Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

NOTÍCIAS DE ARQUEOLOGIA

O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...


Domingo, 31.08.08

Arqueólogos investigam a mais antiga escola corânica da Península Ibérica

Foto


O casal de holandeses chegou à Ponta da Atalaia, no litoral de Aljezur, depois de ter visitado, no Museu de Albufeira, a exposição sobre o ribât, a fortaleza-mosteiro da época islâmica que há sete anos os arqueólogos Mário e Rosa Varela Gomes estão a escavar naquele local.


A sua curiosidade sobre um sítio arqueológico que é único em Portugal e quase na Europa levou-os a fazer a viagem entre o Algarve cosmopolita e este outro Algarve da Costa Vicentina.

«Todos os dias aparecem aqui pessoas que querem saber mais sobre este lugar. Umas chegam aqui por acaso, outras já sabem ao que vêm, porque leram algures, ouviram falar ou, como no caso desse casal de holandeses, porque viram a exposição em Albufeira e depois quiseram conhecer o ribât no próprio sítio», explica ao «barlavento» o arqueólogo Mário Varela Gomes.

Desde o princípio da semana passada e apenas por um período de quinze dias - «o financiamento não dá para mais» - uma equipa de 20 jovens estudantes de arqueologia, coordenada por Varela Gomes, está a trabalhar quase em contra-relógio na Ponta da Atalaia, a curta distância do Vale da Telha, onde há sete anos foram descobertos os vestígios do ribât da Arrifana, fundado no século XII pelo mestre sufi Ibn Qasi.

Desta vez, o objectivo das escavações é a área da madrasa, a escola corânica, cujo imenso pátio já foi posto a descoberto em anos anteriores. «É a mais antiga madrasa da Península Ibérica», assegurou Varela Gomes.

No dia em que o «barlavento» visitou o local, os jovens arqueólogos escavavam, com todos os cuidados, a sétima mesquita descoberta no perímetro até agora investigado.

«Sete anos de escavações, sete mesquitas», comentava Mário Varela Gomes. Das paredes da pequena mesquita, feitas com xisto e antigamente recobertas de estuque no interior, apenas restam agora umas fiadas de pedra, que não chegam a atingir meio metro de altura.

Mas é o suficiente para perceber como era o antigo local de oração destes muçulmanos, monges-guerreiros e peregrinos, que há novecentos anos viveram nesta ponta do Ocidente islâmico.

Curiosa foi a descoberta de mais um mirab, o nicho voltado para Meca que indica a presença de uma mesquita. Desta vez, além dos restos de paredes com o formato em ferradura, foi ainda descoberto o arranque da abóbada do mirab, tornando-o no mais bem preservado até agora identificado no ribât da Arrifana.

E, num derrube de uma das paredes da mesquita, surgiu também mais um rolinho de chumbo, daqueles onde os muçulmanos colocavam versículos do Corão, que depois depositavam nas paredes dos seus locais de oração.

Como os já descobertos anteriormente, também este não foi ainda aberto pelos arqueólogos, uma tarefa que terá que ser feita com outros meios e em ambiente controlado. «Mas sabemos o que lá estará: frases de reafirmação da sua fé».

Ainda que a campanha arqueológica seja curta, os trabalhos deste Verão permitem confirmar a religiosidade do local, situado nos confins do mundo islâmico, numa época conturbada internamente entre os muçulmanos da Península Ibérica e com as tropas cristãs de D. Afonso Henriques às portas.

«Em Portugal, só se conheciam a mesquita de Mértola e uma em Alcoutim. Aqui, na Ponta da Atalaia, há um complexo religioso, o ribât da Arrifana, e as mesquitas são muito semelhantes às do deserto e às de Guardamar, em Espanha. Este ribât era um local de pobreza, de abandono do luxo e dos bens materiais, por isso não esperamos encontrar aqui um espólio rico», explicou o arqueólogo.

«Ibn Qasi era de facto um indivíduo muito especial para estabelecer aqui este ribât!», concluiu o arqueólogo.

