O Iraque recuperou 638 peças arqueológicas que tinham sido perdidas em 2008 e que estavam, desde sua repatriação dos Estados Unidos, em um armazém do governo junto com utensílios de cozinha, informou nesta segunda-feira um ministro iraquiano.
Estes objetos - estátuas, pontas de lanças e vidros - são uma pequena parte das milhares de antiguidades roubadas há décadas dos sítios arqueológicos iraquianos e em 2003 das coleções do Museu Nacional em Bagdá durante o caos que se seguiu à invasão do país.
"Recebemos ontem dos serviços do primeiro-ministro 638 peças que foram confiscadas nas alfândegas americanas", declarou durante uma coletiva de imprensa no museu o secretário de Estado iraquiano para o Turismo e a Arqueologia, Qahtan al-Jubori.
Estes objetos, alguns dos quais remontam do terceiro milênio antes de Cristo, foram devolvidos à embaixada do Iraque nos Estados Unidos que pediu, segundo o ministro, ao exército que assegurasse sua repatriação ao Iraque.
Sem terem sido etiquetadas, as caixas com as preciosas antiguidades foram entregues no outono do Hemisfério Norte de 2008 e colocadas em um armazém junto com material de cozinha, completou.
Iraquano observa peças arqueológicas no Museu Nacional de Bagdá em 6 de setembro de 2010
Uma comissão de investigação criada a pedido do primeiro-ministro permitiu finalmente encontrá-las, dois anos depois, afirmou.
Depois da invasão do Iraque, em torno de 32.000 obras foram roubadas nos 12.000 sítios arqueológicos catalogados no país, e outras 15.000 desapareceram durante a pilhagem do Museu Nacional, segundo cifras oficiais.
Fonte: (20 Set 2101). AFP: http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jgrzWcDNthp5w3t80bvw5ZrqTapg
O estádio de Recife para 2014 está sendo palco de um estudo arqueológico. Segundo o jornal O Globo, especialistas escavaram a região onde será construída a Arena São Lourenço e encontraram peças anteriores ao Descobrimento, em 1500.
Os artigos estão em poder do departamento de arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que tem até um laboratório móvel no local. Entre as descobertas estão fragmentos de cerâmica de índios tupis-guaranis que habitavam a região antes da chegada dos portugueses.
Além disso, também foram encontradas pedaços de louças portuguesa e inglesa e os restos da possível muralha de um engenho de roda d’água. O material pode servir de base para a criação de um museu na região.
A escavação dos terrenos antes de grandes obras é prevista pela legislação brasileira. Os pesquisadores da universidade prometem que as prospecções acabarão no dia 15 de outubro, quando então começariam de fato as obras para o estádio da Copa de 2014.
Fonte: (1 Out 2010). Uol esport.com: http://esporte.uol.com.br/futebol/copa-2014/ultimas-noticias/2010/10/01/arqueologos-descobrem-pecas-pre-descobrimento-no-estadio-de-recife-para-2014.jhtm
Um tanque da época romana e várias sepulturas do tempo da ocupação islâmica, foram encontradas no centro histórico da cidade. A descoberta foi feita no terreno, abrangido pelos números 10 e 12 da rua Francisco Augusto Flamengo, perto da Porta do Sol, que está a ser alvo de sondagens arqueológicas desde 2008. Estas escavações foram desencadeadas devido a um projecto de habitação previsto para aquela área.
“Trata-se da maior estrutura romana conhecida em Setúbal”, revela Frederico Carvalho, o arquitecto responsável pelo projecto de urbanização previsto para aquela área do centro histórico que tem estado a ser, desde 2008, alvo de sondagens arqueológicas efectuadas pelo MAEDS – Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal.
O responsável, sócio da promotora imobiliária Willem e Frederico, que adquiriu aquele terreno, com o intuito de construir fogos para habitação, explica que o projecto está “condicionado pelos achados arqueológicos”.
As escavações puseram a descoberto um reservatório de águas da cidade romana de Cetóbriga, com cerca de dois mil anos, que terá funcionado até ao século IV. O depósito tem uma profundidade de 3,5 metros e uma extensão das laterais com onze metros, de um lado e oito metros, de outro. No entanto, desconhece-se a totalidade da sua dimensão, uma vez que “se prolonga pelo subsolo, um do arruamento público e outro do edifício vizinho, respectivamente”, explica Frederico Carvalho.
Segundo Carlos Tavares da Silva, arqueólogo responsável pelas sondagens, o tanque encontrado tem “todos os atributos de uma cisterna pública que fornecia água à cidade”.
