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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
“Em 2010 precisamos de uma equipa estável”
Santa Clara-a-Velha chegou a receber mais de 900 visitantes num dia e a perspectiva é de aumento.
A visitante número 40 mil do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha veio de Lisboa. De visita a Coimbra, instalada na Quinta das Lágrimas, Silvina Pereira não quis perder a oportunidade de ver de perto o mosteiro que já há anos observara degradado e imerso nas águas. Estava no entanto longe de imaginar que iria ser recebida, entre aplausos, pelo coordenador, Artur Côrte-Real, e por toda a equipa do museu, num acontecimento com direito a cobertura jornalística. «É uma alegria para nós ver que o nosso património está a ser recuperado como deve ser e que o nosso dinheiro é bem aplicado, e não só em auto-estradas e TGV. É uma recuperação espantosa, estou admirada», declarou, à entrada do centro interpretativo e já com uma vista plena do jardim e do monumento medieval.
Assinalar o êxito do projecto de Santa Clara-a-Velha e divulgar as perspectivas para 2010 foram os objectivos da iniciativa de ontem, onde não faltaram alguns reparos à carência de recursos humanos. Desde a sua abertura, em final de Abril, depois de 14 anos de intervenção, o espaço recebeu 40 mil visitas e a previsão de Artur Côrte-Real é de um crescimento exponencial em 2010, fruto de uma aposta de divulgação em feiras de turismo e junto de operadores brasileiros e espanhóis.
«No Verão tivemos uma média de 400 visitas por dia e em alguns sábados chegámos às 900», revelou o coordenador do projecto, considerando que a tarefa de gerir pessoal se torna cada vez mais difícil.
Com uma equipa de 16 a 18 elementos, oito dos quais são técnicos da Direcção Regional de Cultura do Centro, Santa Clara-a-Velha funciona, essencialmente, com recurso a inscritos no centro de emprego, que são depois enquadrados pelo Programa Ocupacional. Acontece que, como reparou Artur Côrte-Real, os profissionais das várias áreas que ali estão meses a ser formados, «dando o seu melhor e empenhando-se na organização do museu», podem acabar por ir embora quando estão finalmente integrados. «Mais do que uma grande equipa, em 2010 vamos precisar de uma equipa estável», sublinha, admitindo que um grupo de 20 e poucas pessoas seria o ideal.
Espaço já se auto-sustenta
De acordo com o coordenador do projecto, a Direcção Regional de Cultura - «que “herdou” o sítio de Santa Clara-a-Velha» - já apresentou ao Ministério da Cultura uma proposta de quadro de pessoal e vai desenvolver esforços para sensibilizar a nova equipa ministerial, que integra como secretário de Estado o antigo presidente do IGESPAR, bastante conhecedor do projecto.
«É fundamental que haja um reconhecimento das potencialidades deste espaço de nível internacional, uma valência social e cultural de relevo e também uma fonte de recursos financeiros, sublinhou Artur Côrte-Real, adiantando que Santa Clara-a-Velha é já auto-sustentável.
Melhorar as condições de visita, definir uma estratégia de programação (criando uma sintonia com o Festival das Artes), desenvolver espaços pedagógicos e ateliers temáticos, numa ligação à cidade, são, no entender do responsável, alguns dos desafios para o próximo ano. «Coimbra tem, pela primeira vez, um espaço onde as pessoas podem passar grande parte do dia, almoçar ou lanchar. Além da singularidade do sítio e do monumento em si, encontram contemporaneidade no ambiente, tempo e disponibilidade das pessoas que aqui trabalham», concluiu.
Uma horta monástica e
outros projectos pedagógicos
O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha pretende desenvolver, com a Escola Superior de Educação, um projecto de Horta Monástica, e está a estudar a criação de um conjunto de ateliers temáticos, no âmbito da arqueologia, da tecnologia dos materiais, da gastronomia, do desenvolvimento das plantas, etc. «Podemos lançar a figura de um arqueólogo que, no âmbito do teatro, dinamize as visitas de crianças, recriando algumas situações», desvendou.