Fonte: Elizabete Rodrigues (26 Ago 2008). O Barlavento: 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por noticiasdearqueologia às 12:10

Sexta-feira, 11.04.08

Loulé: Mercado municipal revela achados arqueológicos

Uma mostra com cerca de duas dezenas de peças encontradas aquando dois momentos importantes da história do Mercado Municipal de Loulé - em 1905, na altura dos trabalhos da sua construção, e em 2005, durante as obras de requalificação - vai estar patente ao público até dia 14 de Setembro, no âmbito da exposição "Antes do mercado".
São peças que pertenciam aos habitantes das casas que existiam neste espaço antes do edifício ter sido erguido e que retratam o quotidiano de então. Candeias, lamparinas, jarros, púcaros, pratos e muitos outros objectos datados de um período que vai desde a época islâmica (século XII/XIII) até à época moderna (século XVII/XVIII) e que nos dão a conhecer o modo de vida das gentes que habitaram a região algarvia.


Fonte: 8 Abr 2008. Jornal de Notícias.


Notícia continua em: http://jn.sapo.pt/2008/04/08/pais/mercado_municipal_revela_achados_arq.html

Autoria e outros dados (tags, etc)

por noticiasdearqueologia às 12:50

Sábado, 05.04.08

Swedes find Viking-era Arab coins







Ancient Arab coins found in Sweden (pic: Swedish National Heritage Board)
The Arab coins reveal where they were minted and the date




Swedish archaeologists have discovered a rare hoard of Viking-age silver Arab coins near Stockholm's Arlanda airport.


About 470 coins were found on 1 April at an early Iron Age burial site. They date from the 7th to 9th Century, when Viking traders travelled widely.


There has been no similar find in that part of Sweden since the 1880s.


Most of the coins were minted in Baghdad and Damascus, but some came from Persia and North Africa, said archaeologist Karin Beckman-Thoor.


The team from the Swedish National Heritage Board had just started removing a stone cairn at the site "when we suddenly found one coin and couldn't understand why it was there", she told the BBC News website.




Sweden map



"We continued digging and found more coins and realised it was a Viking-age hoard." The coins were left there in about AD850, she said.


Such Viking hoards usually come from Gotland - a large Swedish island in the Baltic Sea, she explained.


"No Viking was buried at this site - the grave is older. Maybe the Vikings thought the hoard would be protected by ancestors," Ms Beckman-Thoor added. Vikings had settled in a village nearby.


The Vikings travelled widely in their longships in the Baltic region and Russia from the late 8th to the 11th Century. They are known to have travelled as far as North Africa and Constantinople (now Istanbul).


Fonte: (4 Abr 2008). BBC, news: http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7330540.stm


Autoria e outros dados (tags, etc)

por noticiasdearqueologia às 11:56

Quinta-feira, 17.01.08

Loulé: Descobertos banhos islâmicos

A população e a autarquia de Loulé juntaram forças e descobriram os primeiros banhos públicos islâmicos (século XIII) que podem ser vistos a olho nu em Portugal. A descoberta deve-se a escavações arqueológicas recentes, fruto do trabalho voluntário coordenado por profissionais de arqueologia. Com o objectivo de juntar profissionais da arqueologia e população em geral à roda de artefactos e construções islâmicas, a escavação arrancou no Verão passado com o Festival do Mediterrâneo (MED) e a sorte bateu nas muralhas da cidade de Loulé onde, pela primeira vez em Portugal, se pode ver de perto os banhos públicos islâmicos. Além das paredes islâmicas, com 1, 80 metros de altura, que se encontraram dentro da muralha que contorna a cidade, foram também encontradas "instalações dos banhos públicos islâmicos que são os únicos em Portugal que se podem ver", contou à agência Lusa a arqueóloga municipal Isabel Luzia.
A egiptóloga Rose Oliveira, 48 anos, britânica a morar há mais de 20 anos no Algarve, e Olívia, 10 anos, também inglesa e voluntária nos trabalhos, estiveram ontem de manhã com picaretes, pás, colherins e baldes à volta dos banhos islâmicos. A pequena Olívia, que assegura sonhar ser arqueóloga, foi aluna de Rose Oliveira e pertence ao Clube de Egiptologia em Loulé. Foi através do clube que soube como participar nas escavações. O objectivo da iniciativa dos serviços de Arqueologia e Restauro da Divisão de Cultura da Câmara de Loulé, é fazer do espaço da descoberta daqueles preciosos vestígios islâmicos "um espaço museológico", assegurou o responsável pela Divisão da Cultura, Luís Guerreiro.


