Um ex-emigrante de 58 anos foi constituído arguido pela suspeita de escavação, recolha e guarda ilegal de achados arqueológicos em locais de povoamento antigo nas zonas de Chaves e Valpaços, anunciou hoje a Policia Judiciária.
Através da Directoria do Norte, a PJ identificou o suspeito pela presumível actividade continuada das referidas escavações de vários tipos de achados arqueológicos, das épocas romana e medieval.
As autoridades apreenderam de um total de 113 artefactos e fragmentos, de entre os quais moedas e objectos metálicos, em barro e em granito, bem como de dois detectores de metais que terão sido utilizados nessa actividade.
Fonte: (16 Fev 2009). Lusa/SOL.
A pilhagem de objectos de ouro, prata ou bronze, para colocação no mercado ilícito
de antiguidades, tem sido feita de forma sistemática com recurso a detectores de metais
Um grave atentado contra o património arqueológico da Coroa do Frade, no concelho de Évora, mais precisamente na freguesia de Nossa Senhora da Tourega, foi o resultado de uma pilhagem metódica efectuada por detectoristas, indivíduos munidos de detectores de metais. Estes infractores têm, habitualmente, como único objectivo a recolha ilegal de artefactos em ouro, prata, cobre, bronze ou ferro, para futura venda a mercados ilícitos de antiguidades ou directamente aos coleccionadores privados.
De acordo com Maria Manuela Oliveira, directora do Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura da Câmara Municipal de Évora, neste sítio arqueológico, o maior e mais importante povoado de Bronze Final, fortificado, no concelho, foram contabilizadas centenas de "covas" criminosas, muitas delas abertas até ao substrato geológico.
Segundo os técnicos que se depararam com esta situação, o arqueólogo Mário de Carvalho e o historiador de património João Santos, "pelo carácter destrutivo e sistemático das acções, poderá ter sido invalidada a realização de futuros projectos de investigação que visem a escavação arqueológica e estudo deste sítio arqueológico". Na opinião destes especialistas, o saque condicionou de "forma irreversível e dramática" uma grande parte da informação arqueológica, estratigráfica e paleoambiental.
Descoberto nos anos 50
Ocupado durante o final da Idade do Bronze e inícios da 1.ª Idade do Ferro (do sec. X a.C. ao séc. VIII a.C.), o sítio foi descoberto nos finais dos anos 50, mais concretamente em 1957, por José Ventura Fernandes. Inicialmente identificado como sendo do período de transição entre o Neolítico e o Calcolítico, foi, após as escavações, que se revelaram bastante frutíferas, caracterizado como sendo final da Idade do Bronze e inícios da Idade do Ferro. As pesquisas decorreram entre Agosto e Setembro de 1971, e numa segunda fase em Abril de 1972, sob a direcção do arqueólogo José Morais Arnaud, tendo os materiais provenientes dos trabalhos sido depositados no Museu Regional de Évora.
De acordo com o arqueólogo Mário de Carvalho, o espólio recolhido até então pode ser classificado como "típico" dentro do panorama histórico-cultural regional dos períodos históricos referidos, sendo de salientar "as decorações cerâmicas que variam entre losangos e linhas paralelas, uma fíbula de dupla mola e um fragmento de um molde que se destinava à produção de instrumentos em bronze e pedra lascada sobre quartzo".
Queixas à PJ e GNR
A responsável pelo Departamento do Centro Histórico afiançou que o sucedido foi já comunicado à entidade competente, Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), que, por sua vez, apresentará queixa à Polícia Judiciária e à Guarda Nacional Republicana. Entretanto, os técnicos da autarquia eborense vão proceder à realização de novas sondagens de diagnóstico, com o objectivo de determinar a verdadeira natureza e extensão dos danos provocados, tendo, contudo, já "procedido a uma exaustiva recolha do material arqueológico classificável que, pelo seu baixo valor comercial, nomeadamente cerâmica e material lítico, foi abandonado pelos transgressores no local".
