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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
A descoberta de um cemitério islâmico, na baixa setubalense, pode antever a existência de um núcleo, do mesmo período, “bem mais importante”. Para o arqueólogo Carlos Tavares da Silva, a descoberta da necrópole islâmica, “que pode corresponder exactamente ao período de finais do século X”, é “extremamente importante”, dado que, “até ao momento, os achados arqueológicos islâmicos na cidade eram bastante reduzidos”.
As explorações levadas a cabo pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), na rua Francisco Augusto Flamengo, deixaram a descoberto, numa primeira fase, algumas estruturas do século XVII, que “se encontravam revestidas de tijoleira”. No entanto, as escavações seguintes, que “prosseguiram em profundidade”, puseram a descoberto “indícios da existência de um cemitério, de carácter muçulmano”. “O MAEDS pressupõe isso pelo facto de os corpos estarem virados para Meca, sem quaisquer espólios, nem caixões”, adianta o arqueólogo.
Ida não conseguiu segurar-se quando os gases venosos do lago Messel, na região da Alemanha, a intoxicaram. A primata, que não teria mais de nove meses e 53 centímetros de comprimento, caiu nas águas, foi coberta pelo lodo, acabou por fossilizar e só passado 47 milhões de anos, em 1983, é que foi trazida à luz do dia. Mas a aventura do que pode ser o antepassado do grupo dos primatas superiores de que o Homem faz parte não acabou aqui.
O fóssil foi descoberto por um coleccionador privado que dividiu as ossadas em duas metades. Uma foi restaurada e vendida como se estivesse completa, acabando por ser adquirida por um museu privado em Wyoming. Em 2000, descobriu-se que era uma fraude. A outra metade, que era maior, foi comprada há dois anos pelo museu de Oslo, na Noruega.
“O meu coração começou a bater muito depressa”, disse aos jornalistas Jorn Hurum, referindo-se à compra do fóssil. “Eu sabia que o vendedor tinha nas mãos um acontecimento mundial. Não consegui dormir durante duas noites”, explicou o investigador do Museu de Oslo que esteve à frente da investigação, que foi hoje publicada na revista Public Library of Science. Quando o grupo começou a estudar o fóssil, rapidamente chegaram à conclusão que era a parte que faltava à metade já conhecida.
Uma nova espécie
Ida, como a baptizou Jorn Hurum, é um verdadeiro achado. 95 por cento do esqueleto está bem preservado devido às condições fora de série do lago que existia na região durante a época do Eocénico (há 56 a 34 milhões de anos), e que lançava gases venenosos por haver actividade vulcânica no local. É possível ver os contornos dos pêlos e a última refeição vegetariana da primata.
Mas o que a torna tão especial é que parece ser uma antepassada do grupo de primatas superiores a que o Homem pertence, na altura em que se separou da linhagem que deu origem a espécies como os lémures, primatas inferiores e mais afastados do Homem.
Ao contrário dos lémures, Ida não tinha uma garra no segundo dedo do pé, nem tinha dentes fundidos. Por outro lado, os olhos já estavam no mesmo plano, oferecendo uma visão parecida com a nossa, e não se situavam mais lateralmente, como acontece nos lémures. A nível do esqueleto o fóssil já tinha talus, um osso do tornozelo que aparece ainda mais desenvolvido nos humanos.
“Isto mostra uma parte da nossa evolução que tem estado escondida até agora porque os únicos especímenes [encontrados] estão tão incompletos ou partidos que não há nada para estudar”, explica o investigador. Os investigadores resolveram chamar à nova espécie Darwinius masillae, em honra aos 200 anos do nascimento do evolucionista Charles Darwin.
Jens Franzen, que trabalha na região de Messel e foi primeiro autor do artigo, salientou que Ida não é uma antepassada directa. “Ela pertence ao grupo a partir do qual se desenvolveram os primatas superiores e os seres humanos, mas a minha impressão é que ela não faz parte da linha directa”, disse, citado pela BBC News.
Mas a descoberta está a ser um êxito. Foi hoje mostrada em Nova Iorque no Museu de História Natural pelo presidente da cidade, Michael Bloomberg, e a seguir volta para Oslo. “São necessários um ou dois ícones para arrastar as pessoas para o museu. Isto é a nossa Mona Lisa e vai ser a nossa Mona Lisa nos próximos cem anos”, concluiu Jorn Hurum.
Fonte: Nicolau Ferreira (19 Mai 2009). Público: http://ultimahora.publico.clix.pt/notici
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