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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
A Câmara de Terras de Bouro vai retirar, durante o Verão, mais dois marcos miliários romanos agora encontrados no concelho e que se vêm juntar a um terceiro descoberto recentemente, disse hoje, à Lusa, fonte autárquica.
O marco recentemente retirado, e que se encontra guardado na sede do concelho, vai ser hoje estudado pelo arqueólogo António Rodrigues Colmenero, especialista em epigrafia romana, que fará a leitura da inscrição nele contida.
De acordo com Francisco Sande Lemos o marco, que foi encontrado em Terras de Bouro junto à Geira - a antiga via romana que ligava Braga a Astorga, Espanha - é do século IV D.C., "uma época em que Braga (então chamada Bracara Augusta) estava no seu apogeu político, económico e social".
A urbe romana - frisou o arqueólogo em declarações à Lusa - era, então, o centro político e administrativo, a cabeça de uma província que abrangia grande parte do Noroeste de Portugal e Espanha.
"Na última fase do Império Romano, Braga era uma cidade de grande esplendor, sendo a capital da província da "Gallaecia", cuja área ultrapassava a da actual Galiza indo até à Cantábria", adiantou.
O especialista, que foi durante as últimas duas décadas um dos peritos da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, revelou que está comprovado, por estudos e escavações, que, nessa fase "tardia" do Império foram lançadas diversas obras públicas, quer edifícios quer estradas.
Sande Lemos classifica de "exemplar" o estudo e escavação dos vestígios da urbe romana, sublinhando que foi em Braga que apareceu um dos dois teatros romanos existentes em Portugal.
"Dizia-se que estava tudo destruído, mas, a verdade é que Braga tem vestígios muito importantes para o estudo da romanização na Península", assinala.
Sande Lemos, que tem dedicado muita da sua investigação à Geira, está a estudar os vários marcos miliários romanos que apareceram, na milha XVII, junto à antiga via romana (Geira), próximo do lugar de S. Sebastião, no Gerês.
O último achado consiste num miliário epigrafado, do princípio do século IV, embora ainda não se tenha determinado qual o imperador que então comandava Roma.
"Há já 200 marcos miliários, com ou sem inscrição, encontrados na Geira, e ainda haverá novas descobertas", sublinhou Sande Lemos, acrescentando que se trata de uma das maiores concentrações do mundo deste tipo de vestígio arqueológico.
A Geira, a via que ligava Braga (Bracara Augusta) a Astorga (Asturica Augusta), na Galiza, atravessava o concelho em 30 quilómetros, depois de passagens por Braga, Póvoa de Lanhoso, Amares e Vieira do Minho.
Foi já classificada como património nacional, estando em preparação uma candidatura luso-galaica a património mundial, que inclui a inventariação do seu traçado, a limpeza, a recolha arqueológica e a sinalização.
A iniciativa tem como outros parceiros os municípios de Amares e Lugo (Galiza), e os parques, Nacional da Peneda-Gerês e do Xurês Baixo Límia.
Fonte: (4 Jun 2008). Lusa: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?art
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