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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
O Monte Molião , na entrada da cidade de Lagos, poderá ser o que resta da antiga Lacobriga das fontes clássicas. Terá sido este o local sitiado pelas tropas comandadas por Metelo e que Sertório «libertou». Na vertente sul do Monte Molião , em frente à actual cidade de Lagos, foram descobertos fornos do Alto Império romano.
São pelos menos esses os indícios que os trabalhos arqueológicos de campo que estão a decorrer este ano, levados a cabo pela equipa liderada Ana Margarida Arruda, da Faculdade de Letras de Lisboa, no Monte Molião , têm trazido à luz do dia.
Este sítio, localizado frente à cidade, do outro lado da ribeira, tornou-se uma referência incontornável da arqueologia algarvia e a sua identificação com a Lacobriga referida nas fontes clássicas (povoação antiga que teve um papel importante nas guerras lusitano-romanas ) tem levado à criação de toda uma mistificação arqueológica em torno do local.
Pela sua importância, mas também como uma forma de conhecer e preservar as origens de Lagos e dos lacobrigenses, a Câmara local, em conjunto com a Universidade de Lisboa, começou, no Verão passado, a primeira campanha de escavação arqueológica sistemática no Monte Molião .
Os trabalhos de 2006 vieram ajudar a desenterrar um passado bem longínquo, uma vez que a ocupação do sítio ocorreu entre finais do século IV antes de Cristo e os inícios do século II d.C , ou seja, entre 2400 a 1800 anos atrás.
Estas descobertas vêm sustentar a existência de uma ocupação pré-romana naquele sítio, que, embora tivesse sido presumida por anteriores investigadores, nunca tinha sido confirmada no terreno, com escavações arqueológicas, como aconteceu agora.
Este ano, os arqueólogos e dezenas de alunos foram mais longe e fizeram sondagens de micro-topografia e prospecção geofísica.
Segundo o arqueólogo Pedro Lourenço, responsável pelos trabalhos na zona A, «estes trabalhos mostram-nos que esta era uma zona densamente povoada. Encontramos aqui estruturas que poderão fazer parte de um grande edifício público», esclareceu.
Associadas a essas estruturas, que datam do século I e II da era cristã, foram recolhidos numerosos materiais arqueológicos, sobretudo cerâmica, moedas, vidros e anzóis, que, segundo Pedro Lourenço, indicam que «esta zona tinha actividade piscatória».
Mas foi o lado Sul do Molião que trouxe mais surpresas, este ano. «Aqui podem ver-se grandes áreas com tijolos, estruturas circulares que correspondem a fornos. Determinámos que são da época romana, do período do Alto Império, datados dos séculos I e II d.C », explicava ao «barlavento» Patrícia Bargão , arqueóloga responsável pelas escavações na área C.
«Poderão ser fornos domésticos, comunitários, ou poderão ser fornos de cerâmica comum», acrescentou.
Mas a ocupação deste esporão iniciou-se, contudo, em época pré-romana. As estruturas encontradas e que estão escavadas na rocha demonstram uma ocupação mais antiga, correspondente à segunda Idade do Ferro, séculos IV/III antes de Cristo, disse Patrícia Bargão .
Os vestígios desta época poderão ter pertencido a habitações ou espaços domésticos.
Segundo Elena Morán , arqueóloga da Câmara de Lagos, as populações que habitaram o Monte Molião nesta altura «estavam incluídas nos circuitos comerciais mediterrâneos, a avaliar pelas importações de cerâmicas gregas já identificadas».
Mara Dionísio (11 de Ago 2007). O Barlavento Algarvio.
http :/ www.barlavento.online.pt index.php /noticia?id=17250
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