em cerca de 120.000,00 Euros.
Todos estes artefactos estão desde esta segunda-feira, expostos em permanência no Museu da Marinha na Ilha de Moçambique, numa exposição oficialmente inaugurada pelo ministro da Educação e Cultura, Aires Ali, por ocasião da comemoração, na Ilha de Moçambique, do dia 23 de Agosto, Dia Internacional da abolição da escravatura.
Estão expostos no Museu da Marinha os mais valiosos artefactos, considerados Património Inalienável do Estado, recuperados pelo projecto Património / Arqueonautas dos naufrágios das naus “Espadarte” (1558, Nossa Senhora da Consolação (1608) e San José (1622).
Estes naufrágios quando foram localizados pelo projecto estavam já bastante pilhados, tendo sido recuperados os bens culturais que por se encontrarem protegidos por lastros diversos escaparam ao roubo dos caçadores de tesouros. Infelizmente as naus San Bento (1642), Nossa Senhora de Guia (1721), Bredenhof (1753), encontradas e identificadas pelo projecto, estavam já completamente pilhadas não tendo sido possível recuperar qualquer bem cultural. Na realidade das 37 naus naufragadas e identificadas até a data, todas foram bastante pilhadas e os sítios arqueológicos bastante destruídos. Os artefactos recuperados até hoje estiveram de alguma forma fora do alcance dos “caçadores de tesouros”.
De referir que o Museu da Ilha de Moçambique ficou fechado ao público há alguns anos, para obras de reabilitação, requalificação e enriquecimento do seu acervo.
De referir que a Ilha de Moçambique acolheu domingo último, as cerimónias centrais de comemoração do dia 23 de Agosto - Dia Internacional da Abolição da Escravatura, efeméride proclamada pela UNESCO em 1997.
A data foi institucionalizada na sequência do reconhecimento internacional sobre os impactos do tráfico de escravos em África, e da necessidade de promover a reflexão e estudo sobre este facto e sobretudo, pelo imperativo de se criar e implementar uma abordagem positiva dos impactos da escravatura, como fenómeno que propiciou a aproximação de culturas, pessoas, o que constitui pressupostos para a maior solidariedade e cooperação entre os povos para o desenvolvimento social e económico.