Escavações arqueológicas realizadas no interior do castelo de Alfaiates, no concelho do Sabugal, revelaram que o monumento foi construído no local onde existiu um castro lusitano, disse hoje à Lusa o arqueólogo responsável pelos trabalhos.
Segundo Marcos Osório, coordenador do Gabinete de Arqueologia do Município do Sabugal, as intervenções realizadas no âmbito do projeto de implementação de iluminação na fortificação, deram resposta "à questão relativa às origens mais recuadas de Alfaiates, confirmando a existência de um povoado que recua à Idade do Ferro".
O arqueólogo assegurou que foi possível determinar que o castelo "está localizado na zona onde existia o povoado castrejo da Idade do Ferro", tendo sido encontrados "restos da muralha do castro lusitano" daquela época.
"Só não estávamos à espera que [o castro lusitano] se encontrasse exatamente sob o castelo", admitiu, acrescentando que foram detetados níveis de ocupação associados a lareiras e fossas de detritos, ricos em espólio cerâmico e metálico.
Do espólio recuperado nas escavações, realizadas entre abril e outubro, Marcos Osório destacou a cerâmica pintada a duas cores, duas mós manuais circulares, uma agulha em osso para trabalhar o couro, uma conta de colar em pasta vítrea, três fíbulas de bronze dos últimos séculos a.C. (antes de Cristo) e outros artefactos metálicos.
Entre os materiais de cronologia mais recente, apontou um fragmento de cachimbo de cerâmica do século XVII, "uma das primeiras peças deste tipo descobertas na região".
O arqueólogo referiu que os resultados das sondagens arqueológicas confirmaram também "que o castelo é uma construção quinhentista de raiz e não recua à época medieval".
Adiantou que o Gabinete de Arqueologia do Município do Sabugal também efetuou escavações no exterior do castelo de Vilar Maior, entre fevereiro e outubro, sob a orientação do arqueólogo Paulo Pernadas, que revelaram "os alicerces da primitiva barbacã (muro de defesa do fosso das muralhas) manuelina, que rodearia por completo” o atual castelo.
"Esta construção era conhecida de uma gravura datada de 1509, mandada fazer pelo rei D. Manuel, e foi agora finalmente encontrada e confirmada", revelou.
Foram também encontrados "vários vestígios materiais dos primeiros habitantes do local, datados da Idade do Bronze", bem como “quatro sepulturas escavadas parcialmente na rocha, no próprio largo defronte do castelo, que devem recuar a períodos anteriores ou contemporâneos da construção da fortificação", acrescentou.
Segundo Marcos Osório, de entre os materiais encontrados serão posteriormente selecionados os melhores para enriquecerem o espólio de alguns dos períodos históricos presentes no Museu do Sabugal.
Fonte: (10 Nov 2011). Agência Lusa. http://noticias.sapo.pt/infolocal/artigo/1199945
Projecto custaria entre 400 e 500 mil euros. Ideia é escavar e tornar visitáveis os achados, criando ainda um parque de lazer.
A Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM) e a paróquia de Esporões querem que o Estado se envolva no projecto de recuperação da Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças, em Braga. A ideia é reabilitar uma extensa área classificada desde os anos 50 onde existem vestígios que remontam à Idade do Bronze.
Os arqueólogos da UM desenvolveram, ao longo do último ano, um plano de recuperação do sítio arqueológico que pretende tornar o local visitável. "O objectivo é valorizar a importância histórica e cultural do sítio", explica Luís Fontes, coordenador do estudo. Aquele responsável antecipa, no entanto, um longo caminho até à concretização do projecto. "É necessário um esforço de mobilização de diversas entidades, a começar pelo Estado", alerta. "Sem esse apoio, torna-se impossível concretizar um projecto que não é apenas interessante para a paróquia, mas para a cidade e o país", acrescenta o pároco de Esporões, João Torres.
Segundo as estimativas orçamentais feitas pela UAUM, o projecto global para recuperação do monte de Santa Marta custaria entre 400 e 500 mil euros. O estudo já foi apresentado ao Ministério da Cultura, através da Direcção Regional de Cultura do Norte, que o classificou como "interessante" e "adequado" ao sítio. No entanto, os primeiros contactos permitiram antecipar dificuldades para encontrar o financiamento necessário junto da tutela.
Igreja e universidade estão, por isso, concentradas na tentativa de sensibilização do Ministério da Cultura para a importância do local onde estão identificados, entre outros achados, os alicerces de uma basílica paleocristã e de um palácio que alguns investigadores acreditam ter sido uma residência dos reis suevos.
Outro dos parceiros necessários à recuperação do monte de Santa Marta é a Câmara de Braga, que já demonstrou interesse em associar-se à iniciativa, admitindo vir a apresentar uma candidatura a fundos comunitários que permitam financiar a obra. A paróquia de Esporões já entrou também em conversações com os proprietários de alguns dos terrenos, encontrando receptividade para cedências de algumas parcelas.
