Terça-feira, 13.09.11
O secretário de Estado da Cultura mantém, ao que tudo indica, a nomeação de Fernando Real para a presidência da Fundação Côa Parque, em Vila Nova de Foz Côa. O antigo presidente do Instituto Português de Arqueologia (IPA) deverá ser empossado por estes dias.
O nome deste professor universitário e quadro do IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico) tinha sido apontado pelo anterior Governo para o cargo, mas a sua escolha nunca chegou a ser oficializada. «Não é uma surpresa, já que Fernando Real coordenou toda a construção do Museu do Côa, portanto conhece bem o terreno», disse Gustavo Duarte, presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, que
vai integrar o Conselho de Administração da Côa Parque como vogal não executivo em representação da Associação de Municípios do Vale do Côa. O autarca é o único elemento do CA formalmente nomeado até hoje, faltando ainda as secretarias de Estado do Turismo e do Ambiente designarem o segundo vogal não executivo e dar posse ao presidente. «Logo após a tomada de posse haverá uma série de reuniões de trabalho, que incluem o próprio secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas», revelou Gustavo Duarte.
Criada em junho do ano passado, na véspera da abertura do Museu do Côa, a Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa tem por missão proteger, conservar, investigar, divulgar e valorizar a arte rupestre do parque arqueológico e o Museu do Côa. De acordo com os seus estatutos, terá um património inicial de 500 mil euros, repartido pelos fundadores iniciais, a saber o Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR), com 275 mil euros; a Entidade Regional de Turismo do Douro (100 mil euros), a Administração da Região Hidrográfica do Norte (100 mil euros), o município de Vila Nova de Foz Côa (20 mil euros) e a Associação de Municípios do Vale do Côa (5 mil euros). Terá ainda um Conselho dos Fundadores, ao qual compete definir as grandes linhas de orientação da Fundação, um Conselho Consultivo e um Fiscal designado pelo Conselho de Fundadores para fiscalizar a atividade da Fundação.
Fonte (08 Set 2011). O Interior: http://www.ointerior.pt/noticia.asp?idEdicao=618&id=32228&idSeccao=7647&Action=noticia
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por noticiasdearqueologia às 12:46
Segunda-feira, 14.03.11
As gravuras rupestres do parque arqueológico e o museu do Côa vão passar a ser geridos por uma fundação pública que entra em funções quarta-feira, segundo um diploma hoje publicado em Diário da República.
A Côa Parque --- Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa vem substituir o Parque Arqueológico de Vale do Côa e tem como objetivos proteger, conservar, investigar, divulgar e valorizar a arte pré-histórica da região.
Gerir o património do Vale do Rio Côa, promover actividades culturais, artísticas, turísticas e de lazer que contribuam para o desenvolvimento económico e social da região e gerir o Museu do Côa são algumas das cvompetências da fundação, criada pelo decreto 35/2011.
Fonte: (8 Mar 2011). LUSA/Diário de Notícias: http://www.dn.pt/Inicio/interior.aspx?content_id=1801195
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por noticiasdearqueologia às 12:57
Segunda-feira, 26.07.10
O Museu do Côa vai ser inaugurado na próxima sexta feira, pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, concluindo um projeto há muito aguardado por quem se opôs à construção de uma barragem, na década de 90.Vila Nova de Foz Côa, Guarda, 25 jul (Lusa) - O Museu do Côa vai ser inaugurado na próxima sexta feira, pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, concluindo um projeto há muito aguardado por quem se opôs à construção de uma barragem, na década de 90.
"A inauguração vai ser no próximo dia 30 de julho, a obra foi entregue, o museu está pronto e em condições de funcionar e os equipamentos estão testados", disse à Agência Lusa Elísio Summavielle.
O Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa, cujo investimento rondou os 18 milhões de euros e, segundo Elísio Summaviele, "não teve qualquer derrapagem, o que não é comum em obras públicas", abre finalmente, 3 anos e meio após o início das suas obras, e mais de uma década depois de ter sido anunciado pelo então Governo de António Guterres.
