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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
O rosto icónico da primeira mulher de Akenaton, desenterrado pelo alemão Ludwig Borchardt em 1912, não mostra a verdadeira face da "beleza do Nilo". Mas esta está imortalizada em pedra por detrás do gesso pintado e foi agora revelada graças a uma tomografia computadorizada. Este exame mostrou ainda algumas fissuras no busto de valor incalculável.
O nariz tinha um ligeiro alto e os olhos eram menos profundos. As maçãs do rosto não eram tão proeminentes e as rugas nos cantos da boca e na face eram mais visíveis. O verdadeiro rosto de Nefertiti, a mulher do faraó Akenaton que viveu há mais de 3300 anos, esconde-se por detrás do seu famoso busto, exposto em Berlim. A "beleza do Nilo" não era afinal perfeita.
"É possível que o busto de Nefertiti tenha sido encomendado [pelo próprio Akenaton] para representar Nefertiti de acordo com a sua percepção pessoal", indicou Alexander Huppertz, director do instituto Imaging Science, em Berlim, na edição deste mês da revista Radiology. Este verdadeiro face lifting foi revelado graças a uma tomografia computadorizada.
O busto de 50 centímetros foi descoberto em 1912 pelo alemão Ludwig Borchardt, durante uma escavação ao estúdio do escultor real Thutmose, em Amarna. Por detrás do gesso pintado está uma estátua de pedra. "Até realizarmos o teste, não sabíamos qual era a profundidade do gesso ou se havia uma segunda face por debaixo. A hipótese era que a pedra por baixo era apenas um suporte", disse.
Mas os testes refutaram essa hipótese. "O rosto escondido de Nefertiti não era anónimo, mas uma escultura delicada feita por Thutmose", afirmou Huppertz, citado pela agência alemã DPA. Essa escultura foi depois alterada quando foi colocado o gesso. "De acordo com os ideais de beleza do período de Amarna, as diferenças tiveram efeitos positivos e negativos e podem ser lidas como sinais da individualização da escultura", indicou o perito alemão.
Nefertiti (1390 a.C a 1360 a.C) foi a primeira mulher do faraó Akenaton, famoso por ter sido o primeiro a renunciar ao politeísmo egípcio e a adorar um único deus, o Sol (Aton). Ao contrário de outras rainhas, era representada nas pinturas egípcias com a mesma proporção e tamanho que o faraó, levando os egiptólogos a afirmar que desempenhava também um papel político.
Esta foi a segunda vez que a estátua com 3300 anos foi submetida a uma tomografia computadorizada. Mas a tecnologia evoluiu muito desde 1992 e agora foi possível não só descobrir o verdadeiro rosto de Nefertiti, mas também o que pode ser feito para conservar este icónico busto. "Diferentes fissuras paralelas à superfície foram encontradas nos ombros, na parte inferior do busto e atrás a coroa", escreveram os peritos.
"A tecnologia de tomografia computadorizada não invasiva e as ferramentas de processamento tridimensionais permitem-nos um maior conhecimento da composição interna e do estado de conservação da escultura. Esta informação contribuirá em grande medida para a preservação desta antiguidade de valor incalculável", disse.
O busto de Nefertiti é uma das cinco antiguidades que o Governo egípcio gostaria de ver devolvidas ou pelo menos emprestadas para a inauguração do novo museu nacional, em 2011. Algo que a Alemanha já recusou. A peça, actualmente exposta no Altes Museum de Berlim, será uma das estrelas na reabertura do vizinho Neues Museum, em Outubro.
Fonte: Susana Salvador (01 Abr 2009). Diário de Notícias: http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/Interio
Foram encontradas na década de Oitenta, em Garvão, e hoje ainda não é possível ter a noção da quantidade de peças que estão nos cerca de 700 caixotes de achados arqueológicos da segunda idade do Ferro. Mas, 20 anos depois, esses “pedaços” de história estão de regresso ao concelho de Ourique.
As peças do depósito votivo de Garvão têm na sua maioria entre 2.400 e 4.000 anos. A grande quantidade de materiais encontrados durante os trabalhos arqueológicos realizados pelo Serviço Regional de arqueologia da Zona Sul (SRAZS), nos anos 80, sob a direcção de Caetano de Mello Beirão, levantou na altura a questão do seu armazenamento, tratamento e estudo. Foi então que a Universidade de Évora cedeu instalações para a arrumação dos materiais que, nos anos 90, acabaram por ser transferidos para Conímbriga, a título de depósito provisório. Mas foi aí que ficaram durante 17 anos!
Agora, os artefactos, que estão distribuídos por cerca de 700 caixotes e em condições desfavoráveis, regressam ao concelho depois de muita pressão por parte da Câmara Municipal de Ourique. Pedro do Carmo, presidente do Município, revela que foi “muito difícil conseguir trazer de volta este espólio imenso”, mas diz estar “orgulhoso, porque este é um passo que representa um virar de página e uma mudança radical no respeito pelo património e identidade local”.
De acordo com a autarquia, estão reunidas as condições necessárias para armazenar, estudar, inventariar e catalogar estas peças, para que possam ser expostas mais tarde. O autarca acrescenta que, para esse efeito, “já está constituída” uma equipa que integra representantes do Centro de Estudos Arqueológicos das universidades de Coimbra e Porto, do Centro de Química e do Centro de Geofísica da Universidade de Évora, do Instituto Politécnico de Tomar e uma conservadora/restauradora com larga experiência em materiais arqueológicos.
Neste momento, está a ser também elaborada, em conjunto com estas entidades, uma candidatura no âmbito do projecto “Redescobrir Garvão”, para que seja criada uma estrutura de reserva de materiais arqueológicos da zona, com uma equipa especializada.
De referir ainda que muitas peças encontradas nos trabalhos arqueológicos realizados em Garvão estão agora expostas no Museu Nacional de arqueologia. Pedro do Carmo frisa que para além de outros sectores onde a autarquia tem centrado atenções, “há também uma aposta no património arqueológico do concelho que poderá constituir ainda um ponto de atracção a milhares de turistas”.
Durante os próximos meses, vários técnicos vão proceder aos trabalhos de estudo, análise e catalogação das peças que, posteriormente, serão expostas no concelho. Em fase de análise está também a possibilidade de ser criado, em Garvão, um local para a exposição deste importante património.
Fonte: (
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