
As obras de requalificação trouxeram há luz do dia duas aras votivas da época romana, que estão agora a ser estudadas.
A pequena Capela de São Domingos, situado no meio do campo, mesmo à entrada de Alcains, foi palco de uma descoberta arqueológica. Duas aras romanas votivas foram encontradas durante as obras de requalificação da ermida, promovidas pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Alcains.
A descoberta remonta a 2008 ano em que começaram as obras de requalificação da capela e do altar, em estado de grande degradação, devido às infiltrações de água do telhado. Logo no Verão desse ano, o responsável pela Paróquia de Alcains, cónego António Assunção, foi confrontado com a decisão de conservar ou demolir o altar existente.
Após ouvidas várias opiniões, optou-se pela demolição do altar, colocado encostado à parede da capela-mor, lado nascente, como era habitual antes do II Concílio do Vaticano, para se celebrar o culto cristão com todos voltados para oriente, explicou ao Reconquista. Mas ficou no mesmo lugar o nicho da imagem de São Domingos.
A demolição foi confiada aos trabalhadores que acabaram por fazer a descoberta, no dia 4 de Junho de 2008. O responsável da paróquia foi chamado ao local e deparou-se com um “tesouro escondido no campo, encontrado por mero acaso”. Foram então encontradas duas colunas de granito com inscrições (aras romanas), que poderiam continuar escondidas, caso o altar não fosse demolido.
Estudo a publicar em revista
A maior estava colocada de pé, a 15 centímetros da parede nascente, na direcção do nicho da imagem de São Domingos, colocada no nicho da parede, por cima do altar. Tem 107 centímetros de altura, e estava 40 centímetros abaixo do solo, com uma inscrição na parte da frente. “Está em muito boas condições de conservação. É certamente uma ara romana”, salienta o pároco. A outra, mais pequena e estreita, colocada ao lado direito da maior – lado norte – tem 65 centímetros de altura e também uma inscrição na face.
Para não se perder a memória do achado, e dado que não foram tiradas fotografias antes das obras, foram elaborados vários desenhos, reproduzindo o mais fielmente possível o local e o que foi encontrado.
As duas aras estão agora a ser estudadas pelo professor José d'Encarnação, integrado no projecto de investigação do grupo Epigraphy and Iconology of Antiquity and Medieval Ages, do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto. E pelo professor Amílcar Guerra, integrado na actividade científica desenvolvida no quadro da UNIARQ (Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa). O resultado será publicado em revista da especialidade.
A 8 de Agosto deste ano, na Festa de São Domingos, foi celebrada missa na Capela. No local podia ver-se uma maquete do achado com a reprodução das duas aras ali encontradas.
Fonte: (9 Set 2010). Reconquista: http://www.reconquista.pt/noticia.asp?idEdicao=248&id=23306&idSeccao=2740&Action=noticia
A Citânia de Sanfins, em Paços de Ferreira, vai voltar a acolher uma campanha de escavações arqueológicas, o que já não acontecia há 17 anos.
Os trabalhos vão arrancar dia 30 de Agosto e serão coordenados por Armando Coelho, da Universidade do Porto.
As escavações contarão com o apoio de cerca de duas dezenas de alunos do Curso de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, incidindo na zona junto ao cemitério medieval, onde estão sinalizadas 34 sepulturas.
Quando esta campanha de escavações terminar, o que deverá ocorrer a 10 de Setembro, vai realizar-se no Museu Arqueológico da Citânia de Sanfins uma sessão de encerramento, para apresentação dos resultados.
A Citânia de Sanfins é uma das estações arqueológicas mais significativas da cultura castreja do Noroeste peninsular e da proto-história europeia.
Está classificada como Monumento Nacional desde 20 de Agosto de 1946.
As primeiras escavações foram ali realizadas em 1895 por Francisco Martins Sarmento e José Leite de Vasconcelos.
A última intervenção arqueológica realizou-se em 1993.
Fonte: (9 Set 2010). JOrnal TVS: http://www.jornaltvs.net/noticia.asp?idEdicao=200&id=29084&idSeccao=3106&Action=noticia
A primeira Oficina de Arqueologia Experimental ligada à Música realiza-se durante esta semana na Sociedade Harmonia Eborense, em Évora.
