O Museu da Lourinhã, que reúne uma das melhores colecções a nível nacional de achados de dinossauro, está a assinalar os seus 25 anos desde que abriu portas para mostrar ao mundo a riqueza paleontológica descoberta no concelho.
“Íamos trabalhar em arqueologia para o campo e tropeçávamos nas peças de paleontologia, que se metiam debaixo nos nossos pés a dizer para as recolhermos e estudámos. Assim demos o passo de avançarmos para a área da paleontologia e de criarmos um museu porque começávamos a ter uma colecção que já merecia ser exposta”, recordou à Lusa Isabel Mateus, voluntária do museu e fundadora do Grupo de Etnografia e Arqueologia da Lourinhã, que gere o espaço.
A variedade de jazidas e de achados de dinossauro do Jurássico Superior (150 milhões de anos) descobertos em todo o concelho deve-se ao facto de a Lourinhã estar integrada numa região com a “maior concentração de vestígios” em Portugal.
“Houve a possibilidade de os esqueletos serem rapidamente enterrados por areias e lodos porque toda esta região estava a afundar, o que foi essencial para a sua conservação. Por outro lado, todos estes sedimentos estão actualmente à superfície e podemos descobri-los”, explicou o paleontólogo Octávio Mateus.
A abertura do museu ocorreu no mesmo ano da primeira grande descoberta nas arribas da praia de Porto Dinheiro de vértebras e costelas de um dinossauro saurópode herbívoro.
A raridade do achado levou os paleontólogos a classificá-lo como uma nova espécie de referência para a ciência, ganhando o nome de “Dinheirosaurus lourinhanensis”.
Em 1993, o casal Isabel Mateus e Horácio Mateus viria a descobrir nas arribas da praia de Paimogo um ninho de dinossauro, com uma centena de ovos com embriões, o único em toda a Europa e o segundo mais antigo em todo o mundo.
O ninho pertence a um dinossauro carnívoro terópode, cujo esqueleto parcial veio igualmente a ser encontrado no concelho, levando os cientistas a concluir que estavam perante uma nova espécie até então desconhecida, a apelidando-o de “Lourinhanosaurus antunesi”.
Ao fim de 25 anos, o Museu da Lourinhã contribuiu com a descoberta de outras quatro novas espécies de dinossauros, sendo de destacar parte do esqueleto e crânio de um estegossauro herbívoro (“Miragaia longicolum), dentes, vértebras e partes dos membros inferiores e posteriores de um ornitópode camptosaurídeo (“Draconyx loureiroi) e de parte do crânio do terópode carnívoro “torvosaurus taneri”, que se encontram em exposição.
Todos os anos, o museu é visitado por 20 mil pessoas que vêm sobretudo para conhecer a exposição de paleontologia, apesar de haver uma mostra de arqueologia e etnografia.