Fonte: (25 Julho 2010). Expresso:http://aeiou.expresso.pt/museu-do-coa-obra-naugurada-sexta-feira-pela-ministra-da-cultura=f595766
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por noticiasdearqueologia às 13:26
Quarta-feira, 30.12.09
Instituto do Património apresentou queixa contra desconhecidos por destruição de gravura com cinco mil anos no Parque Arqueológico do Côa. Ministério Público já está em campo
A destruição de uma pintura rupestre com cinco mil anos, encontrada na aldeia de Malhada Sorda, concelho de Almeida, em 2002, pode vir a ser o primeiro caso de destruição de arte rupestre a chegar a tribunal. O Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) já avançou com uma queixa contra desconhecidos no Ministério Público. E o processo está na fase de inquérito, que poderá ou não ser arquivado.
Isabel Magalhães nem queria acreditar quando chegou à ribeira das casas, numa tarde de passeio com a filha e uma amiga, e viu que a pintura rupestre com mais de cinco mil anos, que tinha descoberto sem querer há sete anos, estava destruída. "Deu-me vontade de chorar", lembra.
A professora de História, que também já foi arqueóloga, não mora longe dali. Vive no centro da aldeia de Malhada Sorda, concelho de Almeida. Um breve carreiro separa a casa daquele lugar da ribeira das casas, onde, passadas as poldras, uma espécie de ponte ancestral, as enormes lajes graníticas alinhadas em anfiteatro abrigam um tesouro raro: um conjunto de pinturas rupestres.
"É um sítio muito bonito", diz sobre o cenário no local, rodeado de granito, cuja extracção é uma das maiores actividades da pequena aldeia. "Quando aqui vim pela primeira vez, achei o lugar muito curioso, com esta forma de palco. Devem ter achado o mesmo que eu há cinco mil anos."
Intencional e cirúrgica
Não é fácil a olhos destreinados escrutinar as linhas milenares que ali pintaram na pedra representando um cervídeo. Os traços que compõem a figura, que poderão ser do período neolítico, foram todos picados, ninguém sabe com que instrumento. Nem porquê. E, acima de tudo, ninguém sabe por quem. Mais à direita permanecem mais pinturas, formas antropomórficas que permanecem intactas.
Há sete anos, quando Isabel Magalhães deu com as pinturas pela primeira vez, alertou o Parque Arqueológico do Vale do Côa. Os técnicos vieram. Não tinham dúvidas de que ali estava um tesouro. Mas, como é normal com os conjuntos de arte rupestre do Vale do Côa, este ali ficou.
Nuno Neto, arqueólogo e natural de Malhada Sorda, diz que a descoberta desta gravura na ribeira das casas, junto a um leito de ribeira, não surpreende: "É um fenómeno mágico, simbólico, o curso da água, para além de ser uma fonte de vida. Os animais matavam ali a sede, daí aparecerem gravuras e pinturas nestes sítios. São uma espécie de altares". Para o arqueólogo, desperdiçou-se, em 2002, a oportunidade de estudar esta pintura por falta de recursos: "Os técnicos que existem não conseguem dar conta do recado".
Este ano, quando deu conta da destruição das gravuras, Isabel Magalhães avisou o Parque Arqueológico do Côa e a junta de freguesia. "Até falaram disto na missa. Este é um assunto da comunidade", lembra a professora, que não tem dúvidas: "Foi uma coisa cirúrgica. Quem o fez sabia o que estava a fazer".
Nuno Neto acrescenta: "Nunca vi um caso de destruição de arte rupestre com esta minúcia. Alguém que não percebesse do assunto não identificaria a pintura tão bem. Não faço ideia do que passou na cabeça da pessoa que destruiu aquilo".
António Martinho Baptista, paleo-historiador, também pensa da mesma maneira: "É uma destruição intencional. Quem lá foi, sabia bem o que estava a destruir". E fala de uma perda irreparável: "É algo irrecuperável. O que se perdeu é o testemunho de uma pintura com mais de cinco mil anos, provavelmente neolítica. É um património antigo que desapareceu", diz o especialista, que afirma: "Se chegar a tribunal, será o primeiro caso. Ainda bem. Pode ser que faça jurisprudência".
