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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
O Complexo Arqueológico dos Perdigões, um projecto da Herdade do Esporão, próximo de Reguengos de Monsaraz (Évora), é agora um forte ponto de atracção para o público, pelas suas mais recentes descobertas.
Os achados científicos apontam para novas interpretações e novos significados sobre as primeiras sociedades de pastores e agricultores no interior alentejano há cerca de 5.500 anos. Alguns destes achados, estatuetas antropomórficas em marfim, são raros na Península Ibérica e podem agora ser vistas, pela primeira vez, em território nacional.
De acordo com o arqueólogo António Varela, responsável pelas escavações, foi encontrado um importante conjunto de ídolos em marfim, numa área de acumulação de restos humanos cremados. Desse conjunto, destacam-se cerca de 20 estatuetas em marfim, datadas de meados do 3º milénio a.C., que terão à volta de 4.500 anos. Esta descoberta, coloca assim, os Perdigões como o complexo arqueológico com a maior quantidade de objectos em marfim no contexto da pré-história portuguesa. Estas estatuetas normalmente representam características masculinas, de grande realismo e beleza estética.
Os recintos dos Perdigões relacionam-se com o apogeu das primeiras sociedades camponesas europeias, que desenvolveram grandes e complexos povoados ou centros cerimoniais, que agregavam comunidades de vastos territórios.
Este conjunto pré-histórico compreende uma área, aproximadamente, de 20 hectares e é composto por um extenso conjunto de recintos concêntricos delimitados por grandes fossos, escavados na terra e na rocha, por necrópoles (cemitérios) e um cromeleque de menires associados a recintos cerimoniais circulares, compostos por grandes blocos de pedra colocados ao alto.
Construído por comunidades neolíticas e da Idade do Cobre, este sítio terá tido um grande simbolismo para as comunidades que habitavam aquela área, tendo sido utilizado para práticas funerárias, relacionadas com o culto dos mortos e dos antepassados. A vida no recinto dos Perdigões estendeu-se por mais de 1.500 anos e foi lá que, em 1996, quando o Esporão adquiriu a Herdade dos Perdigões para nela plantar vinha, se descobriu este notável lugar.
Desde 1997 que este projecto é liderado pela ERA - Arqueologia, um programa de investigação, protecção e promoção deste sítio arqueológico. O projecto conta com o apoio financeiro e logístico do Esporão e do Estado Português e inclui especialistas de várias instituições, nomeadamente, das universidades de Coimbra e de Málaga, o Instituto Arqueológico Alemão, o Laboratório de Arqueociências do Igespar ou o Instituto Tecnológico e Nuclear.
O sítio vai estar aberto ao público pelo menos até 2014, quando o financiamento acordado para o projecto chega ao fim. Os responsáveis pelo complexo arqueológico esperam renovar esse apoio financeiro nessa altura.
Fonte: Catarina Gomes (09 Ago 2012). SOL: http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interi
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