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O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
Os estudos referentes ao Solar de Mateus são unânimes: é uma das obras mais significativas no quadro da arquitectura civil portuguesa do período barroco. Na realidade, e apesar das muitas questões de autoria que permanecem por esclarecer, neste sumptuoso solar podemos observar um dos modelos arquitectónicos de maior erudição, que tira partido de uma planta em U, dinamizada pelos pátios e escadarias. E não apenas pelos elementos decorativos da fachada, como acontece em grande parte dos imóveis desta época. Aqui encontramos todos os elementos da arquitectura barroca, nomeadamente a simetria, a axialidade, os frontões interrompidos, as balaustradas, as escadarias e os elevados pináculos.
Não se sabe ao certo em que data começou a ser construído. Em 1743, o então arcebispo D. José de Bragança foi informado de que António José Botelho Mourão havia demolido um palácio para construir um outro muito melhor. Razão pela qual se pensa que, nesta data, a edificação do Solar estaria já em fase adiantada.
Por outro lado, esta cronologia coincide com a época em que o arquitecto italiano Nicolau Nasoni trabalhou na igreja de Santa Eulália da Cumeeira (1739), pertencente ao morgadio de Mateus, e com o intervalo de 2 anos em que não se sabe onde esteve, antes de regressar ao Porto, em data próxima de 1743. Estes dados consolidam a atribuição do Solar de Mateus a Nasoni, uma vez que as semelhanças com outros trabalhos do arquitecto são bastante evidentes. Contudo, Robert Smith defendeu que, tendo em consideração o curto período em que Nasoni esteve em Mateus, apenas lhe pode ser atribuída a concepção da escadaria e pátio de entrada com passagem directa de carruagens para o jardim posterior, num modelo devedor dos palácios italianos que Nasoni com certeza conhecia. Também a dupla escadaria, os vãos dos patamates e a cornija da fachada se aproximam de muitas outras edificações dos arredores do Porto, da autoria de Nasoni, como o Palácio do Freixo, a casa de Ramalde ou a igreja de São João Novo. Todavia, o excesso de decoração na fachada de Mateus, bem como a inserção de elementos estranhos a Nasoni (de que a flor de lis das janelas do patamar é um exemplo) levam a considerar que, mesmo as composições do arquitecto podem ter sido executadas posteriormente, com algumas divergências e afastamento relativamente aos desenhos de Nasoni.
A capela, no prolongamento de um dos corpos da fachada, apresenta inúmeras semelhanças, ao nível da composição da frontaria, com a igreja Nova de Vila Real, onde trabalhou José de Figueiredo Seixas, natural de Viseu, e que é considerado um dos artistas que “prolongou de certo modo a lição do artista toscano”.
Actualmente, a Casa de Mateus é administrada pela Fundação com o mesmo nome, fundada em 1971, e dirigida pela família, organizando diversas actividades de âmbito cultural (cursos de música e concertos, exposições, o prémio literário D. Dinis, congressos e seminários), para além de conservar a biblioteca e o museu.
Outras Designações: Solar de Mateus, Casa de Mateus
http://www.7maravilhas.sapo.pt/mon16.htm
[ IPPAR (MATOS, 1930; SMITH, 1966; PEREIRA, 1995)]
Situados na parte alta de Coimbra, na zona da antiga alcáçova, dominam a cidade. Os Paços da Universidade de Coimbra, que começaram a ser construídos no século XIII, albergam hoje as instalações académicas, a Biblioteca da Universidade e o Museu de Arte Sacra. Trata-se de uma arquitectura civil residencial, educativa e científica, onde predominam os estilos Gótico, Manuelino, Renascentista, Maneirista, Barroco, Pombalino e Neoclássico.
A Universidade de Coimbra é uma das mais antigas da Europa. Fundada em Lisboa em 1290, foi transferida definitivamente para Coimbra no século XVI, instalando-se no Paço Real. O edifício apenas passou a pertencer à universidade em 1597, data em que esta instituição o adquiriu durante o domínio filipino, ao Monarca Filipe II, I de Portugal.