Numa ligação entre a história, a arqueologia e a contemporaneidade, estes projectos resultam mais da criatividade e das parcerias e dinâmicas que se hão-de criar do que de meios financeiros, reflectiu Artur Côrte-Real. O responsável espera vir a implementar algumas actividades já a partir de Fevereiro, com o especial objectivo de atrair crianças e jovens, mas coloca-as ainda num campo do serviço ocupacional. «O serviço educativo terá outras exigências», sustentou.
Fonte: Andrea Trindade (1 Jan 2010). Diário de Coimbra: http://www.diariocoimbra.pt/index.php?op
Achados do Convento de S. Domingos foram descobertos há um ano no centro de Coimbra mas instituto defende que não têm condições para ser preservados. Especialistas contestam
Foi um dos primeiros grandes conventos da Ordem Dominicana em Portugal mas a sua localização exacta na cidade de Coimbra só foi confirmada há cerca de um ano, com o início da construção de um estacionamento subterrâneo. A obra, que pôs a descoberto os primeiros vestígios do antigo Convento de S. Domingos, datado do séc. XIII, teve que parar mas agora, depois de vários meses de escavações arqueológicas, o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) decidiu que os achados não têm condições para ser preservados e deu luz verde ao desmantelamento. A decisão é, porém, questionada por professores universitários e investigadores.
O valor da descoberta arqueológica é reconhecido pelo próprio Igespar, não só por causa da relevância patrimonial dos vestígios mas também pelo que podem dizer sobre a história da cidade no período medieval. O problema, sustenta o subdirector do Igespar, João Cunha Ribeiro, são as "condições e o contexto" em que os vestígios se encontram: a "oito metros de profundidade", "abaixo do nível freático do rio Mondego" e numa zona central da cidade com "diversos edifícios já construídos".
"Chegou-se a um ponto em que não era possível continuar. Uma intervenção de preservação daqueles vestígios seria despropositada pelos riscos e custos que implicaria. E, portanto, face a estas condições, entendemos que era necessário tomar uma decisão. Deu-se autorização para a obra continuar", afirma o responsável pela área de arqueologia do Igespar.
Medidas "insuficientes"
Por ordem deste instituto, os vestígios arqueológicos serão alvo de um registo científico antes de serem desmantelados e várias amostras dos sedimentos que envolvem os achados vão ser preservadas para análises laboratoriais. Medidas "insuficientes", na opinião de Maria de Lurdes Craveiro, professora do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (UC), que defende que "uma parte da cidade e da sua história vai-se perder por causa de um parque de estacionamento".
"Lamento profundamente esta decisão. Estes achados são importantes não apenas por que se trata de um convento medieval mas pelo facto de contarem uma parte importante da história de Coimbra", diz.
Maria Conceição Lopes, docente no Instituto de Arqueologia da UC, reconhece que a escavação arqueológica exigiria "meios logísticos e financeiros muito grandes" que precisam de ser "bem avaliados", mas sustenta que o "debate prévio" que deveria existir é se a cidade precisa de "mais um parque de estacionamento numa zona em que já existem vários". Devido à "importância dos achados", João Cunha Ribeiro revela que, no decorrer do processo, foi avaliada a possibilidade de os vestígios serem classificados, uma hipótese que não mereceu concordância da Direcção Regional de Cultura do Centro e que o próprio Igespar considerou "despropositada" pelos riscos e custos que implicaria.
Contudo, defende Walter Rossa, docente no departamento de arquitectura da UC, a classificação dos vestígios "não era a única opção possível". Para este arquitecto, com uma tese de doutoramento sobre a evolução do espaço urbano de Coimbra, "valia a pena parar a obra durante mais tempo" para que os achados fossem "verdadeiramente estudados". Porém, para João Cunha Ribeiro, "não seria possível continuar a exploração arqueológica sem provocar impactos extraordinários na zona envolvente". "Provavelmente seria necessário abrir uma cratera no centro da cidade e demolir edifícios para pôr a descoberto estruturas como o claustro ou a igreja. Seria do domínio do absurdo."
Um grande convento que foi invadido pelo Mondego
Situado debaixo da Avenida Fernão Magalhães e dos edifícios ali construídos nos sécs. XIX e XX, o estado de conservação do Convento de S. Domingos é uma incógnita. Mas quanto à relevância do conjunto, Saul Gomes, historiador na Universidade de Coimbra, que publicou uma planta do convento datada do séc. XVI, garante que se está perante um "exemplo maior da presença dominicana em Portugal".