Fonte: (13 Jan 2008). Jornal de Notícias: http://jn.sapo.pt/2008/01/13/pais/descobertos_banhos_islamicos.html

Autoria e outros dados (tags, etc)

por noticiasdearqueologia às 15:29

Quinta-feira, 15.11.07

Aljezur edita livro para atrair apoios para o Ribât da Arrifana

Foto


Reconstituição de uma mesquita do Ribât da Arrifana

São 120 páginas, com textos, fotografias e ilustrações. Mais do que um simples catálogo da exposição «Ribât da Arrifana – Cultura material e espiritualidade», este livro pretende ser uma chave que abra portas aos apoios de que este importante sítio arqueológico na costa de Aljezur precisa para terminar as pesquisas arqueológicas e poder ser, enfim, musealizado.


Notícia continua in: (15 Nov 2007). Barlavento, on line: http://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=19654

Autoria e outros dados (tags, etc)

por noticiasdearqueologia às 22:42

Sábado, 10.11.07

Catálogo sobre o Ribât da Arrifana vai ser lançado em Aljezur


Foto 


Cerâmicas recolhidas nas escavações arqueológicas no Ribât da Arrifana


 

O catálogo da exposição de arqueologia «Ribât da Arrifana – Cultura Material e Espiritualidade», que esteve patente em Setembro, em Aljezur, vai ser lançado oficialmente no sábado, dia 10, às 15h30, no salão nobre dos Paços do Concelho desta vila.



A exposição, depois de se ter estreado em Aljezur, deverá ser apresentada, no próximo ano, no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.


In: Elisabete Rodrigues (8 Nov 2007). O Barlavento, on line: http://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=19528

Autoria e outros dados (tags, etc)

por noticiasdearqueologia às 00:53

Segunda-feira, 22.10.07

Évora : Arqueólogos investigam Jardim Público

 

Dois esqueletos com quase mil anos, de uma mulher e de uma criança, foram encontrados recentemente na mata do Jardim Público de Évora.
A descoberta foi feita pela equipa de arqueólogos que procura parcelas não visíveis da Muralha Fernandina.

“Encostada à muralha encontramos dois enterramentos”, revelou à DianaFm a arqueóloga Conceição Maia, indicando que “possivelmente são muçulmanos”.
De acordo com a responsável, os dois esqueletos foram entregues para a estudos antropológicos na Universidade de Évora.
A equipa de arqueologia considera mesmo possível que naquela zona se encontre uma necrópole.
A autarquia vai iniciar em breve as obras de requalificação do Jardim Público, pelo que é necessário delimitar as áreas sensíveis, para depois não atrasar a obra.
“A Muralha Fernandina, que envolve toda a cidade, chega à zona da Rua do Raimundo e desaparece completamente”, indicou Conceição Maia.
Segundo a arqueóloga, “em cartografias antigas a muralha passa no jardim público e na mata e é isso que viemos sondar”.
Estão visíveis, perto das “Ruínas Fingidas”, parte das escavações já realizadas, nesta etapa inicial do programa de recuperação e valorização do Jardim Público.


In: (19 Out 2007). Diana FM: http://www.dianafm.com/index.php?option=com_content&task=view&id=8089&Itemid=3 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por noticiasdearqueologia às 00:05

Sexta-feira, 14.09.07

Arqueólogos esclarecem mistérios da Torre de Odeceixe

Durante séculos esteve esquecida e escondida entre estevas. Este ano, a primeira campanha arqueológica permitiu algumas conclusões. Um dos jovens estudantes de arqueologia passa carregando dois baldes de terra. Com cuidado, equilibrando-se para não escorregar, desce o cerro para despejar a terra num monte, mais abaixo.