Trata-se de um curso que pretende dotar os participantes de noções sobre a conceção e utilização dos instrumentos pré-históricos, levando-os a aplicar esses conhecimentos na construção de tambores.
A oficina consiste num curso de arqueologia experimental baseado na construção de tambores pré-históricos, sobre o modelo das cerâmicas sem fundo calcolíticas encontradas na Europa, passando-se pela moldagem do barro, pela construção de um forno próprio (chama direta) e tratamento de peles com lascas, culminando na montagem final do instrumento.
A oficina é organizada pela ANIMUSIC e promovida pela Sociedade Harmonia Eborense, contando com o apoio da Direcção Regional de Cultura do Alentejo, da Fundação Eugénio de Almeida e da UnIMeM.
Fonte: (6 Set 2010 ). Diana FM: http://dianafm.com/index.php?option=com_content&view=article&id=21174:evora-oficina-de-instrumentos-musicais
"Villa" poderá ser superior à de Pisões no concelho de Beja
FERREIRA DO ALENTEJO. Nova etapa das escavações vai decorrer até 17 de Setembro mas ainda há muito por descobrir.
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Após 20 anos parados, os trabalhos arqueológicos na "villa" foram retomados em Agosto de 2008. |
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Os trabalhos arqueológicos na villa romana do Monte da Chaminé, em Ferreira do Alentejo, recomeçaram em Agosto, para os arqueólogos continuarem a escavar a casa principal do sítio e a zona agrícola anexa.
A décima campanha arqueológica na villa, que foi ocupada entre os inícios do século I até ao século V d.C. e descoberta em 1981 a cerca de três quilómetros de Ferreira do Alentejo, vai decorrer até 17 de Setembro.
No terreno, além da historiadora Sara Ramos e dos arqueólogos Clementino Amaro e Maria João Pina, os responsáveis científicos, estão estagiários e recém-licenciados em arqueologia de várias universidades portuguesas.
A equipa, divida em dois grupos, vai continuar a escavar o centro da casa principal da zona residencial – o peristilo – e a área que os arqueólogos pensam ser a zona agrícola da villa, explicou Maria João Pina.
As escavações de um grupo "vão incidir no peristilo, que é bastante grande e cuja dimensão total, cerca de 22 metros quadrados, foi definida no ano passado", e as do outro "vão concentrar-se na zona agrícola", onde foram descobertas duas estruturas, precisou a arqueóloga.
Uma das estruturas poderia ser um celeiro e a outra um lagar de azeite, "mas ainda há muitas incógnitas", disse.
As primeiras seis campanhas de escavações na villa romana do Monte da Chaminé decorreram entre 1981 e 1988, quando os trabalhos foram suspensos devido a "indisponibilidade" de Clementino Amaro, que descobriu o sítio juntamente com o arqueólogo Manuel Barreto.
Durante aquele período foram descobertas e escavadas várias estruturas que fazem parte da casa principal da villa, ou seja, "uma parte do peristilo e três divisões circundantes: uma que talvez será uma zona de jantar e as outras duas poderão ser quartos", lembrou a arqueóloga.
Anexo à casa, na zona agrícola da villa, continuou, foram descobertas e parcialmente escavadas as duas estruturas, que poderão ser um celeiro e um lagar de azeite.
Após 20 anos parados, os trabalhos arqueológicos na villa foram retomados em Agosto de 2008 e, desde então, "tem sido possível pôr a descoberto toda a parte restante do peristilo e da zona agrícola".
"Estão a surgir muitas surpresas", como os fragmentos relacionados com um peregrino de Santiago de Compostela, descobertos há cerca de dois anos, numa camada posterior à do período romano, salientou Maria João Pina.
Os vestígios encontrados até agora, entre estruturas e o "vasto e rico" espólio exumado, que pode ser apreciado no Museu Municipal de Ferreira do Alentejo, apontam para uma villa "muito importante" e que teve "vários contactos com diferentes zonas do império romano".
"É uma villa romana rica, interessante e não sei se não será superior à de Pisões", situada perto de Beja, classificada de Interesse Público e um dos atractivos turísticos daquele concelho, frisou.
"Do ponto de vista museológico, histórico e até turístico, a villa é muito importante para o concelho de Ferreira do Alentejo e a intenção da Câmara e dos investigadores envolvidos é avançar com a investigação do sítio, que ainda requer vários anos de trabalho".