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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
A sepultura de Bartolomeu Perestrelo, primeiro donatário de Porto Santo e sogro de Cristóvão Colombo, poderá estar em vias de ser descoberta em Aljezur.
As sondagens arqueológicas que têm estado a ser feitas desde finais de Maio no cemitério velho desta vila, situado perto do castelo, têm permitido encontrar estruturas relacionadas com a primitiva Igreja de Santa Maria d’Alva, a antiga matriz de Aljezur, construída após a reconquista cristã.
Dentro da igreja e à sua volta eram feitos os enterramentos, como era costume da época. A igreja ruiu com o terramoto de 1755 e o espaço foi aproveitado como cemitério da vila até ao século XIX.
José Marreiros, presidente da Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur, contou ao «barlavento» que Bartolomeu Perestrelo, antes de morrer, por volta de 1458, «pediu para ser sepultado em Aljezur», mas actualmente não há já vestígios de tal sepultura.
«Já fizemos uma pesquisa documental no Arquivo Histórico do Funchal para saber mais», revelou aquele entusiasta da arqueologia da vila algarvia.
«Se a sepultura de Bartolomeu Perestrelo tivesse sido preservada e a conseguíssemos encontrar com estes trabalhos arqueológicos, seria ouro sobre azul!», exclamou.
Vestígios da antiga igreja matriz
Que as sondagens e trabalhos de arqueologia conseguiram já descobrir estruturas relacionadas com a antiga igreja destruída pelo terramoto de 1755 parece não haver dúvidas. Uma das peças recuperadas foi um fragmento de um Cristo crucificado, em terracota, que se presume poder ter pertencido ao primitivo templo.
Foram ainda descobertos restos do pavimento da igreja, tijoleiras rectangulares que foram sendo levantadas à medida que o solo era usado para as sepulturas feitas já depois da ruína do edifício.
Foi também identificada uma parede lateral, integrando uma porta entaipada. Esta parede foi depois usada nos muros de delimitação desse antigo cemitério.
Mas outros dados curiosos surgiram destes trabalhos: nos níveis mais antigos, do século XVI, «não foram encontrados muitos esqueletos de jovens, mas sobretudo alguns bebés e até fetos e depois adultos e pessoas mais velhas».
Isso, segundo José Marreiros, indica que, naqueles tempos, quem conseguisse sobreviver às doenças da primeira infância, chegava com alguma segurança a uma idade mais avançada, isto quando a esperança de vida era bem mais baixa que nos tempos actuais.
Outro dado interessante é o facto de terem sido detectados enterramentos em camadas sucessivas, o que parece indicar que haveria falta de espaço para as inumações no solo considerado sagrado.
Raros eram os mortos enterrados com um caixão
Também se verificou que eram raros os mortos enterrados em esquife – caixão de madeira -, um sistema reservado certamente aos aljezurenses mais endinheirados.
Dos raros enterramentos deste tipo, foram recuperadas madeiras, fragmentos de tecidos de revestimento, pegas em ferro e bronze e mesmo peças de vestuário, entre as quais se destacam fivelas e calçado em couro com ilhozes em bronze.
O espaço da antiga igreja continuou a ser utilizado como cemitério até ao século XIX. Desta época mais recente, destacam-se as inumações de crianças, que apresentaram um espólio muito interessante, já que eram enterradas com um «ramo» em fio de cobre, com flores e folhas, em azul e verde, colocado sobre o torso ou à volta da cabeça.
Destes trabalhos ainda preliminares integrados na primeira campanha de valorização arqueológica do cemitério velho de Aljezur, resultou muito espólio material, nomeadamente contas, anéis, botões em vidro, metal e madrepérola, alfinetes e trinta moedas, sobretudo dinheiros da primeira dinastia e ceitis cunhados entre meados do século XV e o final do reinado de D. Manuel I.
Foram também recuperados elementos construtivos pertencentes às arcarias da Igreja e identificados outros, reaproveitados nos muros do cemitério, com especial destaque para uma estela em forma de disco decorada com quadrifólio rebaixado, de extremidades rectas e estrela de oito pontas.
«Todos estes trabalhos foram acompanhados por uma antropóloga, como tem que acontecer quando se escava numa zona de cemitério».
Mais do que o espólio material, aliás muito interessante, esta intervenção e a investigação posterior vai permitir «descobrir mais sobre a vivência destes aljezurense de há séculos, sobre a sua alimentação e as doenças de que padeciam», salientou José Marreiros.
