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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
Ao largo de Armação de Pêra Âncora romana no mar do Algarve Tem mais de dois metros de comprimento, pesa cerca de 300 quilos e, ao que tudo indica, tem mais de 2400 anos. Esta é a primeira radiografia ao cepo romano (âncora usada nas embarcações) descoberto recentemente ao largo de Armação de Pêra, Algarve. Em chumbo, o achado é considerado um dos maiores cepos romanos encontrados na costa portuguesa e comprova que navegaram ao largo da costa algarvia embarcações romanas de grande porte. O achado, do século IV a.C., foi descoberto pelos mergulhadores Nuno Penas e Mário Silva, da empresa algarvia Easydivers. Tudo aconteceu por acaso, quando testavam novos equipamentos de locomoção subaquática. Segundo explicou ao CM Nuno Penas, o artefacto milenar foi encontrado a "três milhas da costa e a vinte metros de profundidade numa zona de valioso recife, onde existem paredões com três e quatro metros de altura".
Foi quando percorriam a parte superior do recife que, ao descaírem um pouco mais para sul, os mergulhadores se depararam com a âncora. As coordenadas foram enviadas para o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática e um arqueólogo deste organismo foi ao local e catalogou o achado. Ao que o CM apurou, o especialista ficou impressionado com a dimensão do objecto e também com as suas condições de conservação. Deverá ser retirado da água a curto prazo, através de uma embarcação própria para o efeito. Como o valioso artefacto foi encontrado por mergulhadores que operam a partir da marina de Albufeira, a intenção é ceder a âncora ao Museu Arqueológico de Albufeira.
Fonte: Pando Gomes (9 Jun 2009). Correio da Manhã:
O casal de holandeses chegou à Ponta da Atalaia, no litoral de Aljezur, depois de ter visitado, no Museu de Albufeira, a exposição sobre o ribât, a fortaleza-mosteiro da época islâmica que há sete anos os arqueólogos Mário e Rosa Varela Gomes estão a escavar naquele local.
A sua curiosidade sobre um sítio arqueológico que é único em Portugal e quase na Europa levou-os a fazer a viagem entre o Algarve cosmopolita e este outro Algarve da Costa Vicentina.
«Todos os dias aparecem aqui pessoas que querem saber mais sobre este lugar. Umas chegam aqui por acaso, outras já sabem ao que vêm, porque leram algures, ouviram falar ou, como no caso desse casal de holandeses, porque viram a exposição em Albufeira e depois quiseram conhecer o ribât no próprio sítio», explica ao «barlavento» o arqueólogo Mário Varela Gomes.
Desde o princípio da semana passada e apenas por um período de quinze dias - «o financiamento não dá para mais» - uma equipa de 20 jovens estudantes de arqueologia, coordenada por Varela Gomes, está a trabalhar quase em contra-relógio na Ponta da Atalaia, a curta distância do Vale da Telha, onde há sete anos foram descobertos os vestígios do ribât da Arrifana, fundado no século XII pelo mestre sufi Ibn Qasi.
Desta vez, o objectivo das escavações é a área da madrasa, a escola corânica, cujo imenso pátio já foi posto a descoberto em anos anteriores. «É a mais antiga madrasa da Península Ibérica», assegurou Varela Gomes.
No dia em que o «barlavento» visitou o local, os jovens arqueólogos escavavam, com todos os cuidados, a sétima mesquita descoberta no perímetro até agora investigado.
«Sete anos de escavações, sete mesquitas», comentava Mário Varela Gomes. Das paredes da pequena mesquita, feitas com xisto e antigamente recobertas de estuque no interior, apenas restam agora umas fiadas de pedra, que não chegam a atingir meio metro de altura.
Mas é o suficiente para perceber como era o antigo local de oração destes muçulmanos, monges-guerreiros e peregrinos, que há novecentos anos viveram nesta ponta do Ocidente islâmico.
Curiosa foi a descoberta de mais um mirab, o nicho voltado para Meca que indica a presença de uma mesquita. Desta vez, além dos restos de paredes com o formato em ferradura, foi ainda descoberto o arranque da abóbada do mirab, tornando-o no mais bem preservado até agora identificado no ribât da Arrifana.
E, num derrube de uma das paredes da mesquita, surgiu também mais um rolinho de chumbo, daqueles onde os muçulmanos colocavam versículos do Corão, que depois depositavam nas paredes dos seus locais de oração.
Como os já descobertos anteriormente, também este não foi ainda aberto pelos arqueólogos, uma tarefa que terá que ser feita com outros meios e em ambiente controlado. «Mas sabemos o que lá estará: frases de reafirmação da sua fé».
