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Escavações arqueológicas realizadas em Vilar Maior, durante obras de infra-estruturas subterrâneas e de repavimentação de ruas e largos, estão a revelar dados considerados «importantes» sobre o passado daquela aldeia do concelho do Sabugal Segundo Marcos Osório, arqueólogo da Câmara Municipal do Sabugal, nas prospecções que decorrem desde Dezembro, foram encontradas moedas, centenas de pedaços de cêramica, artefactos líticos, sepulturas escavadas na rocha e vestígios de habitat de comunidades da Idade do Bronze e do Ferro.
Dada a importância histórica de alguns pontos da aldeia, as escavações estão a ser feitas «antes da entrada das máquinas» situação que, segundo o arqueólogo, salvaguarda a destruição dos vestígios existentes no subsolo.
Indicou que o acompanhamento arqueológico está a ser efectuado em permanência por um arqueólogo contratado pela autarquia do Sabugal.
O especialista disse à Lusa que as escavações já efectuadas junto às ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Castelo e no adro da Igreja Matriz «revelaram estruturas e materiais de grande importância».
Vão seguir-se intervenções na zona da antiga Judiaria, no Largo do Castelo, às portas da antiga muralha e, também, junto ao painel de gravuras rupestres pré-históricas de Vilar Maior.
Adiantou que foi feita uma escavação nos alicerces das ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Castelo e outras nas proximidades, que permitiram «encontrar duas sepulturas escavadas na rocha, e também dois ceitis [moedas] de D. Manuel e D. Afonso III».
No largo do Pelourinho «recolhemos também grande quantidade de cerâmica medieval que, juntamente com um dinheiro [moeda] de D. Dinis, encontrado no adro da Igreja Matriz, propiciam alguns testemunhos do desenvolvimento económico e político desta aldeia durante o reinado deste monarca, após o Tratado de Alcanizes», disse.
«Os achados que estão a suscitar maior curiosidade são os materiais proto-históricos que têm sido encontrados quer nas valas, quer nas sondagens realizados no adro da Igreja Matriz», considerou.
Segundo Marcos Osório «não foi encontrado nenhum enterramento nessa área», mas os arqueólogos encontraram, «logo a meio metro de profundidade, vestígios de habitat de indivíduos contemporâneos da espada de bronze e das gravuras rupestres já conhecidas», ou seja, de comunidades das Idades do Bronze e do Ferro.
Nesse local foram descobertos diversos vestígios, nomeadamente mós de vaivém, um machado de pedra, um pendente de colar, ossos de animais e muita cerâmica característica do período cronológico compreendido entre 1.300 a.C. (antes de Cristo) e 500 a.C., que poderá estar associada a uma lareira de uma casa proto-histórica, descreveu.
O arqueólogo admitiu que a partir dos materiais já recolhidos poderá ser feito um estudo sobre o tipo de dieta dos indivíduos que outrora viveram naquele local e saber que animais poderão ter existido na região.
Os ossos encontrados também vão permitir, através do método do Carbono 14, «aferir cronologias exactas sobre o período da lareira», assinalou.
O investigador não se mostra surpreendido com a riqueza dos achados encontrados até ao momento, atendendo à antiguidade e ao valor histórico e arqueológico da aldeia.
Basta lembrar que está hoje no Museu Regional da Guarda uma espada de bronze do período da Idade do Bronze Final», declarou.
Os materiais encontrados estão a ser lavados, catalogados e colados mas, posteriormente, quando toda a intervenção na aldeia estiver concluída, terão outro destino.
Marcos Osório defende que «o ideal seria o material ficar exposto no Museu de Vilar Maior ou noutras instalações com condições para a sua exposição, para poder ser visto pelo público interessado».
A aldeia de Vilar Maior, que dista cerca de 22 quilómetros do Sabugal, foi vila e sede de concelho até 1855.
O castelo, a Igreja de Santa Maria do Castelo, a Igreja Matriz, a ponte medieval sobre o Rio Cesarão e o Pelourinho, são alguns dos monumentos existentes na localidade.
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