Os trabalhos resultaram da articulação entre a Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur, a Arqueonova – Associação de Arqueologia e Defesa do Património e a Câmara Municipal de Aljezur, que suportou os encargos financeiros.
Fonte: Rodrigues, Elisabete (18 Julho 2008). Barlavento. on line: http://www.barlavento.online.pt/index.ph
"Primeiras formas de pão de açúcar cuja cronologia poderá remontar ao século XV"
Uma equipa de arqueólogos madeirenses, que incluiu Élvio Sousa, realizou no passado mês de Junho uma importante descoberta arqueológica na cidade da Ribeira Grande, na Ilha de São Miguel, Açores.
De acordo com o Centro de Estudos de Arqueologia Moderna (CEAM), as investigações efectuadas no EX-Mosteiro de Jesus da Ribeira Grande permitiram identificar, pela primeira vez nos Açores, as primeiras formas de pão de açúcar cuja cronologia poderá remontar ao século XV. Trata-se, segundo o CEAM, de uma descoberta «extremamente relevante para a História dos Açores, uma vez que se descobrem os primeiros indícios materiais do fabrico do açúcar em São Miguel, informação que até então era conhecida apenas por documentos escritos».
Esta investigação, integrada num projecto de estágio, "A Cerâmica da Expansão Portuguesa", financiado pelo Programa Operacional de Valorização de Potencial Humano e Coesão Social da RAM - Eixo I, Educação e Formação (CITMA), contou com as participações de Mário Moura, responsável pelas escavações na Ribeira Grande, Pedro Gomes Barbosa, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e orientador do estágio, e Lígia Gonçalves, técnica de conservação e restauro. "
Fonte: (11 Jul 2008). Jornal da Madeira.
Um poço, que os arqueólogos do Instituto de Gestão do Património
Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) acreditam ser do século XVI,
foi descoberto e imediatamente entulhado durante os trabalhos de
fundação de uma obra particular na Lourinhã.
"Seria um poço da Idade Moderna, portanto do século XV ou XVI",
confirmou a arqueóloga Sandra Lourenço, do Igespar, cujos serviços
jurídicos estão a analisar o caso e a ponderar mover uma acção
judicial contra o dono da obra para "apuramento de responsabilidades".
Isabel e Horácio Mateus, colaboradores do Museu da Lourinhã,
aperceberam-se da importância arqueológica do poço. "Tinha uma
estrutura bastante grande e uma cobertura em ogiva, com tijolo de
burro e várias bocas de fornecimento de água e achámos que tinha
interesse", explicou Isabel Mateus.
Perante o avanço da obra e a "falta de sensibilidade" do empreiteiro
para os vestígios arqueológicos, o Museu da Lourinhã denunciou o caso
ao Igespar, cujos técnicos estiveram no local, mas já só encontraram a
cobertura do poço destruída e este entulhado de betão. O arqueólogo
Mário Varela Gomes, da Universidade Nova de Lisboa, considera também
estar-se perante "uma estrutura do século XVI ou XVII devido à
tipologia da própria construção", muito comum na Estremadura, dada a
influência islâmica, a partir de fotografias tiradas antes da
destruição dos vestígios. O empreiteiro, Armando Matias, recusou-se a
prestar declarações e apenas disse à Lusa que a construção está
licenciada.
A destruição de bens do património cultural é punível com prisão até
três anos ou multa de até 360 dias.
Fonte: (07 Jul 2008): Público.
Copos, panelas e púcaros em cerâmica são apenas algumas das peças que estarão em exposição, a partir de sexta-feira, dia 1, e até 1 de Abril, no Museu Municipal de Arqueologia de Silves.
A mostra, denominada «Cerâmicas dos Séculos XV – XVI no Museu», apresenta peças que retratam precisamente a parte prática da produção de cerâmica.
Estas peças deixam muitas vezes de ser simples objectos de barro cozido, para se tornarem em objectos de demonstração de riqueza e cultura, como se pode observar nas majólicas e porcelanas, que chegavam à cidade de Silves pelas rotas das Descobertas e do comércio ao longo do século XV e XVI.
Esta exposição exibe o mais importante espólio cerâmico proveniente da área urbana de Silves.
Tal espólio divide-se em dois tipos, em relação aos locais de produção e origem geográfica: as produções locais e regionais e as produções extra-fronteiras (importadas), como são os casos dos fragmentos de porcelanas chinesas, descobertas em inúmeras campanhas de escavações arqueológicas.
30 de Janeiro de 2008 | 14:34
Fonte: Dionísio, Mara (29 Jan 2008). O Barlavento on line: http://www.barlavento.online.pt/index.ph
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