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NOTÍCIAS DE ARQUEOLOGIA

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Segunda-feira, 16.08.10

Descobertas ruínas romanas em Cantelães - Vale do Ave

Terminaram anteontem as sondagens arqueológicas no Campo da Igreja Velha, na freguesia de Cantelães, concelho de Vieira do Minho, onde os alunos finalistas do curso de Arqueologia da Universidade do Minho efectuaram diversos trabalhos ao longo de um mês.
Segundo os especialistas envolvidos nas escavações este achado poderá ser um “vicus” romano (pequena cidade ou aldeia romana) de grandes dimensões.
Promovidas pela Câmara Municipal de Vieira do Minho, em parceria com a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, as escavações tiveram como base, “suspeitas” de que naquele local existiriam ruínas da época romana, facto que veio a confirmar-se.
Terminadas as sondagens arqueológicas, o presidente da Câmara de Vieira do Minho, Jorge Dantas, deslocou-se ao local para se inteirar do trabalho desenvolvido e para obter alguns esclarecimentos e informações, por parte dos técnicos envolvidos nas escavações, sobre os resultados obtidos durante o trabalho de campo.

Achado de grande importância para o concelho
De acordo com nota enviada à comunicação social, “o edil vieirense teve conhecimento de que se trata realmente de um achado/descoberta de grande importância da época romana de grande valia para o concelho de Vieira do Minho”.
A confirmar-se a descoberta, “estaremos perante o primeiro caso de ruínas romanas em fase de escavações existente no noroeste da Península Ibérica”. acrescentou a autarquia .


Dado o valor histórico, cultural e científico da descoberta, a câmara de Vieira do Minho está já a pensar numa parceria com a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho para proceder à segunda fase de trabalhos.
O objectivo é preservar, valorização e divulgar o achado.

Peças de cerâmica e vidros encontrados
De salientar que a primeira fase dos trabalhos envolveu os pavimentos e muros, tendo sido descobertas algumas peças de cerâmica e alguns vidros, estes últimos cronologicamente pertencentes ao séc. I e inícios do séc. II d.c.
Segundo Jorge Dantas “este achado vem enriquecer ainda mais o já vasto património cultural e arqueológico do concelho, o que muito nos glorifica e lisonjeia”.
O achado reveste-se, ainda, de uma importância acrescida por se encontrar situado nas imediações do Castro de Vila Seca, onde foi recentemente descoberto um povoado fortificado do período romano e idade média, sendo que entre o séc. XII eXIII.
Refira-se que o povoado fortificado serviu de sede ao território de Vieira do Minho.


Fonte: (30 Jul 2010). Diário do Minho: http://www.correiodominho.pt/noticias.php?id=32650

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por noticiasdearqueologia às 13:57

Segunda-feira, 16.08.10

26 pequenos buracos ajudam a revelar mais páginas da história de Lagos

 
 

Foto

Sondagens geoarqueológicas em Lagos (Barlavento on line).


 

Um total de 26 sondagens geoarqueológicas, atingindo um máximo de oito metros de profundidade, ao longo do troço final da Ribeira de Bensafrim, vai ajudar a saber mais sobre o passado longínquo de Lagos.


