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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
O arqueólogo Cláudio Torres defendeu hoje a necessidade de "apagar" a visão errada sobre a civilização islâmica e lembrou que, durante cinco séculos, "a língua de cultura" no sul da Península Ibérica foi o árabe.
"Toda a história portuguesa e os nossos heróis fundadores são fundadores contra alguém e esses são os vencidos, que foram espadeirados, esmagados e chacinados pelas gentes do norte", afirmou à agência Lusa, defendendo que é preciso mudar a forma como se encara esse "mundo dos vencidos".
O arqueólogo e director do Campo Arqueológico de Mértola (CAM) falava à Lusa na Universidade de Évora, à margem de um colóquio internacional, que arrancou hoje, dedicado ao rei-poeta árabe Almutâmide, natural de Beja, e à poesia luso-árabe.
A iniciativa, que termina sábado, é organizada pelo Centro de Estudos Documentais do Alentejo (CEDA), Centro Interdisciplinar de História, Cultura e Sociedades (CIDEHUS) da Universidade de Évora e pelo município local.
Segundo Cláudio Torres, especialista nas matérias relacionadas com a civilização islâmica, a visão actual sobre esta cultura ainda é errada.
"Esse tipo de visão obviamente não está resolvida. Ainda estamos a tentar apagar e retirar toda uma 'ganga' pesadíssima de hábitos culturais, universitários e escolares que continuam a repetir os mouros, os bandidos, os bárbaros e os invasores, quando nada disso existiu", argumentou.
Pelo contrário, continuou, tratou-se de uma civilização "pacífica, ligada à terra e à agricultura, que tinha aqui [no sul da Península Ibérica] uma vida cultural e de cidades que foi destruída pela invasão ocidental".
O "velho" al-Andalus (nome pelo qual era conhecido o território árabe peninsular do século VIII ao século XV), esse sim, frisou o arqueólogo, é que foi "conquistado violentamente pelas gentes do norte, pelos senhores feudais".
A investigação sobre a riqueza cultural e civilizacional do Islão ainda hoje está "no princípio", mas não pode ser dissociada do espaço do Mediterrâneo.
"Hoje estamos a compreender a civilização islâmica como integrada em todo o Mediterrâneo e todos estamos a perceber, depois da guerra do Iraque, que o Mediterrâneo é fundamental para sobrevivermos como civilização, como cultura e como identidade", defendeu.
Sobre o papel dos poetas do Garb al-Andalus (zona ocidental do território árabe peninsular, correspondente a Portugal), Cláudio Torres lembrou que o árabe, nessa altura, "era a língua de cultura", pelo que era no sul, onde existiam as grandes cidades, "que os saberes literário e científico estavam a nascer".
"Não podemos nunca entender a civilização ibérica em toda a sua plenitude sem perceber a contribuição decisiva da língua árabe como língua de cultura, durante cinco séculos", sustentou o arqueólogo, que é "doutor honoris causa" pela UE.
O colóquio internacional em Évora, com a presença de arabistas e investigadores, não apenas nacionais, mas também espanhóis e marroquinos, vai ainda homenagear António Borges Coelho, o "pioneiro contemporâneo do arabismo português" e autor do livro "Portugal na Espanha Árabe".
Para Cláudio Torres, o historiador, antigo docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e um dos fundadores do CAM, foi "decisivo na investigação islâmica" em Portugal e, através do ensino universitário, "meteu nesta aventura milhares de jovens".
"Borges Coelho abriu uma página decisiva na investigação histórica e literária, até como fantástico tradutor da poesia árabe. Ele é o nosso 'papa' e iniciador, é a nossa referência mais importante, para este período", disse.
Fonte: RRL/MLM (13 Mar 2009). Lusa/Fim / Visão: http://aeiou.visao.pt/cultura-arqueologo-c
Novos achados em Luxor
Descoberta raridade: um túmulo totalmente pintado e decorado
Chamam-lhe já a "Capela Sistina do Antigo Egipto". Uma equipa hispano-egípcia, liderada por José Manuel Galán, encontrou em Luxor, na margem do Nilo, uma câmara funerária pintada há 3500 anos, anunciou o Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha.
O túmulo, que faz parte da necrópole de Dra Abu el-Naga, tem as paredes e o tecto completamente pintados com desenhos e hieróglifos do Livro dos Mortos e seria de Djehuty, que foi um escriba real, supervisor do tesouro e dos trabalhos dos artesãos do rei sob as ordens de Hatshepsut, uma das poucas mulheres que foram faraós, filha de Tutmosis I (18.ª dinastia), cujo reinado durou de 1479 a 1457 antes de Cristo.
"Este é o sonho de qualquer egiptólogo", disse José Manuel Galán, citado pelo El Mundo. "Para além do indubitável valor estético, é importante porque nesta época não se decoravam as câmara funerárias. Só se conhecem outras quatro câmaras assim", explicou durante a apresentação da descoberta à imprensa. "O facto de Djehuty ter decidido pintar o seu túmulo coloca-o entre as figuras mais importantes e influentes da época", explica Galán, o director da equipa que, desde 2004, está a trabalhar em Luxor (antiga Tebas).
O túmulo, uma sala quadrada de 3,5 metros de largura e 1,5 metros de altura, terá sido uma dos primeiros a ser completamente decorado com pinturas, dizem os inves-tigadores. A equi- pa encontrou ainda uma entrada para uma outra divisão onde se encontrava um par de brincos de ouro que, provavelmente, pertencia a Djehuty ou a algum dos seus familiares. "Nesta época, os homens importantes da corte adoptaram o costume de se adornar com brincos, moda que pouco depois seria também adoptada pelos próprios faraós", explicou o egiptólogo.
Galán esclareceu ainda que as duas paredes que restam do túmulo estão cobertas com passagens do Livro dos Mortos, enquanto no tecto está pintada uma imagem da deusa do céu, Nut, que aparece com os braços abertos para abraçar o corpo do defunto, protegendo-o nesta sua nova existência.
A equipa de arqueólogos vai continuar a trabalhar nesta área e espera fazer mais descobertas valiosas. "Mas de nada serve encontrar vestígios desta importância se depois os abandonamos à sua sorte", disse José Manuel Galán. Por isso, a próxima campanha de escavações desta mesma equipa internacional dedicar-se-á, fundamentalmente, à preservação dos vestígios arqueológicos de Luxor.
Fonte: M. J. C. (18 Mar 2009). Diário de Notícias: http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?c
O Museu Municipal de Arqueologia de Silves tem patente a mostra “Reservas em Exposição”, até ao próximo dia 30 de Maio.
O objectivo desta exposição é mostrar espólio arqueológico proveniente de três escavações realizadas na área urbana da cidade de Silves: castelo, rua da Arrochela e residência paroquial.
“Este legado é apenas uma amostra dos inúmeros achados encontrados nestas zonas”, frisa a organização, acrescentando que entre as diferentes matérias encontradas estão peças de metal (cobre, bronze e ferro), osso e pedra.
Ainda assim, a maioria dos bens apresentados na exposição correspondem a produções cerâmicas, sendo que “este é o tipo de material mais comum encontrado nas escavações até hoje efectuadas nas zonas mencionadas”, adiantam os responsáveis.
As peças que agora são exibidas no museu foram conservadas e restauradas e que têm permanecido em reserva neste museu.
Fonte: (20 Mar 2009). Jornal do Algarve: http://www.jornaldoalgarve.pt/artigos.as
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