Para João Pedro Cunha Ribeiro, subdirector de Arqueologia do Igespar, a melhor maneira de proteger este património é tentar que passe despercebido: "Os patrimónios arqueológicos fora das cidades são todos vulneráveis. Parte da sensibilidade e civismo das pessoas protegê-lo". O responsável lembra alguns casos em que foi usada vedação dos locais arqueológicos, como no lugar do Lapedo, em Leiria, onde em 1998 foi encontrado o esqueleto de uma criança de Neanderthal. "Mas muitas vezes o melhor é mesmo passar despercebido, não chamar a atenção."
João Pedro Cunha Ribeiro conhece outros casos de destruição de arte rupestre mas nenhum chegou a tribunal. Não sabe se os culpados serão revelados ou punidos. "Mas só o facto de avançarmos com o processo, creio que é pedagógico e dissuasor da ocorrência de outros casos."
E, para Nuno Neto, é na sensibilização das populações para a importância deste património que as autoridades devem trabalhar: "É preciso sensibilizar a população para este tipo de património e para o impacto que pode ter na vida das pessoas".
Fonte: Ana Machado (26 Dez 2009). Público.
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por noticiasdearqueologia às 23:02
Domingo, 27.09.09
O sector critica hipótese de abrir espaço à arte contemporânea, como
sugeriu o director do Igespar.
"O Partido Socialista, que em 1996 salvou o património do Côa [as
gravuras rupestres], está agora a pô-lo em risco." O alerta parte de
José Morais Arnaut, presidente da Associação dos Arqueólogos
Portugueses (AAP), numa reacção às declarações do director do
Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico
(Igespar). Em entrevista ao PÚBLICO no dia 23, Elísio Summavielle
defendeu que o Museu do Côa, cuja inauguração está prevista para
breve, deve abrir-se também à arte contemporânea.
"Isso é uma perversão completa do que deve ser a missão principal
daquele museu, que é a de estudar e divulgar um património que é da
Humanidade", diz Morais Arnaud.
Se há 15 anos se tomou a decisão de não construir a barragem e de
salvar as gravuras, o que tornou Portugal "o centro da arte rupestre a
nível mundial", o presidente da AAP não compreende por que é que
depois não se apostou seriamente no Côa, criando um "núcleo de
investigação científica" e fazendo do museu o "motor da divulgação do
património".
Maria Ramalho, arqueóloga e técnica do Igespar, num texto divulgado na
sequência da entrevista de Summavielle, lembra que "este assunto [o
Côa] foi importante para um outro Governo do mesmo partido, a milhares
de anos-luz da situação presente". E critica "as intenções expressas
pelo [actual] Governo de reduzir o património apenas ao seu valor
económico" - numa referência às propostas do Ministério da Cultura
para um modelo de gestão do Museu do Côa com o Estado e privados.
A preocupação é partilhada por Maria José de Almeida, que preside à
Associação Profissional de Arqueólogos (APA): "Estamos muito
preocupados com alguns sinais de que o Estado possa estar a descartar
a responsabilidade [sobre a gestão do Côa] para as instituições
locais". Este é um património "não apenas local ou regional, mas
mundial", e por isso tem que haver "uma regulação" estatal.
Os arqueólogos mostram-se também indignados com as afirmações do
director do Igespar, segundo as quais a contestação à política do
Governo para a Arqueologia seria "localizada". "Isso é uma prova clara
de que [Summavielle] não conhece a realidade", diz Luís Raposo,
director do Museu Nacional de Arqueologia, garantindo que "a
contestação é generalizada".
Maria José de Almeida lamenta que o Governo não tenha querido ouvir os
arqueólogos. "Há um descontentamento por não sermos vistos como parte
da solução". Morais Arnaut explica que o desinvestimento na
Arqueologia começou com o plano de reestruturação da administração
pública (Prace) e a extinção do Instituto do Português de Arqueologia,
que "era uma estrutura leve e flexível e foi integrado [no Igespar]
numa estrutura com um peso burocrático muito maior". O resultado é a
sobreposição de competências entre as direcções regionais de Cultura e
o Igespar, a "falta de meios", e, ao mesmo tempo, "duplicações
inaceitáveis, com esbanjamento de recursos".