"Não só pela sua dimensão física mas também pelo dinamismo cultural. Foi o lugar onde, durante muitos anos, era feita a formação da elite dominicana em Portugal."
Maria de Lurdes Craveiro, docente do Instituto de História da Arte, em Coimbra, já visitou o local e diz que as estruturas visíveis parecem constituir "uma das alas contíguas ao claustro do convento". De acordo com as plantas conhecidas, a igreja estará alguns metros a sul, debaixo de vários edifícios e, porventura, da Avenida Fernão Magalhães. "Mas nada foi ainda identificado com clareza", lamenta.
Devido à proximidade do Mondego e à invasão das águas, o convento foi abandonado no séc. XVI, tendo sido transferido para a Rua da Sofia, também no centro de Coimbra, onde hoje funciona um centro comercial.
S. Domingos não foi o único convento em Coimbra a ser invadido pelas águas do Mondego. Também o Convento de Santa Clara-a-Velha foi resgatado ao rio depois de uma intervenção iniciada em 1994 que durou vários anos e custou 7,5 milhões de euros.
Fonte: André Jegundo (23.02.2009). Público.
Ao longo de 2009 será executado o projecto museológico, com vista à reabertura gradual da totalidade dos espaços expositivos.
A sessão de abertura, na sexta-feira, que contará com a presença da secretária de Estado da Cultura, compreenderá a inauguração da exposição temporária "De forum a museu", que evocará o processo de remodelação do Machado de Castro, e ficará patente até à sua reabertura integral.
Uma exposição de fotografia de crianças que ao longo dos dois anos acompanharam as mutações do museu -- "O Nosso Museu. Olhares Travessos dos Mini-Repórteres" - é outra das atracções, a par da divulgação do novo Website.
Escavações no Museu Nacional de Machado de Castro, sob a coordenação do docente universitário Pedro Carvalho, desvendaram novos dados sobre a Coimbra romana de há 2.000 anos, e pela primeira vez o criptopórtico será exibido em toda a monumentalidade dos dois pisos.
Os visitantes vão poder passear pelas extensas galerias dos dois pisos do criptopórtico romano, que há dois milénios os cidadãos da Aeminium também utilizaram.
Os trabalhos arqueológicos vão permitir também reconstituir virtualmente, e pela primeira vez, o que foi o antigo fórum da época de Cláudio, com dois pisos e uma área de implantação de cerca de 2.800 metros quadrados, edificado para superar o declive da zona onde foi implantado o Fórum de Aeminium, em meados do século I a.C..
"Finalmente o criptopórtico vai ter a projecção que merece, porque é um edifício notável. Esta é sem dúvida uma das mais notáveis obras da arquitectura romana em Portugal que subsistem", declarou à agência Lusa o arqueólogo Pedro Carvalho, coordenador das escavações.
Segundo o especialista, trata-se da obra de um arquitecto, presumivelmente de Caius Sevius Lupus, muito engenhoso na forma de conceber o espaço.
As duas galerias sobrepostas foram implantadas no terreno submetendo-se a um desenho geométrico, com medidas muito certas, articulando formas e volumes, "aliando as principais características da arquitectura romana, de edifícios muito robustos, muito funcionais, e ao mesmo tempo muito belos".
Durante os trabalhos foi ainda descoberta uma fonte monumental que estaria implantada na fachada do Fórum, e seria ladeada por uma praça. Este e outros achados do período claudiano, em resultado do projecto de requalificação do museu, vão estar visíveis a quem circular na rua.
A requalificação do Museu Nacional de Machado de Castro, iniciada em Outubro de 2006, englobou novas edificações em zonas anexas, onde antigamente existiam casas de habitação, que ao longo dos anos foram sendo expropriadas para desenvolver trabalhos arqueológicos e aprofundar o conhecimento do Fórum claudiano e malha urbana envolvente.
O projecto de arquitectura, da autoria de Gonçalo Byrne, além de uma coerência entre o edifício do museu e as novas construções, procurou também articular entre si um conjunto de preexistências arquitectónicas, desde o criptopórtico romano até ao paço episcopal, passando pelos vestígios românicos da igreja de São João de Almedina e do seu claustro.
