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A Câmara Municipal da Guarda está a realizar escavações na Estação Arqueológica do Mileu, sob a coordenação geral do arqueólogo municipal Victor Pereira, com a participação de 9 alunos das Universidades de Coimbra e do Porto, dois trabalhadores da autarquia e um técnico de conservação e restauro.
Os trabalhos decorrem em três fases distintas e visam “conhecer o sítio na sua dimensão cronológica e funcional”, como explicou Victor Pereira ao Jornal A Guarda. A primeira fase da campanha de escavações decorreu entre 17 e 28 de Junho; a segunda vai de 1 a 26 de Julho e a terceira, mais vocacionada para o restauro das estruturas postas a descoberto, irá realizar-se no mês de Setembro.
A campanha de investigação em curso dá continuidade aos trabalhos dos anos anteriores “para se tentar perceber a importância do sítio nos diversos contextos, tentar perceber a funcionalidade do local ao longo dos tempos”, disse o arqueólogo que coordena os trabalhos em colaboração com Ana Ascensão. “Para o período do século I-II d. C. temos a noção que o sítio tem uma grande importância a nível regional, pois a dimensão do conjunto termal é muito grande para a região. Alguns autores reconhecem que poderá ter sido um núcleo urbano da Beira Interior, daí a importância do sítio e das escavações”, disse. “Perceber o que aconteceu no século III e IV d.C. em que as termas parecem ter sido abandonadas e onde se regista a ocupação de uma pequena área. Só agora, com o avanço dos trabalhos e com todo o tratamento de materiais é que poderão ser tiradas conclusões mais precisas”, acrescentou. Victor Pereira indicou que foram abertas sondagens “para tentar perceber mais questões relacionadas com a arquitectura do próprio edifício termal, como o funcionamento das condutas e da zona do caldário, as ligações de águas e os muros”. Outro dos propósitos é “tentar perceber a continuidade de estruturas para a zona Nascente e a sua evolução ao longo dos tempos”. “Na zona Nascente, nos anos anteriores detectámos uma área ocupada no século III e IV d.C. e também algumas estruturas do Período Medieval, século XII – XIII, possivelmente associadas à construção da Capela do Mileu. Estamos também a tentar perceber se há mais estruturas para Norte, para as proximidades da Capela e estamos a encontrar bastantes materiais do Período Medieval”, contou o arqueólogo. Até ao momento, na Estação Arqueológica do Mileu, descoberta em 1953 durante os trabalhos de construção da estrada de ligação entre a Guarda e a Guarda-Gare, foram encontrados materiais “muito semelhantes aos anteriores: no século I-II d.C. temos muitos materiais associados à ocupação (terra sigillata, lucernas, cerâmica cinzenta fina e comum) e estão a aparecer materiais de construção romanos”.
A arqueóloga Ana Ascensão, aluna de mestrado em “Arqueologia e Território” da Universidade de Coimbra, que está pela primeira vez a realizar escavações no Mileu, disse ao Jornal A Guarda que o local “é um sítio muito interessante”. “Já conhecia o sítio arqueológico, mas não tinha ideia da parte Medieval. Foi muito bom saber que havia níveis arqueológicos da época Medieval. É bom termos sítios onde consigamos apanhar essa longa diacronia, temos níveis de várias épocas. Só a nível romano o sítio será o melhor da zona, tanto a nível de materiais como de estruturas”, disse a arqueóloga, natural de Rapa, Celorico da Beira, que está a desenvolver uma tese de mestrado sobre a análise global do território para se perceber a sua ocupação.
Rita Vaz, de 22 anos, aluna do primeiro ano de mestrado em arqueologia da Universidade de Coimbra, disse que as escavações no Mileu “estão a correr muito bem”. Sobre a presença no campo de trabalho, referiu: “Acabamos por ganhar currículo. Se estamos a tirar um curso de arqueologia não conseguiremos ir para o mercado de trabalho se não tivermos prática”.
João Fernandes, 21 anos, aluno do 2.º ano de Arqueologia da Universidade do Porto, também pela primeira vez na Guarda, disse que a escavação na Estação Arqueológica do Mileu “está a ser uma experiência enriquecedora”.
Fonta: (11-07-2013): Jornal A Guarda: http://www.jornalaguarda.com/index.asp?idEdicao=511&id=29212&idSeccao=7369&Action=noticia
A arqueóloga Alcina Cameijo defendeu, recentemente, uma tese de Mestrado, na Faculdade de Letras de Coimbra, onde propõe a musealização da estação arqueológica do Mileu, na Guarda, e a criação de um Centro de Interpretação alusivo ao Mundo Romano.
“Dar Voz às Pedras: a Musealização do Conjunto Patrimonial do Mileu” foi o tema defendido, com êxito, pela arqueóloga, natural de Rapoula do Côa, Sabugal, no âmbito do Mestrado em Museologia e Património Cultural.
Alcina Cameijo explicou ao Jornal A Guarda que no trabalho apresentado “quis delinear uma estratégia concertada que visasse não só a preservação no tempo das ruínas, mas também a sua valorização e musealização”. “Neste sentido, o meu objectivo foi fazer a conjugação entre a conservação e o respeito pelo sítio arqueológico, por um lado, e a sua apresentação de forma atractiva, mas rigorosa e fundamentada para o seu uso social, por outro”, disse.
Recordou que a estação arqueológica do Mileu é conhecida desde os anos 50 do século XX e tem sido alvo de discussão desde a sua identificação a três níveis: no campo da conservação, do debate científico e da valorização.
Com o objectivo de valorizar o sítio, a arqueóloga apontou a criação de um Centro de Interpretação “que abarcasse não apenas o sítio arqueológico, mas antes uma temática mais abrangente, da qual a estação arqueológica era representativa, o Mundo Romano”. “Assim, e com base nas estruturas e materiais arqueológicos, propusemo-nos criar um discurso museológico novo e didáctico que, para além de ajudar a compreender o passado e a história do sitio arqueológico, servisse para sensibilizar sobre a necessidade de preservar e proteger os frágeis e não renováveis vestígios arqueológicos, mas também um local atractivo que permitisse o divertimento e a fruição do público”, explicou.
O projecto de valorização e interpretação que propõe para o local contempla dois aspectos: a musealização ao ar livre de parte das estruturas e a construção de um Centro de Interpretação que “será instalado num edifício novo criado de raiz e será designado de Centro de Interpretação do Mundo Romano (CIMR)”.
Notícia completa in: (26 Nov 2009). Jornal A Guarda: http://www.jornalaguarda.com/index.asp?i
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