Foi também descoberta uma necrópole islâmica com dezassete sepulturas, com mil anos de idade. Cinco dessas sepulturas já foram estudadas por antropólogos contratados pela própria promotora imobiliária, que tem também suportado o pagamento de todo o serviço não especializado.
Para o arqueólogo do MAEDS, esta descoberta tem uma “importância muito grande”, dado que, até à data, só se havia descoberto “vestígios ténues” da presença islâmica em Setúbal. O cemitério encontrado indica que houve “uma ocupação muçulmana mais estável e uma povoação bem consolidada”.
No terreno, abandonado, onde havia apenas algumas estruturas abarracadas, foram também encontrados vestígios de um edifício do século XVII que “foi desmoronado com um terramoto”, explica o arquitecto.
Uma entulheira de fornos romanos, do século I, ou seja, uma local onde eram depositados os restos provenientes da actividade do forno, tais como de tijoleiras, ânforas, telhas, porcelanas e outro tipo de cerâmica, foi também outro dos achados arqueológicos.
Durante as sondagens foi também encontrado um furo, que à data das primeiras sondagens ainda tinha água, mas que, com o Verão e as escavações acabou por secar. Pensa-se que este furo teve serventia dos bombeiros da cidade.
Carlos Tavares da Silva revela que estas escavações “estão a revelar a história da cidade, desde o final da pré-história (Idade do Bronze) até praticamente à actualidade”.
O encarregado pela requalificação urbana daquele terreno indica que o esboço inicial do projecto previa a construção de doze fogos, mas “com as alterações sucessivas devido aos achados, está neste momento com oito fogos, duplexes”.
“Neste momento estamos num impasse”, expressa o arquitecto, defendendo que é preciso “ter um plano de acção”. “Participámos os achados à Direcção Regional da Cultura e estamos há quatro meses sem plano”, refere, queixando-se dos custos da demora. “Só em juros, por cada mês que estamos parados, perdemos mil euros, já para não falar em amortizações e alterações de projecto”, indica.
Frederico Carvalho revela ainda que já propôs à câmara que aquele espaço dos achados arqueológicos fosse municipalizado e que fosse feita “uma pequena unidade museu, dado que se trata da maior estrutura romana conhecida em Setúbal”, esclarece o sócio-gerente da promotora que já recuperou um outro edifício antigo, no número 112 da av. Luísa Todi, frente ao Quartel do Onze.
Contactada por «O Setubalense» a câmara municipal indica que o processo urbanístico está suspenso “a aguardar que a Direcção Regional da Cultura (DRC) faça uma visita ao local e dê o seu parecer, indicando se os achados têm valor arqueológico”. De acordo com a mesma fonte, caso a DRC considere que as descobertas têm valor arqueológico, “o projecto para licenciamento pode ter que ser alterado”.
Fonte: Vera Gomes (4 Out 2010). Setubalense: http://www.osetubalense.pt/noticia.asp?idEdicao=545&id=18486&idSeccao=4075&Action=noticia
Os destinos da Cultura e do Património Nacional estão entregues a dirigentes cada vez mais incompetentes e irresponsáveis.
A Cultura e o Património ganharam lugar na sociedade Portuguesa fruto do trabalho de pessoas que, tenaz e pacientemente, os descodificaram e divulgaram, introduzindo-os como temas importantes da nossa vida em sociedade. Actualmente, verificamos o efeito contrário. O Património, de tão difundido, está vulgarizado e é usado (mal), para adornar os mais banais aspectos da nossa mercantil sociedade. Passando a ser falados diariamente na comunicação social e abertos ao grande público, deixaram de estar reservados apenas aos especialistas. Como têm inegável estatuto social, rapidamente começaram a ser apetecíveis para usar com fins desajustados do seu conteúdo profundo, por gente sem escrúpulos apenas interessada no lucro fácil. Anda por aí a toda a hora nos jornais e nas televisões um “concurso” que acha que o Património, neste caso o Natural, se pode classificar e ser votado, como se de um concurso de fadistas ou de Misses se tratasse. Já houve a mesma marmelada com o Património Monumental, e o negócio deve ter corrido bem. É assim também com os outros concursos da televisão. Começaram por um para cantores amadores, e a coisa alastrou para pequenos cantores, depois para dançarinos, mais tarde para dançarinos no gelo, agora são modelos, e hão-de vir por aí outros que a imaginação não tem fim. Mas ainda assim, uma coisa são estes assuntos do entretenimento e outra coisa são os bens patrimoniais, sejam eles monumentais, históricos, naturais, arqueológicos ou imateriais. São coisas diferentes e com níveis de abordagem distintos. O património tem um estatuto exclusivo que não pode ser equiparado