Quanto à construção do novo Museu dos Coches, em Belém (que implica a
saída do local de serviços de Arqueologia que vão para a Cordoaria
Nacional), Luís Raposo diz que Summavielle "reconheceu o óbvio: que o
processo está parado". "A questão de fundo mantém-se - avisa -, e é um
problema bicudo para o próximo Governo resolver."
Fonte: Alexandra Prado Coelho (27 Set 2009). Público.
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por noticiasdearqueologia às 22:27
Sexta-feira, 25.09.09
Elísio Summavielle considera que o novo museu "necessita de um gestor cultural"
O novo Museu do Côa - cuja abertura está prevista para breve embora ainda sem data marcada - é "um espaço fantástico do ponto de vista arquitectónico, com condições excelentes para concertos, festivais, bienais de artes plásticas", diz o director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), organismo que tem neste momento a gestão do projecto.
E é por acreditar que ali "o contemporâneo deve conviver com o passado" que Elísio Summavielle defende, numa entrevista conjunta ao PÚBLICO e à Rádio Renascença, "um modelo de gestão alargado e mais autónomo do que seria o de um museu apenas de arqueologia paleolítica".
"A âncora ali são as gravuras [de arte rupestre paleolítica], mas é um museu de arte e esta vai até ao século XXI", afirma Summavielle. E sublinha: "É uma casa que necessita de um gestor cultural." Além disso, deverá ter "um considerável grau de autonomia, nomeadamente financeira, em relação ao Ministério da Cultura e Igespar", com um modelo de gestão que pode passar por uma fundação ou uma sociedade empresarial com o Estado como principal accionista, e que envolva a Associação de Municípios do Vale do Côa e produtores privados.
Contestação é "localizada"
Questionado sobre as críticas dos arqueólogos à política para a arqueologia desenvolvida pelo Igespar (que voltaram a ser repetidas num debate organizado na semana passada em Lisboa pela Associação dos Arqueólogos Portugueses), Summavielle considera-as "situações de contestação perfeitamente localizadas, que vêm do ex-Instituto Português de Arqueologia".
Por outro lado, "há no terreno milhares de arqueólogos a operar, através de empresas da área da arqueologia preventiva", e entre estes não tem "colhido essa contestação". Esta é até, afirma Summavielle, "uma actividade que aumentou muito nos últimos três anos" e onde existe "um volume de negócios bastante considerável", até porque, por lei, os promotores imobiliários são obrigados a fazer escavações antes de iniciarem as obras.
Summavielle, no cargo há quatro anos, admite que o PRACE (Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado) para a Cultura lhe causou algumas dificuldades. Embora reconheça que "faz sentido que as cinco regiões [para as quais existem Direcções Regionais de Cultura] tenham autonomia para fazer investimentos e gerir o seu património classificado", acha que devia haver ajustes em relação à salvaguarda desse património.
"Devíamos ter extensões regionais nas cinco regiões", diz, o que permitiria ao Igespar acompanhar desde o início um pedido de parecer para intervenções em áreas de património protegido. Actualmente o processo é iniciado pela Direcção Regional, cujo parecer não é vinculativo, e só passados 25 dias é que chega às mãos do Igespar, que dá o parecer final (vinculativo) e que pode ser contraditório com o da DRC. "Era importante que quem dá a cara e o parecer vinculativo acompanhasse o processo desde o início."
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por noticiasdearqueologia às 21:55
Terça-feira, 01.09.09
Pinto Ribeiro propôs, no Côa, três modelos diferentes para a instituição que irá gerir o parque e o museu
O ministro da Cultura anunciou ontem a criação de uma sociedade anónima para gerir o Parque e o novo Museu do Côa, que deverá integrar dez municípios, quatro ministérios e um número indeterminado de privados. "Espero conseguir consensualizar com as câmaras municipais que compõem a Associação de Municípios do Vale do Côa, com os agentes económicos do vale do Côa e com os departamentos do Estado envolvidos uma solução até final de Outubro", disse José António Pinto Ribeiro, citado pela Lusa, após a visita ao museu, cuja inauguração, previu, deverá ocorrer no início de Outubro, após as eleições legislativas.