A utilização de detectores de metais é um método ilegal, tanto no território nacional como na maioria dos restantes países da União Europeia, segundo a Lei nº 121/99, podendo a sua prática ser punida com pena de prisão até três anos, ou com pena de multa até 360 dias, segundo o artigo 103.º da Lei de Bases do Património.
Carta Arqueológica do concelho de Évora.
A descoberta do saque do património arqueológico no sítio da Coroa do Frade decorreu durante os trabalhos de prospecção, que se resumiam à recolha de material fotográfico, tanto do sítio arqueológico, como da sua envolvente paisagística, no âmbito da realização da Carta Arqueológica do concelho de Évora que está a ser produzida.
De acordo com o arqueólogo e técnico da autarquia, Mário de Carvalho, uma vez publicado este documento "será único e de referência, dentro do contexto nacional, uma vez que se trata do concelho com maior numero de sítios arqueológicos de grande interesse identificados, em todo o território nacional".
"São cerca de 2200 os locais, até ao momento já identificados pelos arqueólogos no concelho de Évora, sendo que muitos deles são inéditos, dos mais variados tipos, cronologias e implantações", observa ainda o arqueólogo Mário de Carvalho.
A publicação desta Carta Arqueológica do concelho de Évora, que segundo os técnicos está agendada para ocorrer entre finais de 2009 e inícios de 2010, "revelará um importante testemunho do património arqueológico identificado neste concelho de Évora", sublinhou o mesmo responsável. M.A.Z.
Fonte: Maria Antónia Zacarias (06 Fev 2009). Público.
Os arqueólogos que estudaram o solo onde foi construída a auto-estrada
A21, Ericeira/Mafra/Malveira, afirmam ter encontrado uma das maiores
concentrações de fornos de argila (110) existentes na Europa, do
período do neolítico.
"Este conjunto de 110 fornos do neolítico corresponde a uma das
maiores concentrações de fornos existentes em território europeu",
afirmou hoje Ana Catarina Sousa, arqueóloga responsável pelas
escavações.
"Além da quantidade de fornos do neolítico, encontrámos mais um forno
romano, outro da Idade Média e da Idade Moderna, o que significa que o
Homem ocupou este território e com uma mesma estratégia: a exploração
de argila", acrescentou Ana Sousa que também pertence ao gabinete de
arqueologia da Câmara de Mafra.
Uma amostra constituída por quatro fornos vai integrar uma exposição
onde serão exibidas algumas das 33 mil peças recolhidas nos trabalhos
arqueológicos decorrentes da construção da auto-estrada.
A exposição vai ser aberta ao público amanhã no complexo cultural
Quinta da Raposa, em Mafra.
Segundo a arqueóloga, foram também identificados "um conjunto de
materiais de natureza excepcional da Idade do Bronze, salientando-se
um conjunto de 44 contas de colar em âmbar, conjunto esse que é
superior a todas as contas encontradas até hoje em Portugal".
Ana Cristina Sousa destacou ainda que foram estudados 26 sítios "mais
do que um por cada quilómetro construído" e que as peças datam de
vários períodos desde o neolítico, calcolítico, idade do bronze,
período romano, antiguidade tardia, medieval islâmico e idade moderna.
"Encontrámos também fornos de cal dos séculos XVII e XVIII
contemporâneos da construção do Palácio de Mafra", adiantou.
A via, de 18 quilómetros, foi construída entre 2004 e 2008. A
construção da auto-estrada permitiu, através do acompanhamento
arqueológico de todas as etapas da obra, "fazer uma autêntica operação
de pesquisa histórica da ocupação humana do concelho de Mafra",
concluiu.
Além da exposição, o gabinete preparou um programa de sessões
pedagógicas denominado "Arqueologia às escuras". Nestas actividades,
programadas para 14 de Março, 28 de Março e 18 de Abril, os
participantes poderão manusear réplicas dos artefactos mais
significativos de cada período cronológico, permitindo também ao
público invisual sentir os objectos, conhecer a sua forma, peso,
cheiro e os associar ao período respeitante.
Fonte: (11 Fev 2009). Lusa.
Notícia relacionada: http://www.oesteonline.pt/noticias/noticia.asp?nid=20858