a realidades comuns. É um assunto sério, que deve merecer a atenção do Estado, que o deve defender e proteger de todo o tipo de vilipêndio, inclusive este de o tornar “elegível” pelo voto popular. Por este caminho, até as barracas dos sem abrigo serão consideradas património, bastando para isso que num coscursozeco desses, obtenham mais votos que o Mosteiro dos Jerónimos. E o que é que o Estado e as Instituições Públicas fazem para impedir este baixar de nível no que se refere ao Património Nacional? Nada. Antes pelo contrário. É ver ministros, homens de estado e mesmo da cultura, autarcas e outros oportunistas, a dar a cara e a aparecer ao lado, que é o que eles gostam. Alguns também ganham algumas coroas porque são “comissários” da coisa, depois escrevem umas patacoadas a defender aquilo e vão à televisão a uns debates, e assim se vai cumprindo o triste destino de Portugal. De assunto ignorado e para intelectuais, o Património agora já é apresentado como prémio de campanhas nos supermercados (compre as bolachas tal e habilite-se a um fim de semana no Parque Natural do Gerês, ou no Centro Histórico de Guimarães) ou seja, o Património serve para tudo, todos se servem do Património, mas ninguém serve o Património, ou se serve, serve mal, que é o habitual. As notícias de atentados são diárias: destruição de monumentos, problemas em zonas históricas, intervenções clandestinas em zonas classificadas, maus tratos de zonas naturais, intervenções pesadas em zonas sensíveis (e depois lá surgem as cheias e as derrocadas que provocam mortos e feridos), intervenções erradas usando técnicas e materiais em desacordo com os procedimentos correctos, enfim, basta abrir os jornais e ver as televisões para que os assuntos apareçam. Quer então dizer que o facto de o Património ter passado a estar na moda, e de servir de tema para concursos de televisão, não melhorou nada em relação ao modo como o estado e as autarquias o continuam a tratar: com desprezo e sobranceria. Este fenómeno, antes pelo contrário, parece estar a tornar os monumentos mais vulneráveis. É comum, decisores ignorantes, técnicos incompetentes e empreiteiro curiosos, atrevem-se a mandar as mãos a um edifício e a proporem obras de intervenção hediondas: mudar-lhe o uso, a maioria das vezes para fins risíveis, do qual resulta a destruição do existente e a criação de uma coisa que não funciona; usar as técnicas e os materiais que se usam numa obra vulgar; não saber que existem materiais e técnicas incompatíveis com edifícios antigos; não ter cuidado com a investigação preliminar, seja ela arqueológica ou documental; desprezar o edifício ou o sítio por ser moderno, que é uma coisa que os ignorantes não entendem; destruir de forma irrecuperável sítios e edifícios por analfabetismo cultural e decisões erradas. De todos estes casos temos exemplos debaixo do nariz. Basta estar atento. O Estado e as Autarquias são as principais responsáveis por estas asneiras porque não têm cuidados acrescidos quando se trata de intervir em Património. O que interessa é anunciar obras, de preferência com muitos metros quadrados de pavimentos e muitos metros cúbicos de betão. É a chamada obra a metro. Os Planos Directores Municipais, que deveriam ter levantamentos correctos de todos os bens patrimoniais (cartas do património), ignoram olimpicamente a maioria deles, porque não sabem, não conhecem e colocam estes assuntos nas mãos de quem não têm competência para o fazer. Os destinos da Cultura e do Património Nacional estão entregues a dirigentes cada vez mais incompetentes e irresponsáveis. Reina o caos em todos os aspectos que digam respeito à Cultura, ao Património, à Paisagem, à Arqueologia, aos Museus e aos Monumentos. É urgente que se ponha um travão a este estado de coisas, e que haja algum bom senso, pois caso contrário, se já somos um Pais sem presente e sem futuro, rapidamente seremos um Pais sem passado. Fonte: Jorge Cruz (25 Det 2010): Região Sul: http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=109146
Escavações feitas em Agosto, em Beja, permitiram encontrar novos vestígios.
Tem o tamanho de um pé de uma criança e foi descoberta numa placa de barro, no Alentejo. Um tanque de água, do tempo do primeiro imperador, foi a última surpresa para os arqueólogos.
Contornos do antigo edifício estão bem definidos: 30 metros por 19,40m (Foto: DR) Desde 1997 e em sucessivas intervenções no centro histórico de Beja - a última terminou no final de Agosto - as equipas de pesquisa do Instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra, lideradas pela arqueóloga Conceição Lopes, porfiaram em confirmar a descoberta de um templo romano. E conseguiram.
