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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
Conhecer a organização espacial do Convento
"Convento de Jesus: Novos documentos" é o título da mostra a inaugurar no sábado, às 18h00, na Igreja de Jesus, em que estão patentes muitos dos recentes achados arqueológicos que mudaram a perspectiva histórica do monumento.
A exposição, promovida pela Câmara Municipal de Setúbal, revela objectos encontrados durante os trabalhos arqueológicos desenvolvidos recentemente no âmbito do acompanhamento das obras de recuperação de que o Convento de Jesus está a ser alvo.
Um dos principais aliciantes da mostra é que pela primeira vez o público tem oportunidade de conhecer a organização espacial do Convento de Jesus, revelando-se, assim, a função de cada uma das divisões deste monumento nacional.
Os novos dados históricos resultam da descoberta de utensílios em determinadas salas, o que permitiu entender a funcionalidade das mesmas durante o período conventual. Com base na rígida orientação arquitectónica dos conventos da Ordem das Clarissas, a que pertencia o monumento setubalense, foi possível ainda interpretar as funções dos restantes espaços do edifício.
"Convento de Jesus: Novos documentos" divide-se em quatro partes, focando o período de construção do edifício, o trabalho quotidiano das freiras, os lugares canónicos e os rituais de oração.
Além dos muitos objectos de uso pessoal das freiras encontrados durante o período de acompanhamento arqueológico, estão também patentes três quadros provenientes da Galeria Quinhentista do Museu de Setúbal, relicários e uma crónica sobre a construção do convento.
A mostra é de entrada livre e pode ser vista, das 14h00 às 19h00, de terça-feira a sábado, até 26 de Janeiro.
In: (23 Out 2007). Rostos, on line: http://www.rostos.pt/inicio2.asp?cronica=1
«Cuidado com o Óscar!», exclamou Alberto Machado, enquanto, com a ajuda de Vasco Dantas, segurava com cuidado a ânfora romana acabada de sair da água. «Olha que ele está preso!»
O Óscar, ao contrário do que se possa pensar, não é um mergulhador, que por qualquer razão tenha ficado preso durante a tarefa de trazer à luz do dia a ânfora romana que estava no fundo do estuário do Arade.
Depois de dois mil anos no fundo do rio Arade, aqui está a ânfora romana
O Óscar é um polvo aí de uns dois quilitos, que durante anos viveu descansado dentro da ânfora milenar, enterrada no leito do rio, a mais de seis metros de profundidade, frente à Praia Grande.
E, com a retirada da ânfora, o pobre do polvo perdeu a sua casa de anos e anos. Mas Alberto Machado descansou os espíritos mais inquietos: «deixámos lá no fundo uns cinco ou seis covos para ele escolher».
«Mas isso é como trocar uma mansão por um T0», alguém gracejou. O Óscar, que veio à tona da água dentro da ânfora, lá acabou por sair, soltar-se do saco de rede em que a milenar peça foi depositada, e, largando um jacto de tinta escura, lá escapou outra vez para dentro de água, desaparecendo no rio.
Com a saúde do inquilino da ânfora devidamente acautelada, Machado e Vasco puxaram a peça para dentro do barco de borracha de apoio, depositaram-na com mil cuidados numa esponja, cobriram-na com um cobertor molhado em água salgada do estuário e transportaram-na para terra.
O levantamento desta ânfora com cerca de 2000 anos foi uma operação levada a cabo pelo Grupo de Estudos Oceânicos (GEO), uma associação com sede em Portimão que há muitos anos colabora na investigação sobre a riqueza arqueológica do Rio Arade.
A operação marcou o início das dragagens no estuário do rio, na zona portuária, que começaram no sábado à tarde, mal a draga dinamarquesa chegou a Portimão, e que, em pleno domingo, continuavam a todo o vapor.
A retirada da ânfora, bem como a colocação de bóias assinalando zonas do estuário onde há importantes vestígios arqueológicos ainda por explorar, foi uma operação decidida entre o Igespar e o Instituto Portuário e dosTransportes Marítimos, responsável pelas dragagens.
A ideia é evitar que os trabalhos de aprofundamento da bacia de manobras e outros no estuário provoquem, como aconteceu em anteriores campanhas de dragagens, sérios danos no património arqueológico subaquático.
Para já, a ânfora romana de cerca de 80 centímetros, intacta, foi retirada e será agora sujeita a um processo lento de dessalinização e depois de conservação.
Tendo em conta que os trabalhos foram pagos pela Câmara de Lagoa, em cuja “metade” do estuário do Arade se situavam os vestígios arqueológicos, a ânfora deverá depois ser depositada neste concelho…ainda que, pelo menos para já, Lagoa não tenha qualquer museu ou estrutura vocacionada para receber a milenar ânfora.
In: elisabete rodrigues (22 Out 2007). O Barlavento, on line: http://www.barlavento.online.pt/index.ph
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