Ainda que a campanha arqueológica seja curta, os trabalhos deste Verão permitem confirmar a religiosidade do local, situado nos confins do mundo islâmico, numa época conturbada internamente entre os muçulmanos da Península Ibérica e com as tropas cristãs de D. Afonso Henriques às portas.
«Em Portugal, só se conheciam a mesquita de Mértola e uma em Alcoutim. Aqui, na Ponta da Atalaia, há um complexo religioso, o ribât da Arrifana, e as mesquitas são muito semelhantes às do deserto e às de Guardamar, em Espanha. Este ribât era um local de pobreza, de abandono do luxo e dos bens materiais, por isso não esperamos encontrar aqui um espólio rico», explicou o arqueólogo.
«Ibn Qasi era de facto um indivíduo muito especial para estabelecer aqui este ribât!», concluiu o arqueólogo.
Fonte: Elizabete Rodrigues (26 Ago 2008). O Barlavento:
Estruturado de acordo com o espírito de Bolonha, o novo curso de 1º ciclo em Arqueologia, que a Universidade do Algarve (UAlg) oferece no ano lectivo de 2008/2009, dá a cada estudante a possibilidade de “desenhar” o seu próprio currículo com o apoio de um tutor. O curso inova também ao apostar na área da Arqueologia Empresarial, sector onde até agora não existia oferta formativa em Portugal. Seis cadeiras obrigatórias, 20 opcionais Fonte: (4 Jun2008). O Barlavento.on line: http://www.barlavento.online.pt/index.ph |
«Cuidado com o Óscar!», exclamou Alberto Machado, enquanto, com a ajuda de Vasco Dantas, segurava com cuidado a ânfora romana acabada de sair da água. «Olha que ele está preso!»
O Óscar, ao contrário do que se possa pensar, não é um mergulhador, que por qualquer razão tenha ficado preso durante a tarefa de trazer à luz do dia a ânfora romana que estava no fundo do estuário do Arade.
Depois de dois mil anos no fundo do rio Arade, aqui está a ânfora romana
O Óscar é um polvo aí de uns dois quilitos, que durante anos viveu descansado dentro da ânfora milenar, enterrada no leito do rio, a mais de seis metros de profundidade, frente à Praia Grande.
E, com a retirada da ânfora, o pobre do polvo perdeu a sua casa de anos e anos. Mas Alberto Machado descansou os espíritos mais inquietos: «deixámos lá no fundo uns cinco ou seis covos para ele escolher».
«Mas isso é como trocar uma mansão por um T0», alguém gracejou. O Óscar, que veio à tona da água dentro da ânfora, lá acabou por sair, soltar-se do saco de rede em que a milenar peça foi depositada, e, largando um jacto de tinta escura, lá escapou outra vez para dentro de água, desaparecendo no rio.
Com a saúde do inquilino da ânfora devidamente acautelada, Machado e Vasco puxaram a peça para dentro do barco de borracha de apoio, depositaram-na com mil cuidados numa esponja, cobriram-na com um cobertor molhado em água salgada do estuário e transportaram-na para terra.
O levantamento desta ânfora com cerca de 2000 anos foi uma operação levada a cabo pelo Grupo de Estudos Oceânicos (GEO), uma associação com sede em Portimão que há muitos anos colabora na investigação sobre a riqueza arqueológica do Rio Arade.
A operação marcou o início das dragagens no estuário do rio, na zona portuária, que começaram no sábado à tarde, mal a draga dinamarquesa chegou a Portimão, e que, em pleno domingo, continuavam a todo o vapor.
A retirada da ânfora, bem como a colocação de bóias assinalando zonas do estuário onde há importantes vestígios arqueológicos ainda por explorar, foi uma operação decidida entre o Igespar e o Instituto Portuário e dosTransportes Marítimos, responsável pelas dragagens.
A ideia é evitar que os trabalhos de aprofundamento da bacia de manobras e outros no estuário provoquem, como aconteceu em anteriores campanhas de dragagens, sérios danos no património arqueológico subaquático.
Para já, a ânfora romana de cerca de 80 centímetros, intacta, foi retirada e será agora sujeita a um processo lento de dessalinização e depois de conservação.
Tendo em conta que os trabalhos foram pagos pela Câmara de Lagoa, em cuja “metade” do estuário do Arade se situavam os vestígios arqueológicos, a ânfora deverá depois ser depositada neste concelho…ainda que, pelo menos para já, Lagoa não tenha qualquer museu ou estrutura vocacionada para receber a milenar ânfora.
In: elisabete rodrigues (22 Out 2007). O Barlavento, on line: http://www.barlavento.online.pt/index.ph
A Rede de Museus do Algarve foi fundada no passado dia 16 de Outubro, e congrega nove instituições museológicas da região. O objectivo é o desenvolvimento de acções em parceria, que visam o apoio e a cooperação entre os museus da região, promovendo uma valorização real da oferta cultural do Algarve.