O ministro, que terminou ontem uma deslocação de dois dias ao vale do Côa, onde visitou alguns núcleos de gravuras e se inteirou do andamento dos trabalhos no museu, começou por sugerir uma solução tripartida, que englobaria os Ministérios da Cultura e do Ambiente e as dez autarquias da região. Mais tarde acrescentou ao lote o Ministério da Economia, o que o obrigou a redistribuir as quotas a atribuir a cada parceiro, que passariam a ser 30 por cento para o Ministério da Cultura, outros 30 para o conjunto das autarquias e, finalmente, 20 por cento para cada um dos outros dois ministérios.
Antes de deixar o Côa, Pinto Ribeiro propôs, finalmente, uma terceira solução, esta com uma arquitectura um pouco mais ampla: as autarquias e uma sociedade de privados (que, naturalmente, ainda não existe) teriam, em conjunto, 50 por cento das quotas, cabendo os restantes 50 por cento ao Estado, através dos quatro ministérios que o titular da Cultura gostaria de envolver no projecto e que, segundo afirmou, estão "dispostos a isso".
O ministro insistiu também que a gestão executiva deveria caber, sobretudo, aos agentes locais. "Isto é vosso, e se não for feito por vocês, e apropriado pelas pessoas daqui, não será nada", sublinhou.
O prazo que o governante prevê para a constituição formal da futura sociedade de gestão do museu e do vale do Côa é de seis meses. Ou seja, na próxima legislatura. Durante esse período, o ministro admite "uma solução puramente provisória, para permitir a abertura do museu".
A actual responsável do Parque do Côa, a arqueóloga Alexandra Cerveira Lima, não comentou em detalhe as novas perspectivas que se abrem para a instituição que dirige, mas destacou "o papel central que uma estrutura como o Museu do Côa , desde que dotada de uma equipa sólida e de uma programação criativa, poderá desempenhar na dinamização da região e na internacionalização da arte do Côa, fazendo jus ao seu valor patrimonial e científico de dimensão mundial".
Manuel Maria Carrilho, o ex-ministro da Cultura que lançou o projecto do Parque do Côa e a sua bem-sucedida candidatura a Património Mundial, mostra-se perplexo com as medidas que o seu sucessor ontem anunciou. "O momento parece-me impróprio, atendendo ao contexto quase eleitoral em que estamos, os objectivos são insólitos, à luz das exigências de protecção de um património mundial, e toda essa conversa das percentagens parece-me também um bocado obscura", afirmou Carrilho. O actual embaixador de Portugal na UNESCO recorda ainda que "o Estado português assumiu compromissos muito claros em relação ao raríssimo e valiosíssimo património paleolítico do Côa" e sublinha que a maior parte dos sítios que hoje correm riscos de desclassificação o devem, justamente, a questões relacionadas com os respectivos modelos de gestão.
Carrilho reconhece que o Côa tem "problemas evidentes", mas assaca-os ao "abandono a que o projecto foi votado a partir de 2001", lembrando que "o parque tem hoje metade dos guias de que dispunha nessa data, quando o que estava previsto era ter o quádruplo", e que a sua frota de jipes nunca foi renovada. "É isso que deve ser alterado", diz, "mas sem que o Estado se demita de responsabilidades que em exclusivo lhe cabem".
Fonte: Luís Miguel Queirós (30 Ago 2009). Público.
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por noticiasdearqueologia às 23:26
Domingo, 16.08.09
Um dos painéis de granito com pinturas rupestres, com cerca de cinco mil anos, encontrado há sete anos na área da freguesia de Malhada Sorda, concelho de Almeida, foi destruído. O Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC) lamenta o sucedido, considerando que existiu a “clara intenção” de fazer desaparecer aquele achado arqueológico.
A figura pré-histórica "foi completamente destruída, tendo sido lavada e repicada com a clara intenção de a fazer desaparecer, o que de facto foi conseguido", lamentou António Martinho Baptista, arqueólogo e pré-historiador de arte do PAVC, considerando que se trata de um "crime de lesa-arqueologia". "Apagaram mais de cinco mil anos de História", sublinhou em declarações à Lusa.
Segundo o arqueólogo, o sítio onde se encontra o achado era constituído por dois painéis verticais em granito, "ambos decorados com pinturas pós-glaciares em tons de vermelho". "A mais interessante figura" do conjunto era "uma figura zoomórfica em estilo seminaturalista, a fazer lembrar algumas das representações do Côa e até do Tejo", acrescentou.
