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Sexta-feira, 26.12.08

Mausoléu do século VI d.C. "único no Ocidente" achado em Mértola

Um mausoléu do século VI d.C. "único no Ocidente", que terá servido para sepultar "pessoas importantes" de origem grega e testemunha a presença de orientais em Mértola antes da islamização, foi encontrado durante obras naquela vila alentejana.

 


 

Trata-se de "um mausoléu fantástico, absolutamente fora de série" e "o único edifício mortuário do género achado em todo o Ocidente do Mediterrâneo, onde, até agora, não há nenhum parecido", garantiu hoje à agência Lusa o director do Campo Arqueológico de Mértola (CAM), Cláudio Torres.



"Só há edifícios paralelos no Oriente do Mediterrâneo, para os lados da Líbia, Jordânia e Síria", frisou o arqueólogo, precisando que o mausoléu foi descoberto no início deste mês, na rua Dr. Afonso Costa, durante as obras de remodelação das ruas do eixo comercial de Mértola.


"Esperávamos que houvesse algo fundamental naquela zona, mas nunca imaginámos que fosse um mausoléu com a monumentalidade e a importância do achado", datado do século VI d.C. e que "serviu para sepultar pessoas importantes de origem grega", segundo as informações inscritas nas lápides descobertas, assinalou Cláudio Torres.


Segundo o arqueólogo, "eram certamente comerciantes gregos ricos e oriundos da actual Líbia".


Uma das lápides, "inscrita em grego, como a maior parte delas, refere-se ao presbítero da então igreja de Mértola", acrescentou.


"O aspecto mais importante desta descoberta é que, pela primeira vez, há um achado que nos dá a grande informação de que havia uma importante comunidade de orientais em Mértola antes da islamização", apontou o director do CAM, lembrando que "outros vestígios descobertos em Mértola constatam a existência de orientais, mas já em época muçulmana".


Actualmente, uma equipa do CAM está a escavar a parte subterrânea (cripta) do mausoléu, situada a dois metros de profundidade e que "terá várias sepulturas, duas das quais já foram encontradas, mas não escavadas", disse Cláudio Torres.


A parte de cima do edifício, que "já desapareceu", indicou, "era monumental e de um certo luxo", conforme sugerem os vestígios encontrados, como restos de mármores, impostas e pilastras.


Salientando tratar-se de um achado "com demasiada importância histórica, científica e cultural", Cláudio Torres defendeu a musealização do mausoléu, apesar de reconhecer "algumas dificuldades", já que o monumento está "numa das principais ruas de Mértola".


"É preciso encontrar uma solução técnica e financiamento para transformar o mausoléu num pequeno museu subterrâneo que possa ser visitado" e, desta forma, "funcionar como mais um importante e benéfico pólo de atracão de turistas a Mértola", uma vila que recebe "cerca de 30 mil visitantes por ano", realçou o arqueólogo.


Para já, vincou, o achado vai ser "registado e devidamente protegido e tapado" para que as obras de remodelação do eixo comercial da vila possam terminar, como previsto, em Fevereiro do próximo ano, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara de Mértola, Jorge Rosa.


Posteriormente, e "desde que se confirme a importância da descoberta", admitiu, a câmara "poderá avançar com um plano de acção para a musealização" do mausoléu.


Isto, adiantou o autarca, no caso de conseguir "o financiamento necessário" e desde que seja encontrada "uma solução técnica que permita manter a rua aberta aos peões e ao trânsito".



Fonte: (22 Dez 2008). Lusa/RTP: http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=379095&visual=26&tema=5

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por noticiasdearqueologia às 17:41



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