Foto



«Temos tirado muita terra daqui, porque, apesar de já se ver bem a estrutura dos muros, há aqui muitos derrubes», explica a arqueóloga Rosa Varela Gomes ao «barlavento».
O local onde os trabalhos arqueológicos decorrem, ao longo de nove dias de Agosto, é o sítio da Torre, um monte cónico sobranceiro ao vale da Ribeira de Seixe, no concelho de Aljezur, uma zona de “fronteira” entre o Algarve e o Alentejo.
No cimo desse cerro, a primeira campanha sistemática de escavações arqueológicas permitiu este ano identificar claramente os restos de uma antiga torre de atalaia circular, composta por um anel de grossos muros de xisto, rebocados a argamassa, com um outro semi-círculo de muros encostado.
Rosa Varela Gomes, uma das arqueólogas responsáveis pela intervenção, já não tem dúvidas de que a torre remonta aos tempos islâmicos, aos séculos XII e XIII, quando as tropas dos reis cristãos de Portugal se aproximavam perigosamente daquele que foi o último reduto dos «mouros» no território hoje português, o Algarve. Esta foi, de facto, «a última grande fronteira do Garb» islâmico, acrescenta.
«Esta torre islâmica controlava esta importante ligação entre o Baixo Alentejo e o Algarve», explicou Rosa Varela Gomes ao «barlavento».
Para mais, acrescentou, nessa época, a ribeira de Seixe era navegável até àquela zona, situada a cerca de três quilómetros da foz, na Praia de Odeceixe. «Esta torre só se justificava num sistema defensivo que se relacionava com a aproximação dos cristãos», acrescenta a arqueóloga.
A provar que a morfologia da zona seria bem diferente há 800 anos, está o facto de ali quase aos pés da Torre existir um local chamado Porto da Torre, que seria um antigo atravessamento da ribeira, nessa altura bem mais profunda.
Do alto do cerro, junto ao que resta dos muros da secular atalaia, avista-se o vale da ribeira de Seixe, de um lado, mas também a Fóia, o ponto mais alto da Serra de Monchique, do outro.
Rosa Varela Gomes considera mesmo a hipótese de esta torre ter estado ligada a outras semelhantes, que se avistavam umas às outras, e assim mantinham a segurança da fronteira natural entre o Baixo Alentejo e o Algarve, formada pelas serras.
Apesar de todas as suas precauções defensivas, estes redutos dos guerreiros islâmicos acabaram por ser tomados pelos cristãos.

