Situado numa pequena ilha escarpada, no curso médio do rio Tejo, o Castelo de Almourol é dos monumentos militares medievais mais emblemáticos e cenográficos da Reconquista, sendo, simultaneamente, um dos que melhor evoca a memória dos Templários no nosso país.
As origens da ocupação deste local são bastante antigas e enigmáticas, mas o certo é que em 1129, data da conquista deste ponto pelas tropas portuguesas, o castelo já existia e denominava-se Almorolan.

Entregue aos Templários, principais responsáveis pela defesa da capital, Coimbra, o castelo foi reedificado e assumiu as características arquitectónicas e artísticas essenciais, que ainda hoje se podem observar. Através de uma epígrafe sobre a porta principal, sabemos que a conclusão das obras foi em 1171, dois anos após a grandiosa obra do Castelo de Tomar. São várias as características que unem ambos, numa mesma linha de arquitectura militar templária. Em termos planimétricos, a opção foi por uma disposição quadrangular dos espaços. Em altura, as altas muralhas, protegidas por nove torres circulares adossadas, e a torre de menagem, verdadeiro centro nevrálgico de toda a estrutura.
Estas últimas características constituem dois dos elementos inovadores com que os Templários pautaram a sua arquitectura militar no nosso país. Com efeito, como deixou claro Mário Barroca, a torre de menagem é estranha aos castelos Pré-românicos, aparecendo apenas no século XII e em Tomar, o principal reduto defensivo templário em Portugal1. A torre de menagem do castelo de Almourol tinha três pisos e foi bastante modificada ao longo dos tempos, mas mantém ainda importantes vestígios originais, como a sapata, que nos dá a dimensão geral da estrutura. Por outro lado, também as muralhas com torreões adossados, normalmente providas de alambor, foram trazidas para o ocidente peninsular por esta Ordem, e vemo-las também aplicadas em Almourol.
Extinta a Ordem, e afastada a conjuntura reconquistadora que justificou a sua importância nos tempos medievais, o castelo de Almourol foi votado a um progressivo esquecimento, que o Romantismo veio alterar radicalmente. No século XIX, inserido no processo mental de busca e de revalorização da Idade Média, o castelo foi reinventado, à luz de um ideal romântico de medievalidade. Muitas das estruturas primitivas foram sacrificadas, em benefício de uma ideologia que pretendia fazer dos monumentos medievais mais emblemáticos verdadeiras obras-primas, sem paralelos na herança patrimonial. Data desta altura o coroamento uniforme de merlões e ameias, bem como numerosos outros elementos de índole essencialmente decorativa e muito pouco prática.
No século XX, o conjunto foi adaptado a Residência Oficial da República Portuguesa, aqui tendo lugar alguns importantes eventos do Estado Novo. O processo reinventivo, iniciado um século antes, foi definitivamente consumado por esta intervenção dos anos 40 e 50, consumando-se assim o fascínio que a cenografia de Almourol causou no longo Romantismo cultural e político português.
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[IPPAR (BARROCA, 2001)]
Miami, 18 Mai (Lusa) - Várias toneladas de moedas em ouro e prata foram encontradas no fundo do Atlântico e podem constituir o maior tesouro marítimo alguma vez encontrado, segundo uma equipa norte-americana que não revela as circunstâncias da descoberta. Mais de quinhentas mil moedas em prata, pesando cerca de 17 toneladas, centenas de moedas em ouro e ouro trabalhado foram descobertas pela sociedade Exploração Marítima Odisseia nos destroços de um navio do período colonial, que deverá remontar pelo menos ao século XVIII, num local não precisado fora das águas territoriais de qualquer país. "Estimamos que esta descoberta represente a maior colecção de moedas jamais recuperada em destroços", anunciou em comunicado a organização baseada em Tampa (Florida). "O muito bem estado da maioria das primeiras seis mil moedas de prata encontradas foi uma boa surpresa, e as moedas em ouro estão quase todas num estado deslumbrante", afirmou Greg Stemm, co-fundador da Odisseia.
"A grande variedade de datas e origens das moedas é apaixonante e pensamos que a comunidade dos coleccionadores vai ficar encantada pela qualidade e diversidade desta colecção", acrescentou. O conjunto foi enviado para os Estados Unidos para ser restaurado. Segundo um perito consultado pela sociedade, as moedas em prata podem valer entre algumas centenas e quatro mil dólares, cada uma. "As peças em ouro devem valer muito mais", comentou. A Odisseia baptizou provisoriamente os destroços de "Cisne Negro", antes de o poder identificar mas guardou cuidadosamente segredo sobre a sua localização. "Para proteger o local e por motivos legais, não estamos prontos para indicar a localização, a profundidade, nem outra informação", indicou a sociedade que prevê continuar as explorações. "Segundo as nossas pesquisas, deve haver vários destroços da época colonial na mesma zona, o que faz com que estejamos a ser muito cuidadosos em relação à identificação" do navio que abriga o tesouro, declarou o director-geral da Odisseia, John Morris.
"Estamos a tomar notas muito completas em relação ao local que, pensamos nós, se vai revelar de um enorme significado histórico". Uma exploração mediática da descoberta está igualmente prevista, estando em curso negociações sobre a venda dos direitos para a produção de filmes e de livros. "Pensamos de o 'Cisne Negro' se vai tornar num dos destroços mais mediatizados da História e estamos a escolher os parceiros mediáticos que possam ajudar a contar a história deste fantástico projecto", explica a Odisseia no seu comunicado. A sociedade Odisseia conta já com a descoberta dos destroços do navio SS Republic, que se afundou ao largo das costas americanas em 1865, e que tinha no seu interior cerca de 65 mil objectos, incluindo cerca de cinquenta mil moedas com um valor aproximado dos 75 milhões de dólares (cerca de 55 milhões de euros). A Odisseia participa também nas pesquisas para encontrar o HMS Sussex, um navio de guerra que afundou em 1694 no Mediterrâneo, ao largo de Gibraltar. ALF.
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