O novo espaço edificado, que duplicará a área do museu, albergará galerias de exposições, as reservas, uma cafetaria-restaurante panorâmica, com acesso independente, e os serviços administrativos, estes ligados por uma passagem sob uma rua.
Um dos espaços emblemáticos do "novo" museu, além do criptopórtico romano, será a Capela do Tesoureiro, da autoria de João de Ruão (século XVI), que foi trasladada nos anos 60 da antiga igreja de S. Domingos, na Rua da Sofia, onde hoje existe um centro comercial.
Quando reabrir integralmente, o público poderá ainda aceder a um conjunto de recursos baseados em novas tecnologias, para uma compreensão global do espólio do museu e para fomentar a interacção com escolas.
Haverá áudio-guias, para orientar os visitantes nos percursos pelas exposições, a possibilidade de visita virtual e um conjunto de informação em folhetos e publicações para mostrar a dimensão do espólio, que a directora considera ser o segundo a nível nacional.
Para 2011 já está a ser preparada uma programação especial evocativa do centenário da fundação do Museu Nacional de Machado de Castro.
Fonte: FF (22 Jan 2009). RTP: http://www.rtp.pt/noticias/index.php?art
O s vestígios romanos existentes na encosta de Oureça, na freguesia de Eiras, em Coimbra, podem comprometer a execução da segunda fase da variante de Eiras e um projecto de loteamento previsto para o espaço. "Há indícios, que têm de ser aprofundados, da existência de construção arqueológica na zona. Se se confirmar que têm valor, vão condicionar as obras", explica o presidente da Junta de Freguesia de Eiras, José Passeiro.
"A indicação de que, provavelmente, existiu ali civilização romana é do conhecimento público", disse o autarca, que admite ser "tão importante fazer a variante como verificar se há uma situação de interesse para a freguesia, para a cidade e até para o país". José Passeiro espera só que "não se demore anos a verificar as coisas".
O presidente da Junta considerou urgente a rápida execução de estudos aprofundados "Há que deixar o 'blá blá blá' e ir ao local, com a máxima rapidez, verificar o que existe. Se se confirmar a importância dos vestígios, temos de fazer novos planos", disse. Segundo o autarca, a conclusão da variante permitiria resolver os problemas de trânsito em Casais de Eiras. Mas, "se tivermos ali um espaço importante, não queremos que a obra passe por cima disso", clarificou.
"Os antigos falavam da existência desses vestígios", contou, por seu turno, ao JN, o morador Augusto Mesquita, apontando o local previsto para o loteamento.
Zona esteve "abandonada"
O passado e o presente podem ser facilmente conjugados, defendeu Mário Nunes, historiador, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra e responsável pelo Gabinete de Arqueologia, Arte e História (GAAH). A seu ver, os projectos previstos para a encosta de Oureça são "conciliáveis" com as marcas romanas. Imprescindível é não fazer obras sem acompanhamento arqueológico, considera.
Mário Nunes admite que aquela zona de Eiras esteve "muito abandonada", "nunca" tendo sido objecto de "um estudo completo ". Porém, assegura que o GAAH está, presentemente, "a avaliar o interesse e a qualidade dos vestígios" encontrados. "Vamos dar celeridade ao assunto", concluiu.
Fonte: Carina Fonseca (4 Jan 2008). Jornal de Notícias: http://jn.sapo.pt/2008/01/04/pais/marca_
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«Disso não preciso aqui na freguesia. Há muitos sítios para construir e aquele espaço deve estar de reserva para um projecto de lazer ou desportivo que beneficie toda a cidade e possa atrair pessoas», declarou à agência Lusa o autarca José Simão, eleito pela coligação «Por Coimbra, todos!» (PSD/CDS-PP/PPM).
O Jornal de Notícias (JN) revela hoje que a Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) «investiga denúncias sobre suspeitas de corrupção» na zona de protecção do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, na margem esquerda do rio Mondego, a pedido do Bloco de Esquerda (BE).
O presidente da Junta de Freguesia de Santa Clara mostrou-se hoje contra a ocupação dos terrenos envolventes do mosteiro com edifícios de habitação.
(...)
In: (06 Out 2007). Diário digital. (cont. notícia em: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id
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