Na sequência dos trabalhos arqueológicos em curso na encosta sudeste da vila medieval de Monsaraz foram encontrados vestígios de ocupação proto-histórica e construções de época medieval/moderna no perímetro externo das muralhas do Castelo. Os trabalhos iniciaram-se em Agosto de 2007 com o acompanhamento arqueológico no decorrer da obra de um parque de estacionamento e, dada a relevância das estruturas e materiais arqueológicos detectados, o Município de Reguengos de Monsaraz promove, desde Abril de 2008, trabalhos de escavação arqueológica, dirigidos pelos arqueólogos Maria João Ângelo e Nuno Gonçalves Pedrosa (Maria João Ângelo; Nuno Pedrosa. Intervenção de acompanhamento e decapagem arqueológica no âmbito do projecto Parque de Estacionamento do Corro (Monsaraz-MZCO 07). Relatório Final. Aprovado pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) a 12 de Junho de 2008 (Ref.ª 2007/1[459]).
No que concerne à época proto-histórica, especificamente na Idade do Bronze (há cerca de 3000 anos), identificaram-se diversos materiais cerâmicos e líticos, nomeadamente, um fragmento de uma mó de vaivém e pedras de amolar. Contudo, estes encontram-se descontextualizados, tendo sido reaproveitados nas terras que serviram para a construção dos muros de época medieval. A par dos materiais cerâmicos e líticos foram, igualmente, detectadas duas braceletes em bronze.
De acordo com os resultados preliminares dos trabalhos de escavação em curso, foram ainda identificados diversos muros e troços de canalizações de época medieval/moderna que poderão ter pertencido a zonas habitacionais e de trabalho. Associadas a estas estruturas surgem derrubes de telhados, grande quantidade de cerâmica doméstica comum de cozinha, fauna mamalógica (restos alimentares de mamíferos), vidros, contas de colar de pasta vítrea, objectos metálicos em bronze (alfinetes, brincos, espigões de fivelas), em ferro (cavilhas, pregos, cravos, corrente, chave), vestígios de fundição (escórias de ferro e vidro) e inúmeras moedas de época medieval/moderna (sécs. XIII – XVII).
Os dados arqueológicos identificados evidenciam uma nova e desconhecida área ocupacional medieval/moderna fora do perímetro amuralhado de Monsaraz, arrabaldes localizados a sudeste, junto ao Caminho do Corro, que desde a Ermida de S. Lázaro subiria a encosta até à Ermida de S. João Baptista (“Cuba Islâmica”) até alcançar o Castelo, comprovando e reforçando, desta forma, o aumento populacional da vila medieval após a reconquista definitiva aos muçulmanos no século XIII, facto promovido pelo poder régio através da atribuição da carta de foral (povoamento) de D. Afonso III.
Desta forma, a sugestão de José Pires Gonçalves (Monsaraz, vida, morte e ressurreição de uma vila alentejana, 1966) relativamente a um povoado antigo fortificado pode ser confirmada na encosta sudeste da vila de Monsaraz. A reforçar a constatação desta ocupação antiga, o arqueólogo Manuel Calado realizou este ano trabalhos de reconhecimento de sítios arqueológicos no âmbito da revisão do PDM (Plano Director Municipal) a pedido do Município de Reguengos de Monsaraz, tendo igualmente detectado cerâmica proto-histórica e taludes que poderão ter pertencido ao perímetro amuralhado do povoado, apresentando, desta forma, a sua mancha de ocupação populacional desde a Ermida de S. Cristóvão até à Ermida de São Bento.
Face ao exposto, o Município de Reguengos de Monsaraz vai promover a continuação dos trabalhos arqueológicos, estando a decorrer a preparação de um projecto de investigação mais alargado, com escavações, prospecções de superfície, estudos de espólio exumado nos diversos trabalhos realizados e a sua divulgação através da criação de um núcleo interpretativo museológico dedicado à história de Monsaraz. Este projecto pretende o estudo e protecção da identidade de Monsaraz, ex-libris concelhio, pelas suas características singulares: naturais, etnográficas, arquitectónicas, históricas e arqueológicas.
Fonte:Claudio J. (5 Nov 2008).´Alentejo Magazine: http://alentejomagazine.com/?p=1576
Não se sabe muito sobre os fenícios, um povo navegador do leste do
Mediterrâneo, durante um milénio, até serem conquistados pelos
romanos. Mas um novo método de análise genética revela que deixaram a
sua marca genética em muitos povos mediterrânicos -- e os portugueses
estão entre os que mais se podem gabar de ter a marca fenícia no seu
ADN.
Um em cada 17 homens que hoje vivem nas costas do Norte de África e no
sul da Europa podem ter tido um antepassado fenício, que tinha como
ponto de partida o actual Líbano, conclui um estudo publicado na
revista científica American Journal of Human Genetics.
Os cientistas do "Genographic Project" (que estuda a forma como a
humanidade se espalhou pelo planeta) identificaram um padrão genético
associado à expansão dos fenícios, tal como as fontes históricas a
revelam. Depois, estudaram o cromossoma Y de 1330 homens nesses
locais, para verificar a frequência desse padrão.
Assim, descobriram os locais da bacia do Mediterrâneo onde é mais
provável haver descendentes masculinos dos fenícios. As zonas mais
perto do litoral, e também a costa atlântica portuguesa, estão entre
as que têm mais descendentes dos fenícios.
Fonte: Clara Barata (31 Out 2008). Público