O eixo fundamental do projecto passa pela valorização do património existente. Uma vasta área, desde o Hotel da Falperra à Capela de Santa Marta, tem classificação de interesse público desde os anos 50, mas o espólio arqueológico identificado permanece debaixo de terra. A UAUM propõe que se realizem escavações em diversos pontos do monte de Santa Marta. Estes locais devem depois tornar-se visitáveis. No local, a universidade entende que deve ser criado um centro interpretativo que dê a conhecer aos visitantes as várias ocupações que o monte teve ao longo de vários séculos.
As escavações realizadas ao longo das últimas décadas permitiram descobrir vestígios de muralhas suevas e de um castro da proto-história. As últimas sondagens feitas no local demonstram, aliás, que a ocupação do monte remonta à Idade do Bronze final, entre os séculos XI e VIII a.C. Segundo alguns autores, terá sido no monte de Santa Marta que o povo bracari viveu, antes da chegada dos romanos à região.
O plano desenhado pela universidade inclui também a criação de um parque de lazer, que aproveite a envolvente natural e a localização privilegiada do monte sobre a cidade de Braga, com uma vista que se estende até à foz do Cávado e à vizinha cidade de Guimarães.
Fonte: Samuel Silva (17 Set 2009). Público.
A memória de um antigo castro romano que existia em Perre, Viana do Castelo, e que foi parcialmente destruído aquando das obras de construção de uma auto-estrada vai ficar perpetuada num núcleo museológico a instalar naquela freguesia
Hoje será assinado um protocolo entre a Câmara de Viana do Castelo e a EuroScut Norte para instalação daquele núcleo museológico na antiga escola primária de Perre.
O castro, com mais de 2.500 anos, foi parcialmente destruído aquando das obras de construção do troço Viana do Castelo - Caminha da A-28.
No núcleo museológico ficará o espólio arqueológico achado durante as escavações que precederam o avanço das obras daquela via, sobretudo peças de cerâmica.
As escavações puseram ainda a nu avenidas e arruamentos em pedrado, o que, segundo os arqueólogos, provam que aquele castro seria «bastante povoado».
A Junta e Assembleia de Freguesia de Perre tentaram impedir a destruição do castro, nomeadamente através dos tribunais, mas sem sucesso.
Estima-se que metade do castro tenha sido destruída pelas máquinas.
Fonte: (7 Jan 2009). Archport.
A Câmara de Santo Tirso abre hoje um centro interpretativo de apoio à estação arqueológica de Monte Padrão, uma iniciativa que visa contribuir também para valorizar a candidatura da rede luso-galaica de castros a Património Mundial.
Entidades do Norte de Portugal e da Galiza estão neste momento a "reunir condições" para formalizar à UNESCO uma candidatura comum dos castros da euro-região ibérica a Património da Humanidade, afirmou à Lusa o presidente da autarquia, Castro Fernandes.
"Neste contexto, o lançamento do centro interpretativo em Monte Padrão será certamente um excelente `upgrade` para a candidatura", acrescentou.
Castro Fernandes disse que o castro de Monte Padrão tem sido procurado sobretudo por especialistas e grupos escolares e manifestou a esperança de que, com a construção do centro interpretativo, passe a atrair também o público em geral, "com reflexos positivos também ao nível do fomento turístico".
O centro interpretativo custou 500 mil euros, dos quais 300 mil foram suportados pelos cofres da autarquia e o restante por fundos do Plano Operacional Regional - Área da Cultura.
A estrutura integra uma sala de serviços educativos, com equipamento multimédia, um espaço de exposição permanente, área de recolha de materiais, salas de restauro e de apoio administrativo.
O castro de Monte Padrão foi classificado monumento nacional em Junho de 1910 e as primeiras escavações no local ocorreram 40 anos depois.
"É, no entanto, a partir de 1980 que se intensificam acções com o propósito de promover a protecção, estudo e valorização da estação arqueológica", esclareceu fonte autárquica, em comunicado.
A mais antiga ocupação no Monte Padrão reporta-se ao Bronze Final, período cronológico a que, genericamente, corresponde o período de formação da cultura castreja.
Os indicadores que revelam a ocupação do povoado neste período consistem num conjunto de cerâmicas datáveis dos séculos IX/VII antes de Cristo e em alguns instrumentos líticos como mós de cela, machados de pedra polida e lâminas de sílex.
Na época romana a estrutura do povoado viria a sofrer profundas alterações motivadas por uma intensa ocupação entre os séculos I e IV.
Este momento de ocupação conserva um conjunto arquitectónico formado por uma área residencial com várias domus, com pátio central lajeado, e outros edifícios de características diversas.
A secretária de Estado da Cultura, Paula Fernandes dos Santos, preside à inauguração do centro interpretativo, numa cerimónia marcada para o final da tarde de hoje.
Fonte: JGJ (20 Abr 2008). LUSA: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=341038&visual=26&tema=5