Dentro do complexo, destaque para a Biblioteca Joanina, construída em 1717, no reinado de D. João V. Tem um portal nobre de estilo Barroco, encimado por um escudo nacional. O interior é formado por três salas comunicantes por arcos de estrutura idêntica à do portal. As paredes são cobertas de estantes de dois andares, em madeiras exóticas, douradas e policromadas, executadas pelo pintor régio Manuel da Silva. Sublinhe-se ainda a Capela de São Miguel, com a fachada de estilo Manuelino, mandada construir entre 1517 e 1522, com remodelações nos séculos XVII e XVIII. Tem portal principal manuelino, da autoria de Marcos Pires e Diogo de Castilho, porta de acesso Neoclássica, de 1780, retábulo principal de talha dourada onde se destacam pinturas maneiristas sobre a vida de Cristo atribuídas a Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão: obra-prima do Maneirismo português. A Sala dos Capelos, antiga sala do trono, é, hoje em dia, palco da mais importantes cerimónias académicas. Data de meados do século XVII, da autoria do mestre António Tavares. Tem tecto de madeira com pintura de grotescos da autoria de Jacinto da Costa, azulejos tipo “tapete” de fabrico lisboeta e telas régias da autoria de Carlos Falch, João Baptista Ribeiro e Columbano.
Destaque-se ainda a torre, em estilo Barroco mafrense, da Escola do arquitecto Ludovice, erigida em 1728-1733. A Via Latina é uma colunata neoclássica, edificada no século XVIII, no centro da qual existe um conjunto escultórico executado por Laprade em 1700, ao qual se juntou o busto de D. José I e duas figuras alegóricas.
Finalmente, destaque-se a Porta Férrea, entrada nobre do edifício principal da universidade. Data de 1634, maneirista de corrente popular: o que a partir de 1570 é típico da arte de Coimbra.
Outras Designações: Paços das Escolas.
http://www.7maravilhas.sapo.pt/mon15.htm
[IPPAR]
Foi no início do século XVI que D. Jaime I, 4º Duque de Bragança, decidiu edificar um novo paço em Vila Viçosa. Situado na Horta do Reguengo, fora dos muros do aglomerado urbano medieval, o novo palácio erguia-se num local “caracterizado por extensos olivais e por abundância de água”, apresentando algumas semelhanças com as casas senhoriais da região, como a Sempre Noiva ou o Paço de Alvito1.
Segundo Rafael Moreira, este primeiro edifício foi remodelado pelo duque D. Teodósio cerca de 1535, num projecto que incluía também a praça fronteira e os edifícios religiosos adjacentes, num “conjunto pensado como um todo”2. O paço ducal adoptou então uma linguagem classicista, patente na fachada com “janelas lavradas ao modo antiguo Romano”, num modelo inspirado no Paço da Ribeira de Lisboa2.
No final do século XVI, o duque D. Teodósio II patrocinou novas obras de ampliação do palácio por ocasião do seu casamento com D. Ana Velasco, sendo acrescentado um novo corpo a sul do paço velho, designado na época como Cazas Novas1. O projecto foi executado por Nicolau de Frias, arquitecto régio, cujas traças desenhadas para o “reordenamento global da fachada” lhe conferiram a sua feição actual1. A direcção da fábrica construtiva seria posteriormente entregue a Pedro Vaz Pereira e a Manuel Pereira Alvenéo, mestres arquitectos locais1.
Daí resultou um edifício imponente, com uma monumental fachada Maneirista de dois registos, um de ordem toscana outro jónico, à qual, em 1610, foi acrescentado um terceiro piso. Nos primeiros anos do século XVII, o palácio recebia um erudito programa decorativo, considerado “um dos mais ricos acervos de pintura mural de fresco e têmpera que se encontra na paisagem artística portuguesa”3. Este conjunto de pinturas, “maioritariamente fiel aos cânones estéticos do Maneirismo italianizante” estende-se pelas alas novas do paço ducal, nomeadamente a Galeria de D. Catarina, e os tectos das salas de Medusa e de David. Estas composições foram executadas entre 1600 e 1640 por diferentes pintores. A Tomás Luís, afamado pintor lisboeta, são atribuídos os tectos da Sala da Medusa e a gallerietta da duquesa D. Catarina, “duas notáveis decorações murais”3. José de Avelar Rebelo pintaria os tectos da Câmara da Música do paço, uma obra já patrocinada pelo duque D. João, futuro rei D. João IV3.
Depois da subida de D. João IV ao trono, o Paço de Vila Viçosa deixaria der ser a residência oficial dos Duques de Bragança. No reinado de D. João V, em 1716, o monarca ordenou novas obras no palácio, só terminadas no tempo de D. José. O palácio voltaria a ser remodelado no final do século XIX, sendo então um dos locais preferidos pela Família Real para as suas temporadas fora da capital do reino.
Em meados do século XX, por disposição testamentária de D. Manuel II, criou-se a Fundação da Casa de Bragança que passou a tutelar o Paço de Vila Viçosa e que agora funciona como museu.
Outras Designações: Palácio dos Duques de Bragança.
http://www.7maravilhas.sapo.pt/mon14.htm
[IPPAR (TEIXEIRA, 1997; MOREIRA, 1997; SERRÃO, 1997)]
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