A empresa canadiana Kernow Mining está interessada na exploração de ouro nas antigas minas romanas de Limarinho, em Boticas, depois das primeiras perfurações e análises de amostras recolhidas nas rochas à superfície revelarem resultados animadores. "Temos boas indicações de que o ouro continua lá", afirmou Alan Matthews, presidente da Kernow Mining Portugal (KMP), em declarações à Lusa.
"Estamos seguros da existência de ouro, mas não sabemos ainda qual a quantidade", salientou, acrescentando que "o próximo passo é realizar um grande número de furos (sondagens) para conseguir informação que permita calcular quanto ouro ali existe e quanto dinheiro é preciso para o ir buscar".
O interesse da Kernow Mining incide na zona da denominada Mina do Poço das Freitas, uma área que foi explorada pelos romanos entre os séculos I e IV. O presidente da KMP não acredita que o local venha a ser uma grande mina de ouro, mas admite que os estudos possam revelar as potencialidades de uma exploração "entre pequena e média dimensão".
Nesse caso, a Kernow Mining poderá vir a investir em Limarinho "entre 20 a 60 milhões de euros".
Alan Matthews admitiu à Lusa que acredita neste projecto, até porque os romanos fizeram grandes explorações de ouro na zona de Boticas e a experiência diz que "o melhor local para encontrar uma mina é procurar onde existiu uma no passado".
Aparentemente, os primeiros trabalhos de prospecção realizados em Limarinho, no sopé da Serra do Leiranto, deram razão a esta teoria, tendo sido identificado um potencial mineiro de 7,1 toneladas de ouro.
Os conhecimentos demonstrados pelos romanos para escolher os locais de exploração de ouro foram também elogiados por Fernando Campos, presidente da Câmara de Boticas, salientando que "todas as sondagens mostram que os locais onde eles exploraram são os que têm teores de ouro mais elevados".
"Para o concelho, este projecto não representa nada de significativo em termos de investimento e de emprego. O que nos interessa é aproveitar (as antigas minas romanas) em termos de turismo cultural", afirmou o autarca. As antigas minas romanas, de que ainda são visíveis entradas de galerias subterrâneas, poços, diques e canais para o transporte de água e alguns montes de escombros de minério não aproveitado, são a maior obra realizada pelo homem em Boticas.
"A nossa ideia é criar um circuito de visita que permita ver como funcionavam as minas romanas", salientou Fernando Campos, revelando que a autarquia admite investir cerca de um milhão de euros neste projecto.
A autarquia pretende criar um parque arqueológico envolvendo as minas das Batocas, do Poço das Freitas e do Brejo, que incluirá um centro de interpretação, percursos pedonais, plataformas de observação e a reabilitação de antigos povoados mineiros das épocas castreja e romana.
Um estudo elaborado pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho considera que aquela área "possui características únicas de autenticidade, originalidade e monumentalidade", frisando que se trata de "um dos mais importantes complexos mineiros antigos do Norte de Portugal".