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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
Arqueólogos da Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica localizaram no Monte Brasil, em Angra do Heroísmo, novos sítios arqueológicos, alguns dos quais poderão ser templos dedicados a Tanit, deusa cartaginesa, provavelmente do século IV a.C...
“Descobriu-se um conjunto significativo de mais de cinco monumentos do tipo hipogeu (túmulos escavados nas rochas) e de pelo menos três ‘santuários’ proto-históricos, escavados na rocha”, revelaram hoje à Lusa os arqueólogos Nuno Ribeiro e Anabela Joaquinito.
Um dos monumentos localiza-se no ‘Monte do Facho’ e possui estruturas tipo pias, associadas a canais provavelmente para libações, ‘cadeiras’ escavadas na rocha, um tanque cerimonial coberto pela vegetação e dezenas de buracos de poste, que confirmam a existência de coberturas leves destes espaços.
O segundo e o terceiro santuários localizam-se na área do Forte de São Diogo e foram descobertos no passado mês de Junho durante uma viagem de recreio.
Segundo os investigadores da APIA, “são grandes templos escavados dentro de monumentos do tipo hipogeu, de grandes dimensões, muito bem conservados, com uma planta quase triangular”.
Os especialistas adiantaram que “no primeiro existem quatro pias circulares, associadas a canais, visando a recolha de água doce e a realização de rituais com libações, associadas com a água, provavelmente associadas a sacrifícios”.
Quanto ao segundo ‘templo-santuário’ também escavado na rocha, do tipo hipogeu, “encerra no seu interior um tanque ritual, que se acede por pequenas escadas, tendo ao longo do seu interior um banco onde se praticavam abluções, possuindo ainda dois nichos onde se poriam a estátua da divindade”.
A APIA irá apresentar publicamente estas descobertas em congressos mundiais, que decorrem em Évora em Setembro deste ano (SEAC 2011) e em Florença (Itália) no próximo ano, no Simpósio de Arqueologia do Mediterrâneo.
Nuno Ribeiro e Anabela Joaquino apresentaram recentemente em Angra do Heroísmo um hipogeu e outros vestígios escavados na rocha, um no Monte Brasil e outro na ilha do Corvo.
“Estes vestígios podem indiciar um registo proto-histórico de povos que aqui tivessem permanecido por breves ou longos períodos, mas falta efectuar trabalho de prospecção arqueológica, que nunca foi feito, para se poderem tirar conclusões”, defendeu o especialista.
De acordo com Nuno Ribeiro, com estas descobertas “a data do povoamento dos Açores pode não ser a que a História refere mas outra dependente de estudos arqueológicos a estruturas e objectos existentes no arquipélago”.
Para efectuarem as investigações, os arqueólogos concorreram a um financiamento da Direcção Regional da Cultura dos Açores que foi recusado por falta de verbas.
Fonte (9 Julho 2011). Público:
http://www.publico.pt/Cultura/descoberto
O presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP) defendeu esta segunda-feira a necessidade de “chamar à razão” o Governo Regional dos Açores relativamente à construção do Cais de Cruzeiros na Baía de Angra do Heroísmo, com sítios de interesse arqueológico.
“Estou perplexo por o governo alterar a sua posição em quatro anos. Em 2006 criou legislação para classificar a baía como reserva arqueológica subaquática nacional e agora muda tudo sem qualquer estudo”, afirmou o presidente da AAP, José Morais Arnaud, em declarações à Lusa.
O Governo Regional dos Açores reafirmou esta semana a intenção de construir o Cais de Cruzeiros de Angra do Heroísmo, considerando que se trata de um empreendimento que “integra a estratégia de futuro” definida para o transporte marítimo de passageiros e para o turismo de cruzeiros nos Açores.
Para o presidente da AAP, “é preciso um estudo exaustivo, nomeadamente de viabilidade económica e do impacte ambiental que as obras poderão causar”, defendendo ainda a necessidade de “apurar se o projecto é mesmo imprescindível e uma reivindicação das populações locais”.
Por outro lado, salientou que “os estudos determinarão se o projecto pode ser reajustado, deve ser colocado de lado ou feito num local alternativo, que não prejudique o património subaquático”.
José Morais Arnaud garantiu, por isso, que a AAP vai aguardar uma resposta do governo regional antes de tomar qualquer iniciativa, “nomeadamente uma queixa formal à UNESCO”.