Martinho Baptista explica que na figura destruída era visível "uma pequena cabeça perfilada em V, o pescoço fino e o corpo ovalado" de um animal, características que remetem "para a forma tipológica de um cervídeo fêmea".
Martinho Baptista, antigo director do extinto Centro Nacional de Arte Rupestre, relatou que o achado estava em "duas pequenas rochas" que constituam uma espécie de "abrigo" e foi encontrado por um casal residente em Malhada Sorda.
O presidente da Câmara Municipal de Almeida, António Baptista Ribeiro, disse que teve conhecimento do sucedido através do casal de Malhada Sorda que fez a descoberta e que "de imediato" comunicou o caso ao PAVC. "Da parte da autarquia nada mais havia a fazer, a não ser denunciar a situação às autoridades competentes, neste caso o PAVC", referiu.
O autarca assumiu tratar-se de uma ocorrência que o "preocupa" e disse que "o acto criminoso significa uma perda irreparável" para o património histórico concelhio.
Fonte: (11 Ago 2009). Público: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1395591&idCanal=59
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por noticiasdearqueologia às 00:04
Domingo, 28.12.08
O Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC) edita no sábado em livro o seu primeiro grande trabalho de síntese "O Paradigma Perdido. Vale do Côa e a Arte Paleolítica de Ar Livre em Portugal".
Esta edição bilingue português-inglês, que surge no âmbito das comemorações dos 10 anos da classificação de Património da Humanidade da UNESCO, fortemente ilustrada com 250 páginas, é o primeiro grande livro sobre a arte do Côa, num país onde "são poucos os trabalhos arqueológicos editados e menos ainda em inglês", afirma o arqueólogo António Martinho Baptista.
"Este livro faz uma espécie de síntese dos meus trabalhos, com a equipa do Centro Nacional de Arte Rupestre, nos últimos 10 anos, e centra-se na arte paleolítica de ar livre do Vale do Côa, mas também numa meia-dúzia de outros sítios que fomos descobrindo em Portugal, do Sabor ao Guadiana."
A descoberta da arte do Côa "pressupôs a criação de um novo paradigma na arqueologia europeia" porque, ao contrário "do que se pensou durante cerca de um século de investigação de arqueologia rupestre", ela existe abundantemente ao ar livre, e não apenas em grutas, salienta o autor.
O Vale do Côa era um paraíso climático que "facilitava a vida do homem paleolítico, numa era em que toda a Europa estava coberta de grandes glaciares", acabando por provar "que esse homem de então não tratava apenas da arte das trevas", das grutas subterrâneas, "trabalhava igualmente a arte da luz - ao ar livre - com a mesma qualidade que se reconhece nas principais grutas europeias", afirma António Martinho Baptista.
Existem várias teorias, para os porquês de tão artísticos e misteriosos traços no paleolítico, confessa-nos o arqueólogo, como a da "magia simpática", cuja função é "permitir que as caçadas sejam estudadas e posteriormente facilitadas", passando por outras explicações, em que todo o ambiente "é ordenado como uma igreja", até à teoria da arte pela arte "já posta praticamente de lado", diz.
As mais recentes, já neste século, levaram um dia este arqueólogo, em tom de brincadeira, a dizer que o vale do Côa, de acordo com as teses "xamânicas", seria a "primeira sala de chuto em território português".
António Martinho Baptista quer apenas, com "O Paradigma Perdido. Vale do Côa e a Arte Paleolítica de Ar Livre em Portugal", apresentar os dados e as pistas resultantes da sua investigação, porque "é evidente que não temos provas", e das várias teorias existentes para os motivos da arte rupestre, será "no meio que está virtude", explica.
"Toda a arte paleolítica encontra-se nos vales fluviais do nosso interior, onde as margens são em xisto", afirma António Martinho Baptista, para quem as condições de jazida ideais se encontram no interior da península ibérica.
Presentemente, é em Portugal que "existem os melhores sítios de arte paleolítica de ar livre da Europa", e o Vale do Côa é o "pólo central" dessa arte europeia, ao ponto do Governo espanhol ter investido na candidatura do sítio arqueológico de Siega Verde a Património da Humanidade como extensão do Vale do Côa, recorda o arqueólogo.
