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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
No passado mês de Março, realizou-se a transferência para Ourique do espólio arqueológico do Depósito Votivo da II Idade do Ferro, de Garvão, que se encontrava no Museu Monográfico de Conímbriga desde o início da passada década de 90.
Este regresso ao território de origem de um espólio arqueológico, cuja importância os especialistas têm repetidamente referido, resulta do empenhamento do Dr. Pedro do Carmo, Presidente do Município de Ourique, que, para isso, obteve o apoio da Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCALEN) e se propôs assegurar a criação das condições técnicas requeridas para a conservação e estudo dos materiais em causa.
Foi, portanto, criado o Centro de Arqueologia que, como justa homenagem, recebe o nome do director da escavação do depósito votivo, Caetano de Mello Beirão (CACMB), e se situa na Rua Gago Coutinho, nº 31, em Ourique.
O CACMB tem a direcção técnica da DRCALEN e desenvolve trabalho em parceria, para já, com o Centro HERCULES da Universidade de Évora, o CEAUCP (da Universidade de Coimbra) e o Departamento de Arte, Conservação e Restauro do Instituto Politécnico de Tomar.
Foram encontradas na década de Oitenta, em Garvão, e hoje ainda não é possível ter a noção da quantidade de peças que estão nos cerca de 700 caixotes de achados arqueológicos da segunda idade do Ferro. Mas, 20 anos depois, esses “pedaços” de história estão de regresso ao concelho de Ourique.
As peças do depósito votivo de Garvão têm na sua maioria entre 2.400 e 4.000 anos. A grande quantidade de materiais encontrados durante os trabalhos arqueológicos realizados pelo Serviço Regional de arqueologia da Zona Sul (SRAZS), nos anos 80, sob a direcção de Caetano de Mello Beirão, levantou na altura a questão do seu armazenamento, tratamento e estudo. Foi então que a Universidade de Évora cedeu instalações para a arrumação dos materiais que, nos anos 90, acabaram por ser transferidos para Conímbriga, a título de depósito provisório. Mas foi aí que ficaram durante 17 anos!
Agora, os artefactos, que estão distribuídos por cerca de 700 caixotes e em condições desfavoráveis, regressam ao concelho depois de muita pressão por parte da Câmara Municipal de Ourique. Pedro do Carmo, presidente do Município, revela que foi “muito difícil conseguir trazer de volta este espólio imenso”, mas diz estar “orgulhoso, porque este é um passo que representa um virar de página e uma mudança radical no respeito pelo património e identidade local”.
De acordo com a autarquia, estão reunidas as condições necessárias para armazenar, estudar, inventariar e catalogar estas peças, para que possam ser expostas mais tarde. O autarca acrescenta que, para esse efeito, “já está constituída” uma equipa que integra representantes do Centro de Estudos Arqueológicos das universidades de Coimbra e Porto, do Centro de Química e do Centro de Geofísica da Universidade de Évora, do Instituto Politécnico de Tomar e uma conservadora/restauradora com larga experiência em materiais arqueológicos.
Neste momento, está a ser também elaborada, em conjunto com estas entidades, uma candidatura no âmbito do projecto “Redescobrir Garvão”, para que seja criada uma estrutura de reserva de materiais arqueológicos da zona, com uma equipa especializada.
De referir ainda que muitas peças encontradas nos trabalhos arqueológicos realizados em Garvão estão agora expostas no Museu Nacional de arqueologia. Pedro do Carmo frisa que para além de outros sectores onde a autarquia tem centrado atenções, “há também uma aposta no património arqueológico do concelho que poderá constituir ainda um ponto de atracção a milhares de turistas”.
Durante os próximos meses, vários técnicos vão proceder aos trabalhos de estudo, análise e catalogação das peças que, posteriormente, serão expostas no concelho. Em fase de análise está também a possibilidade de ser criado, em Garvão, um local para a exposição deste importante património.
Fonte: (
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