“Temos que esperar para saber se o governo vai repensar o projecto ou insistir dando uma explicação racional”, acrescentou.
O presidente da AAP salientou que a Baía de Angra do Heroísmo “tem um valor excepcional”, considerando que “é um tesouro na área do património náutico e subaquático, possuindo condições para criar uma escola de arqueologia náutica destinada a formar técnicos de que o pais tanto precisa”.
Na Baía de Angra estão sinalizados vestígios de cerca de 90 naufrágios históricos, tendo sido já identificados cerca de duas dezenas de sítios com interesse arqueológico, dos quais dois são parques arqueológicos abertos ao turismo subaquático desde 2006.
Um dos parques refere-se ao naufrágio do vapor ‘Lidador’, um navio brasileiro de transporte de passageiros e mercadorias que afundou em 1878 e se encontra a sete metros de profundidade, a 10 metros da costa.
O ‘Lidador’ foi movido do local original onde foi encontrado para uma nova localização dentro da baía para permitir a construção do Porto de Recreio de Angra do Heroísmo.
O segundo parque é um ‘cemitério de âncoras’, a uma profundidade entre 16 e 40 metros, a cerca de 500 metros da costa, na zona onde ancoravam as naus e galeões dos séculos XVI e XVII.
Fonte: (25 Jan 2010). Açoreano Oriental: http://www.acorianooriental.pt/noticias/v
A Baía de Angra do Heroísmo continua a revelar-se uma «arca» de vestígios arqueológicos do século XVI ao XX, com o aparecimento de três novos «sítios» descobertos por uma equipa de nove investigadores de arqueologia marítima.
José António Bettencourt, responsável pelos trabalhos arqueológicos, revelou à Lusa que foram localizados um novo naufrágio, denominado «Angra J», um túmulo de lastro de embarcação e um terceiro com uma densidade de vestígios que vão do século XVI ao século XX.
«Junto do naufrágio, que mantém grande parte da sua estrutura de madeira e que é um local com elevado potencial de investigação, foi também localizado um canhão em ferro e um apito em bronze [século XVI], que se supõe fosse usado para chamar a tripulação e que já foi enviado para o Centro de Conservação e Restauro», adiantou o arqueólogo.
No mesmo local, foi ainda recolhida uma «concreção» (solidificação) que os técnicos pensam «corresponder a uma espada», bem como outros objectos em metal e cerâmicas. Os investigadores localizaram, também, junto do túmulo de lastro, uma «anforeta» e outras cerâmicas mais comuns.
O terceiro sítio agora sinalizado, onde existe uma densidade de vestígios que vão do século XVI ao século XX, deverá estar relacionado com a sua utilização como fundeador - zona de ancoragem e actividades portuárias.
Dez locais de naufrágios assinalados
O trabalho dos arqueólogos estende-se a uma intervenção num outro naufrágio, denominado «Angra B» - um navio do século XVI ou princípio do século XVII -, no sentido de ser finalizado «o seu registo, de forma exaustiva, em termos de planta, fotografia e análise descritiva».
Na Baía de Angra, ilha Terceira, estão sinalizados, a partir de agora, dez locais de naufrágios denominados de «Angra», numerados de «A» a «J», e cerca de duas dezenas de sítios com interesse arqueológico. Dois deles são parques arqueológicos e abertos ao turismo subaquático desde 2006.
O primeiro parque, «Naufrágio do vapor Lidador», navio brasileiro de transporte de passageiros e mercadorias, que afundou em 1878, está localizado a dez metros da costa da baía e a sete metros de profundidade.
O segundo, um «Cemitérios de Âncoras», onde ancoravam as naus e galeões dos séculos XVI e XVII, localiza-se a 500 metros da costa e a uma profundidade variável entre os 16 e 40 metros.
Para além destas reservas, o Governo Regional pretende abrir mais duas nas ilhas do Pico e Flores, onde se encontram afundados os navios «Caroline» (1901), que controlava o mercado europeu de adubos, e o «Slavónia» (1909), um navio inglês de passageiros.
Paralelamente, as autoridades regionais estão a elaborar a Carta Arqueológica Subaquática dos Açores (CASA) que visa criar um banco de dados informatizado, constituído por informações das mais diversas fontes. A CASA vai permitir ainda a criação de um roteiro específico de turismo de parques arqueológicos subaquáticos na região.
Fonte: (25 Ago 2008). Portugal Diário: http://diario.iol.pt/sociedade/acores-ba
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