As sondagens foram feitas pela equipa dos investigadores da Universidade de Sevilha, com a qual a Câmara de Lagos estabeleceu um protocolo de colaboração de quatro anos, coordenada pelo catedrático Oswaldo Arteaga e integrada ainda por Daniel Barrágan, entre outros técnicos.
Entre 12 e 29 de Julho, os investigadores fizeram então os 26 buracos com oito centímetros de diâmetro, em outros tantos locais entre a foz da Ribeira de Bensafrim, junto à Meia Praia, passando pela frente ribeirinha de Lagos, pelo Monte Molião, Telheiro, Sargaçal, Caldeiroa, ETAR, Portelas e Horta do Trigo.
Segundo explicou Elena Morán, arqueóloga da Câmara de Lagos, foi feita a «perfuração do rebordo costeiro, para ter o enquadramento topográfico, antes de abordar o centro histórico de Lagos».
Os sedimentos e outros materiais recolhidos já foram enviados para a Universidade de Bremen, na Alemanha, onde serão analisados em laboratório.
Elena Morán salientou que estas geo-sondagens são «um procedimento mais rápido e mais barato que a arqueologia tradicional».
«Basta fazer um buraco com oito centímetros, que pode alcançar profundidades bem maiores que as que conseguiríamos atingir com as sondagens arqueológicas tradicionais, com a vantagem de não perturbar ninguém e de ser mais seguro para todos», explicou.
O método já antes tinha sido utilizado, com muito sucesso, na Rua da Barroca, aquando da construção do Parque de Estacionamento da frente ribeirinha de Lagos.
E o sucesso, dessa vez, revelou-se a dois níveis: primeiro porque as geo-sondagens foram feitas, de forma rápida, com o mínimo de perturbação para transeuntes e moradores.
Depois porque, dos resultados dessas sondagens, resultou a escrita de uma nova e mais antiga página na história de Lagos, já que os sedimentos e fragmentos de cerâmica encontrados permitiram chegar à conclusão de que a cidade foi uma feitoria fenícia, há 2800 anos.
No caso desta nova campanha de sondagens, os investigadores não querem, para já, adiantar se há dados interessantes a retirar. Preferem esperar pelo trabalho de laboratório, que vai durar cerca de três anos.
Mas já há pontas do véu que podem ser levantadas. O geólogo Daniel Barrágan revelou ao «barlavento» que as sondagens permitiram definir «a fácies marinha mais a Sul e outra lagunar, de água doce e salobra, mais a Norte», o que indicia que, há 6500 anos, em vez de um pequeno estuário de uma ribeira, haveria naquela zona «uma verdadeira baía», onde as águas do mar chegavam bem mais para o interior.
Depois, ao longo dos séculos, começou a «sedimentação dessa laguna ou baía», acentuada pelo maremoto que se seguiu ao grande sismo de 1755, e, bem mais recentemente, pelo assoreamento natural e artificial da foz da ribeira, com a colocação dos esporões da entrada da barra, a construção da atual avenida dos Descobrimentos e da Marina de Lagos.
«Distintas civilizações e modos de produção têm a ver com processos de erosão e de sedimentação diferentes», que agora podem ser avaliados através das amostras recolhidas pelas geo-sondagens. No fundo, a tarefa dos cientistas vai ser avaliar «o impacto antrópico [do homem] no ambiente ao longo dos tempos», como sublinhou Daniel Barrágan.
Mas o que se pode encontrar nas amostras recolhidas? Por exemplo, «micro-fósseis que nos falam dos ambientes de sedimentação», já que, salientou o cientista, os micro-fósseis marinhos são diferentes dos de ambientes de água doce ou salobra e tudo isso, em função dos locais onde as amostras foram recolhidas, «ajuda a desenhar com exatidão a linha de costa» nos últimos milénios em Lagos.
Também os macro-fósseis (como os bivalves) serão alvo de análise.
Mas serão analisados igualmente fragmentos de cerâmica que foram encontrados e para isso nada melhor que utilizar a expertise do professor Oswaldo Arteaga, que é uma das maiores autoridades mundiais em cerâmicas.
As cerâmicas, explicou Elena Morán, «mudam segundo a época e a sua análise e datação [por Carbono 14 e AMS, ou seja, espectometria de massas] permitirá datar os sedimentos onde elas foram recolhidas».
Mas também a granulometria dos sedimentos será analisada, bem como a sua cor e até cheiro. «Os sedimentos têm cheiros diferentes?», quis saber a vice-presidente da Câmara Joaquina Matos, que assistiu à conversa do «barlavento» com os investigadores.
«Sim! Só pelo cheiro há muita coisa que se pode dizer. Quando são sedimentos marinhos, por exemplo, cheira intensamente a mar», garantiu Barrágan.
Enquanto o grupo de quatro técnicos andava pelo campo a fazer os buracos das sondagens, uma equipa constituída por Oswaldo Aretaga, Ana Maria Rooz e pela própria Elena Morán teve a seu cargo a tarefa de coordenação científica, coadjuvada por prospeção em terra nas zonas abrangidas pelas sondagens.
Agora, todos os dados recolhidos serão enviados para a Universidade de Bremen – que, a par da Universidade de Nantes, integra o mesmo protocolo que a Câmara de Lagos assinou com a Universidade de Sevilha – onde o professor Schulz irá determinar se as amostras são suficientes ou se haverá necessidade de nova campanha de sondagens.
Em paralelo com a análise laboratorial que será feita na Alemanha, na universidade francesa será feito, segundo Daniel Barrágan, o «estudo territorial de todas as fases históricas que detetámos, cruzando com fotografias aéreas e de satélite».
Em Nantes, «vai-se estudar sobretudo os últimos 200 anos, depois do terramoto de 1755 e até ao advento do turismo em Lagos».

E todo este trabalho para quê, afinal?
Este será «o ponto de partida para fazer a Carta Arqueológica do Centro de Lagos e da sua zona envolvente», revelou Elena Morán.
«O que se pretende não é contar uma história às prestações, mas antes ter uma ideia abrangente do território. O professor Arteaga vai pegar em todos os dados e, com a ajuda de todos, vai contar a história deste território, sob a forma de uma monografia. Vai fazer o nexo interdisciplinar», acrescentou a arqueóloga.
Ou seja, a partir destas sondagens geológicas ao serviço da arqueologia, que são um procedimento inovador em Portugal, vai ser escrita mais uma importante página da história de Lagos.
E delas vai surgir também uma Carta Arqueológica, que será um instrumento importante para a Câmara, mas também para os moradores, os proprietários e todos quantos hoje se cruzam no centro de uma das mais antigas cidades algarvias.


Fonte: Elisabete Rodrigues (9 Ago 2010). O Barlavento on line:  http://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=43786


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