Depois dos mouros, os cavaleiros de Santiago?
Rosa Varela Gomes acredita que a torre, pela sua situação estratégica, continuou a ser utilizada em Época Medieval cristã, para controlar precisamente a passagem naquela zona. Depois dos mouros, ao que tudo indica, a Torre de Odeceixe poderá ter sido utilizada pelos cavaleiros da Ordem de Santiago, a quem aquelas terras foram doadas pela coroa portuguesa.
Prova de que a torre continuou a ser ponto importante nos tempos medievais portugueses parece ser uma petição dos mercadores algarvios datada de 1398, que solicitavam a D. João I dispensa de pagarem portagem, duas vezes, quando se deslocavam à feira de Garvão, no Baixo Alentejo. Uma das portagens poderia ser paga precisamente na Torre de Odeceixe.
Rosa Varela Gomes, que, há dois anos, quando visitou o local pela primeira vez, tinha colocado a hipótese de a atalaia ter sido utilizada até à época Moderna, ou seja, pelo menos até ao século XVI, considera agora que tal não aconteceu, pelo menos não surgiram quaisquer evidências disso.
«Temos recolhido poucos materiais, na sua maioria são apenas telhas islâmicas e uma panela do século XII, que poderia ter sido utilizada tanto por muçulmanos como por cristãos. Mas não surgiu nada de épocas posteriores». Por isso, a torre deverá ter sido abandonada no fim da época medieval, talvez por deixar de ter interesse estratégico.
«Em Portugal não conheço nada igual a esta torre, com uma atalaia e uma zona de habitação adossada», garante Rosa Varela Gomes. O que desperta a atenção dos investigadores é o facto de a torre central ser circundada, pelo menos num dos lados, por um recinto fortificado, contendo diversos compartimentos no seu interior.
Presume-se que esses compartimentos serviriam para habitação da guarnição islâmica da torre e até, quem sabe, de familiares desses soldados. Algo que nunca foi encontrado noutro local, nem sequer em Espanha, onde já foram investigadas torres semelhantes.
«Em Espanha há exemplos de torres em que os familiares do guerreiros se instalavam na zona, mas em povoados separados, ao contrário do que parece acontecer aqui».
Em nove dias de campanha, parte dos quais a lutar contra a terra, o pó, o vento e as toneladas de pedra derrubadas, a equipa de arqueólogos e estudantes de arqueologia pouco mais conseguiu que delimitar o perímetro da estrutura e colocar à vista os fortes muros.
«Ainda há muito trabalho para fazer. Por exemplo, nestes compartimentos, ainda não encontrámos as portas de entrada, pelo que presumimos que devemos estar a escavar a um nível muito alto. As portas devem estar ainda lá debaixo», esclarece Rosa Varela Gomes.
Uma das suas preocupações, até ao nível da segurança dos jovens estudantes que ali trabalham, é que aquela torre «deveria ter uma cisterna», para garantir o abastecimento de água à guarnição.
E a cisterna poderá lá estar ainda, quem sabe se intacta. «Temos que trabalhar com cuidado, para não haver nenhuma surpresa desagradável», garante a arqueóloga.


In: Elisabete Rodrigues (26 Ago 2007). Barlavento, on line: http://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=17626

Autoria e outros dados (tags, etc)

por noticiasdearqueologia às 00:20

Sábado, 01.09.07

Ribât da Arrifana (Aljezur): seis anos de trabalho...

Uma exposição vai pela primeira vez apresentar ao grande público o resultado das investigações. Em 2008, a mostra ruma a Lisboa. Mário Varela Gomes, arqueólogo responsável – em conjunto com a sua mulher Rosa Varela Gomes - pelas escavações que têm decorrido, desde há seis anos, naquele local à beira mar, salientou que o principal objectivo da exposição é dar a conhecer o trabalho de investigação já desenvolvido, mas também chamar a atenção para a importância desta fortaleza-mosteiro islâmica com mais de 800 anos, que terá sido reduto do mestre sufi e monge-guerreiro Ibn-Qasi.


