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NOTÍCIAS DE ARQUEOLOGIA

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Quarta-feira, 26.11.08

Descoberta sepultura do neolítico com o mais antigo núcleo familiar conhecido

Testes genéticos confirmaram o parentesco

A disposição das ossadas mostra o cuidado de quem sepultou a família

com 4600 anos de idade. O filho mais velho de frente para o pai, o

filho mais novo de frente para a mãe e os dois adultos flectidos,

pernas a tocarem-se num contínuo, com a cabeça do homem em direcção a

Oeste, a da mulher em direcção a Este, mas a face de ambos a olhar

para Sul, como era tradição na Cultura da Cerâmica Cordada que existiu

no Centro e Nordeste europeu durante o neolítico.

O "quadro" encontrado no sítio arqueológico de Eulau na região alemã

da Saxónia-Anhalt é tão ilustrativo da ideia de família que Wolfgang

Haak sentiu-se comovido quando viu pela primeira vez a sepultura.

"Sentes uma certa simpatia por eles, é uma coisa humana", disse,

citado pela BBC News, o cientista do Australian Centre for Ancient DNA

(Centro australiano para o DNA antigo).

Mas foi a confirmação genética do parentesco entre a família que

tornou a descoberta publicada hoje na revista científica "Proceedings

of the National Academy of Sciences", tão excitante. "Ao estabelecer

os elos genéticos (...) estabelecemos a presença do núcleo familiar

num contexto pré-histórico na Europa Central - pelo que sabemos, a

mais antiga prova dada pela genética molecular até agora", disse Haak,

um dos autores do artigo, citado pelo Science Daily",

Foram encontradas quatro sepulturas e 13 corpos. Os adultos

apresentavam vários ferimentos: uma mulher tinha uma ponta de pedra

enterrada na vértebra e outra apresentava ferimentos no crânio.

Segundo os cientistas, a comunidade sofreu um ataque violento de outro

grupo e salvaram-se os jovens adultos, já que a maioria das ossadas

pertenciam a crianças ou a mulheres com mais de 30 anos.

Os cientistas pensam que quem se salvou veio depois enterrar os

mortos, pois conheciam de perto as relações dos indivíduos. "A

disposição dos corpos espelha as relações que tinham em vida", diz o

artigo, que refere a importância dada ao parentesco já que, por

exemplo, os filhos do casal estão virados para os pais e de costas

para o Sul, indo contra os costumes da cultura.

Os cientistas compararam o ADN dos ossos entre os adultos e as

crianças. Com o ADN mitocôndrial, que todas as pessoas herdam da mãe,

e com o ADN do cromossoma masculino - o Y, provaram que os dois

rapazes eram obrigatoriamente filhos do homem e da mulher da

sepultura. "O que é extraordinário é a genética que torna a prova [de

um núcleo familiar] incontornável", disse ao PÚBLICO por telefone

Mariana Diniz, professora na Faculdade de Letras da Universidade de

Lisboa.

Através dos isótopos do estrôncio, um elemento que se vai acumulando

nos dentes dos humanos ao longo do crescimento, os investigadores

concluíram ainda que as mulheres, ao contrário dos homens, não eram

originárias daquele local, já que tinham uma quantidade relativa do

elemento que a alimentação da região não podia dar. Os investigadores

defendem que as mulheres viajavam de longe, para se casarem com os

homens, evitando a endogamia e promovendo as boas relações entre

comunidades.


Fonte: Nicolau Ferreira (18 Nov 2008). Público.

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por noticiasdearqueologia às 22:49



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