"Temos material suficiente para contarmos a história da cidade, desde a época romana até à actualidade", sustenta Conceição Lopes, expressando a sua convicção de que haverá mais escavações para aprofundar a informação até agora recolhida e prosseguir na descoberta de mais elementos sobre o passado de Beja que possam estar sob os entulhos.
Os oito estudantes de arqueologia que, no último mês de Agosto, consumiram parte das suas férias escolares na descoberta do templo perdido tiveram um local de trabalho marcado por vestígios de uma muralha do período do ferro, paredes meias com presença islâmica que, por sua vez, se misturava com a época medieval e, mais abaixo, em profundidade, a dimensão estratigráfica de vestígios romanos. Orientados por Conceição Lopes, decifram os sinais, interpretam as mensagens iconográficas trazidas nos entulhos revolvidos para se perceber o contexto de fragmentos de cerâmica.
O maior templo do país
A acção decorria no fundo de buraco com mais de dois metros de profundidade. E acabaram por deparar com um tijolo rectangular contemporâneo da construção do templo. Mediram-no. Tinha 45 centímetros de comprimento por 16 centímetros de largura. Interrogavam-se sobre se teria feito parte do muro, erguido com tijolos semelhantes. Enquanto o limpavam do pó e a terra, miravam o achado até que, bem vincado, observam, bem destacado numa das faces, um elo com o passado, um resquício forte, de um momento ocorrido há mil anos. Uma pegada de criança estava impressa no que fora barro fresco, quem sabe, num dia de calor abrasador. Sem o saber, a criança, romana ou indígena, antecipava com a sua pegada o que mais tarde, no século XX e XXI, viria a ser uma forma peculiar de deixar para os vindouros um testemunho em tudo idêntico ao que é deixado em Los Angeles, onde celebridades deixam as marcas de seus sapatos e mãos em placas de cimento.
No fim da última campanha de escavações, em Agosto, estavam claramente definidos os contornos de um edifício com 30 metros de comprimento e 19,40m de largura, em tudo semelhante aos templos romanos de Évora, da província espanhola de Ecija (Sevilha) e de Barcino (Barcelona). Uma surpresa esperava os investigadores: a estrutura estava rodeada por um tanque de água com 4,5m de largura e terá sido construído no final do século I a.C.. Admite-se que seja do tempo de Augusto, o primeiro imperador romano.
Aquele que passa a ser o maior templo do género existente no nosso país, e um dos maiores da Península Ibérica, encontrava-se coberto por três metros de entulho, acumulado ao longo de séculos, na sequência das várias destruições e reconstruções que Beja sofreu, idas e vindas de sucessivos invasores, ou ainda do que aconteceu no final do século XIX pelo derrube do que restava da monumentalidade de Beja, sob as ordens do conde da Ribeira Brava, em nome da modernidade.
Tudo se descobriu graças a vários azares
Os investigadores comprovaram que, afinal, o templo romano de Beja estava no local onde, em 1939, se fizera uma descoberta acidental. Na sequência da abertura dos caboucos para a construção dos alicerces do novo depósito destinado a abastecer a cidade de água, vislumbraram-se as fundações do grande templo romano, agora redescoberto.
Na altura, o achado foi interpretado pelo arqueológo Abel Viana como sendo "um templo que teria dimensões idênticas ao de Évora". Não foi demolido porque ao empreiteiro se afigurava uma tarefa dispendiosa e difícil "de tão considerável e rijo era o bloco", construído em argamassa (formigão) e apoiado no maciço rochoso a seis metros de profundidade.
A estrutura descoberta voltou a ser tapada e os alicerces do reservatório deslocados uns metros, para não danificar os vestígios arqueológicos. Só no início dos anos de 1990 é que Conceição Lopes pegou nos textos de Abel Viana e deu início às escavações que permitiram reencontrar o templo, uma estrutura maior do que a observada em 1939 e em bom estado."Há males que vêm por bem", diz a arqueóloga, explicando a afortunada circunstância que possibilitou alargar as escavações a locais onde não era possível intervir, por estar ocupado por um edifício dos serviços técnicos da Câmara de Beja. Contudo, um incêndio registado há dois anos obrigou à demolição do edifício e abriu a oportunidade para as escavações. "Voltámos a ser bafejados pela sorte", diz a arqueóloga quando uma das paredes laterais da antiga tipografia do Diário do Alentejo, que se encontrava mesmo por cima de quase toda a estrutura do templo, se desmoronou, permitindo a intervenção que faltava para expor quase todo o templo.
Fonte: Carlos Dias (24 Set 2010). Público: http://www.publico.pt/Local/arqueologos-encontraram-pegada-no-maior-templo-romano-do-pais_1457716?all=1