Uma das peças recuperadas, uma miniatura em bronze de um cão (DR)
O Museu Metropolitan, em Nova Iorque, vai devolver ao Egipto 19 peças arqueológicas pertencentes ao túmulo do faraó Tutankhamon, anunciou este fim-de-semana o Conselho Supremo de Antiguidades Egípcias.
Entre as peças que vão ser devolvidas, e que estão há mais de 50 anos no museu nova-iorquino, está uma miniatura de um cão em bronze, com cerca de dois centímetros de altura e uma pulseira com a forma de uma esfinge.
O anúncio feito pelo secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades Egípcias, Mohamed Abdel Maqsud, informou ainda que o subdirector do Departamento de Arqueologia Egípcia, Atef Abul Dahab, está nos Estados Unidos a acertar os últimos pormenores do acordo e chegará ao Egipto com os objectos na terça-feira.
O Metropolitan decidiu entregar os objectos depois de longos anos de negociações entre os responsáveis egípcios e norte-americanos. Os dois países chegaram a acordo no final do ano de 2010. Na altura, Zahi Hawass, o então ministro das Antiguidades, anunciou que os objectos juntar-se-ão à colecção permanente de King Tut no novo Grand Egyptian Museumm, ainda em construção perto das pirâmides Giza e que deverá abrir portas em 2012.
Zahi Hawass foi demitido no início de Julho depois de ter sido duramente criticado pela sua relação próxima com o ex-Presidente Hosni Mubarak, afastado do poder em Fevereiro depois de várias manifestações populares.
As 19 peças arqueológicas, de pequeno tamanho, foram encontradas no túmulo de Tutankhamon, descoberto pelo arqueólogo britânico Howard Carter em 1922 na margem oeste do rio Nilo, na localidade de Luxor, a cerca de 700 km da capital. Na época, era prática comum os arqueólogos ficarem com alguns dos seus achados. As peças passaram para uma sobrinha de Carter, que terá então deixado os objectos arqueológicos ao museu de Nova Iorque.
“Estes objectos nunca deviam ter deixado o Egipto, e por isso devem pertencer ao governo do Egipto”, escreveu em comunicado Thomas Campbell, director do Museu Metropolitan.
Por seu lado, Abdel Maqsud agradeceu o gesto do museu nova-iorquino, destacando a ajuda que a instituição tem prestado ao Egipto na recuperação de peças arqueológicas, ilegalmente tiradas do território egípcio.
Até o novo museu estar concluído, as 19 peças recuperadas vão estar em exposição junto das antiguidades pertencentes a Tutankhamon, no Museu Egípcio do Cairo.
Fonte: (01 Ago 2011). Público: http://www.publico.pt/Cultura/museu-metropolitan-devolve-19-pecas-arqueologicas-ao-egipto_1505628
Uma nova mesquita, 21 sepulturas e uma lápide funerária com uma epígrafe em árabe foram descobertas este verão durante uma campanha no Ribãt da Arrifana (Algarve), chefiada por dois arqueólogos portugueses da Universidade Nova de Lisboa.
“Descobrimos no Ribãt uma nova mesquita, 21 novas sepulturas e uma segunda lápide sepulcral in situ com uma epígrafe em sete linhas de texto em árabe”, revelou à Agência Lusa a historiadora Rosa Varela Gomes.
O Ribãt (convento) da Arrifana, localizado na Península da Ponta da Atalaia, a cinco quilómetros de Aljezur, foi identificado há 10 anos pelos arqueólogos Rosa e Mário Varela Gomes, da Universidade Nova de Lisboa, que puseram a descoberto as ruínas de oito mesquitas, um minarete, um muro de orações, uma necrópole e objetos em cerâmica, panelas, armas metálicas e uma lápide funerária in situ (no local).
Na presente campanha estão a trabalhar mais de 20 estudantes de Arqueologia da Universidade Nova de Lisboa, que entre as 09:00 e as 18:00 escavam nas ruínas do Ribãt. Os trabalhos arqueológicos estão decorrer até final de agosto e foi possível realizá-los, porque este ano houve financiamento via programa "Polis Litoral do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina".
O Ribãt da Arrifana é um convento islâmico único em Portugal, fundado em 1130 por monges guerreiros para espalhar a Jihad (guerra santa).
“O Polis servirá para consolidar as estruturas encontradas e musealizar o espaço identificado para divulgar ao público, devolvendo o património à comunidade, algo que deve acontecer em 2013”, estima a historiadora, referindo que o Ribãt da Arrifana é o maior da Península Ibérica.
Existe um outro Ribãt perto de Alicante (Espanha), mas mais pequeno de dimensão.
O Ribãt da Arrifana foi fundado no século XII pelo mestre e monge guerreiro Sufi Ibn Qasi, que chegou a fazer um pacto de não agressão com o rei D. Afonso Henriques, para que este pudesse conquistar os territórios entre Mondego e Tejo.
As ruínas do convento-fortaleza do século XII revelam algumas celas onde os monges guerreiros rezavam e dormiam.
Uma escola corânica, uma grande necrópole e uma zona de lavagem para os mortos são outras das descobertas arqueológicas feitas no Algarve, conta Rosa Varela Gomes, referindo que todas as sepulturas estão viradas para Meca, cidade mais sagrada para a religião islâmica.
O Rabãt da Arrifana deve estar visitável até 2013, mas entretanto já foi palco fotográfico para um casamento islâmico e é visitado por centenas de turistas.
Os mariscadores são também presença assídua na Ponte da Atalaia e quando passam junto das ruínas do Ribãt, com os seus baldes negros, em busca de bivalves e outros mariscos, revelam um interesse genuíno pelos achados históricos, questionando os arqueólogos.
Fonte: (05 Ago 2011). Diário On line:http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=118670