Foto


Reconstituição de uma mesquita do Ribât da Arrifana




Mais do que a vertente material, mostrando as peças recolhidas ao longo das escavações arqueológicas, o investigador chama a atenção para a «vertente espiritual do sítio», que será um aspecto «muito inovador» desta exposição.
Para a ilustrar, a mostra apresentará, pela primeira vez, ao grande público, peças religiosas, como os rolinhos de chumbo provavelmente contendo versículos do Corão, a inscrição corânica numa placa de xisto, ou ainda uma outra inscrição com referências a Alá numa placa de cerâmica, encontrada na curta campanha de escavações deste Verão.
«Em termos de espólio material, não haverá peças de grande aparato para mostrar», porque no ribât da Arrifana, na Ponta da Atalaia, o que existia era um mosteiro, habitado por monges-guerreiros e por peregrinos que escolhiam viver ali, naquela espécie de fim do mundo, fazendo uma vida frugal dedicada à oração.
A exposição resulta de uma candidatura da Associação de Defesa do Património Histórico-Arqueológico de Aljezur a um programa da delegação do Algarve do Ministério da Cultura, contando ainda com o apoio da Câmara desta vila da Costa Vicentina e de empresas locais.
Mas, mesmo assim, o dinheiro é curto, uma vez que, além da mostra em si, vai ser editado um extenso catálogo.
José Marreiros, presidente da Associação, não disfarça o seu contentamento, mas também algum nervosismo com a aproximação da data em que a exposição vai abrir, já que esta será a maior mostra alguma vez produzida e apresentada no concelho.
No dia em que o «barlavento» falou com ele, José Marreiros transportava no seu carro, de regresso de Lisboa, algumas das peças que estarão patentes e que tiveram que ser sujeitas a restauro, outra vertente que aumentou os custos da iniciativa.
«Temos mais de duas dezenas de peças de cerâmica, mas também outras peças, como lanças, contas de colar, pesos de tecelagem, objectos religiosos. Foi preciso tratar tudo isso, restaurar. E isso tem custos», explicou o presidente da Associação.
José Gonçalves, vereador da Cultura da Câmara de Aljezur, que tem dado todo o seu apoio às escavações e a esta mostra, não esconde o desejo de, através da exposição, que na Primavera do próximo ano até irá estar patente no Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa, «conseguir finalmente congregar para o ribât da Ponta da Atalaia toda a atenção das entidades oficiais».
«Aquilo é demasiado importante para estar a ser investigado aos soluços, um mês em cada Verão», salientou o autarca. «Precisamos de mais», frisou.
«Esperamos que esta grande exposição chame a atenção para a importância deste sítio arqueológico único na Península Ibérica e que aproxime mais as entidades que nos deviam apoiar, como o Ministério da Cultura, mas também outras instituições e até empresas», concluiu José Gonçalves.
Enquanto estas esperanças não se concretizam, o catálogo não deverá ser apresentado já no dia 7, na abertura da exposição.
O «barlavento» sabe que a ideia seria convencer a ministra da Cultura Isabel Pires de Lima a vir até Aljezur numa outra data, para então lançar o livro, com pompa e circunstância. Mas até agora, garante o vereador José Gonçalves, ainda não há confirmação da disponibilidade da ministra.
Entretanto, abrindo as portas no dia 7 de Setembro, às 17h30, no Espaço +, a exposição «Ribât da Arrifana – Cultura Material e Espiritualidade» poderá ser vista até 5 de Outubro. Com ou sem ministra.
Elisabete Rodrigues (1 Set 2007). O Barlaventohttp://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=17747

Autoria e outros dados (tags, etc)

por noticiasdearqueologia às 23:24

Segunda-feira, 27.08.07

MEDINA ISLÂMICA do século X descoberta em Cacela-Velha

A recente descoberta de uma medina islâmica do século X em Cacela-Velha, Algarve, terá sido a gota de água para a autarquia de Vila Real Santo António decidir avançar com a musealização daquela localidade.

Escavações arqueológicas realizadas no Largo da Fortaleza de Cacela-Velha entre Maio e Junho deste ano levaram à descoberta da medina de Qast´alla Darraj, do século X, época controlada pela família berbere dos Banu Daraj.


Um dos membros mais conhecidos da família berbere Banu Daraj foi Ibn Darraj al-Qastalli (958-1030), um poeta e secretário da Chancelaria, e uma das figuras mais emblemáticas da época.


Os trabalhos arqueológicos permitiram também confirmar a existência da habitação do cádi (magistrado que acumula funções religiosas e judiciais) neste importante porto costeiro do Garb al-Andalus.


Durante as escavações foram também identificados sete silos, 5 dos quais de grandes dimensões, constituindo uma raridade arqueológica.


Os novos achados arqueológicos islâmicos, principalmente do período almóada, levaram a que o município de Vila Real de Santo António decidisse iniciar um projecto de «musealização deste importante sítio arqueológico algarvio».


Numa nota informativa da Câmara de Vila Real de Santo António lê-se que a musealização vai estabelecer um protocolo com o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar).


No âmbito do protocolo com o IGESPAR prevê-se continuar, em 2008, com a investigação arqueológica e um estudo e restauro do espólio encontrado.


As escavações foram levadas a cabo pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela e contaram com a colaboração do Igespar, da Direcção Regional da Cultura do Algarve e Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos.


(18 Jul 2007) Diário Digital / Lusa : http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=286716

Autoria e outros dados (tags, etc)

por noticiasdearqueologia às 00:35


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Pesquisar no Blog  

calendário

Setembro 2016

D S T Q Q S S
123
45678910
11121314151617
18192021222324
252627282930