Os dois mil exemplares desta edição conjunta do PAVC com a Editora Afrontamento, patrocinada pela Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa e pela Associação de Municípios do Vale do Côa, vêm fixar uma década de investigação no Côa, mas também "lembrar uma lição que o país deu ao Mundo, quando suspendeu uma barragem para preservar os sítios rupestres", conclui António Martinho Baptista.
Fonte: DYG (18 Dez 2008). Lusa/Fim: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=378458&visual=26&tema=5
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por noticiasdearqueologia às 22:55
Quarta-feira, 10.12.08
Nos 10 anos da classificação do Vale do Côa como Património Mundial da UNESCO, é o modelo de gestão deste território que importa concretizar, afirma a directora do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), Alexandra Cerveira Lima.
Com o Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa prestes a abrir portas, já em 2009, dando assim corpo ao compromisso formal assumido pelo Estado Português com a UNESCO e a Região, Alexandra Cerveira Lima, aguarda por um modelo de gestão territorial, que vai muito mais além do futuro museu.
"O Parque Arqueológico terá de ser formalmente criado através da promulgação de um Decreto Regulamentar - como nos parques naturais -, definindo quais as suas competências no contexto do território que delimita, bem como nos objectivos específicos a que se propõe", afirma.
Apesar de concordar ser agora o "momento oportuno" para as decisões "que o Museu, como estrutura complementar do PAVC, vai obrigar a tomar", Alexandra Cerveira Lima diz que "é tempo de concluir o projecto do parque" e "consolidar a sua estrutura funcional".
"O museu cumpre a função de centro de acolhimento e de interpretação de toda uma região, mas o território do parque em si mesmo, que se define como um vasto museu ao ar livre, terá de se manter monitorizado, conservado, investigado, fruído e visitado, com as populações que o habitam", insiste.
Actualmente o PAVC, "sem capacidade de actuação no território e sem autonomia", tem uma despesa corrente de cerca 750 mil euros ano, "em que pesam até um terço do orçamento os serviços de guardaria", correspondendo aos 11 guardas que se revezam pelos três núcleos de visitação pública.
"O PAVC aguarda igualmente um novo modelo jurídico e administrativo que lhe permita autonomia e decisão nas parcerias públicas e privadas, que são essenciais para os cenários de desenvolvimento desta região", conclui Alexandra Cerveira Lima.
Em 1996 foi criado o PAVC e, um ano depois, entregue ao então governo de António Guterres um relatório científico, que viria a confirmar a importância dos achados paleolíticos no Vale do Côa, fixando assim, os 17 quilómetros do curso final do rio Côa e um território `tampão` de cerca de 20.000 hectares.
Já poucos se recordam, passados 14 anos, daquela "revelação" que transformou definitivamente os destinos da arqueologia portuguesa, num "processo revolucionário arqueológico em curso", recorda Alexandra Cerveira Lima.
"Na sequência do qual foi igualmente decidido autonomizar a arqueologia com a criação de um instituto, cujo primeiro director foi arqueólogo João Zilhão, bem como o projecto de candidatura do território do Vale do Côa à Lista do Património Mundial da UNESCO", salienta.
A elevação do vale a Património Mundial sonhava-se ainda sob a forma de relatório ao Comité do Património Mundial da UNESCO até que, em 1997, o seu director-geral, Federico Mayor, visita as gravuras da Penascosa, deixando desde logo antever a sua classificação.
Adquiridos em 1996, os guias e os jipes para "o começo de uma estrutura de visitação pública", o Parque Arqueológico foi-se "adaptando ele próprio à posterior criação de legislação", quando essa "figura legal não estava ainda contemplada", definição que chega apenas em 2001 e 2002.
Para a directora do PAVC, o Parque e o Museu do Côa são ainda realidades pouco claras na sua natureza, para a opinião pública geral, e cujo modelo de gestão e a definição de paternidade está ainda por registar.
Fonte: (5 Dez 2008)Lusa/Fim: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=376447&visual=26&tema=5
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por noticiasdearqueologia às 18:48