Tendo por base quatro Museus Municipais do Algarve, nomeadamente, Portimão, Tavira, Faro e Albufeira, a composição da Rede rege-se por uma Carta de Princípios, onde estão definidas as linhas de acção deste grupo de trabalho.
O Museu do Trajo de S. Brás de Alportel, o Museu Municipal de Loulé, o Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortigão, o Museu Municipal Dr. José Formosinho – Lagos e o futuro Museu Municipal de Lagoa fazem também parte desta Rede.
Na reunião que decorreu em Albufeira no dia 16 de Outubro de 2007, foi eleito o comité de coordenação constituído por representantes de cinco dos museus, nomeadamente, Museu do Trajo de S. Brás de Alportel, Museu Municipal de Tavira, Museu Municipal de Portimão, Museu Municipal de Loulé e Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira.
In: CE / RS (18 Out 2007). Região Sul: http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?ref
O Monte Molião , na entrada da cidade de Lagos, poderá ser o que resta da antiga Lacobriga das fontes clássicas. Terá sido este o local sitiado pelas tropas comandadas por Metelo e que Sertório «libertou». Na vertente sul do Monte Molião , em frente à actual cidade de Lagos, foram descobertos fornos do Alto Império romano.
São pelos menos esses os indícios que os trabalhos arqueológicos de campo que estão a decorrer este ano, levados a cabo pela equipa liderada Ana Margarida Arruda, da Faculdade de Letras de Lisboa, no Monte Molião , têm trazido à luz do dia.
Este sítio, localizado frente à cidade, do outro lado da ribeira, tornou-se uma referência incontornável da arqueologia algarvia e a sua identificação com a Lacobriga referida nas fontes clássicas (povoação antiga que teve um papel importante nas guerras lusitano-romanas ) tem levado à criação de toda uma mistificação arqueológica em torno do local.
Pela sua importância, mas também como uma forma de conhecer e preservar as origens de Lagos e dos lacobrigenses, a Câmara local, em conjunto com a Universidade de Lisboa, começou, no Verão passado, a primeira campanha de escavação arqueológica sistemática no Monte Molião .
Os trabalhos de 2006 vieram ajudar a desenterrar um passado bem longínquo, uma vez que a ocupação do sítio ocorreu entre finais do século IV antes de Cristo e os inícios do século II d.C , ou seja, entre 2400 a 1800 anos atrás.
Estas descobertas vêm sustentar a existência de uma ocupação pré-romana naquele sítio, que, embora tivesse sido presumida por anteriores investigadores, nunca tinha sido confirmada no terreno, com escavações arqueológicas, como aconteceu agora.
Este ano, os arqueólogos e dezenas de alunos foram mais longe e fizeram sondagens de micro-topografia e prospecção geofísica.
Segundo o arqueólogo Pedro Lourenço, responsável pelos trabalhos na zona A, «estes trabalhos mostram-nos que esta era uma zona densamente povoada. Encontramos aqui estruturas que poderão fazer parte de um grande edifício público», esclareceu.
Associadas a essas estruturas, que datam do século I e II da era cristã, foram recolhidos numerosos materiais arqueológicos, sobretudo cerâmica, moedas, vidros e anzóis, que, segundo Pedro Lourenço, indicam que «esta zona tinha actividade piscatória».
Mas foi o lado Sul do Molião que trouxe mais surpresas, este ano. «Aqui podem ver-se grandes áreas com tijolos, estruturas circulares que correspondem a fornos. Determinámos que são da época romana, do período do Alto Império, datados dos séculos I e II d.C », explicava ao «barlavento» Patrícia Bargão , arqueóloga responsável pelas escavações na área C.
«Poderão ser fornos domésticos, comunitários, ou poderão ser fornos de cerâmica comum», acrescentou.
Mas a ocupação deste esporão iniciou-se, contudo, em época pré-romana. As estruturas encontradas e que estão escavadas na rocha demonstram uma ocupação mais antiga, correspondente à segunda Idade do Ferro, séculos IV/III antes de Cristo, disse Patrícia Bargão .
Os vestígios desta época poderão ter pertencido a habitações ou espaços domésticos.
Segundo Elena Morán , arqueóloga da Câmara de Lagos, as populações que habitaram o Monte Molião nesta altura «estavam incluídas nos circuitos comerciais mediterrâneos, a avaliar pelas importações de cerâmicas gregas já identificadas».
Mara Dionísio (11 de Ago 2007). O Barlavento Algarvio.
http :/ www.barlavento.online.pt index.php /noticia?id=17250
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