A Fundação Batalha de Aljubarrota inaugura amanhã o Centro de Interpretação da contenda, ao fim de seis anos de trabalhos, e a menos de um ano de ser canonizado pela Igreja Católica o estatego militar que derrotou os castelhanos e pôs termo à disputa pelo trono de Portugal
Ao fim de mais de seis anos de trabalhos, o campo militar da Batalha de Aljubarrota está pronto para ser mostrado ao mundo com recurso a tecnologia multimedia, incluindo a projecção de hologramas, com cenas dos combates, sobre o terreno onde tudo aconteceu em 14 de Agosto de 1385.
Cem mil visitantes por ano é o movimento que a Fundação Batalha de Aljubarrota espera. A instituição é a responsável pela criação e obra do centro de interpretação que vai ser inaugurado, sábado, pelo Presidente da República, Cavaco Silva, desde sempre ligado ao grupo de personalidades que têm estado à frente do projecto destinado à preservação do Campo de S. Jorge. Foi o primeiro campo militar classificado em Portugal, era então ministro da Cultura Pedro Roseta.
Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA) abre portas, depois de terem sido acertados os interesses das populações residentes, autarquias , Igespar, no começo antigo Ippar, e os da fundação que foi criada em Março de 2002 com o patrocínio do banqueiro António Champalimaud e reconhecida como entidade de utilidade pública em Agosto de 2003.
A visita ao CIBA começa por um núcleo dedicado às descobertas arqueológicas no campo de batalha e à contextualização histórica do período em que decorre e orienta e integra o visitante em todo o percurso. Logo à entrada está preservado um fosso, a única estrutura do campo de batalha que foi musealizada e se encontra dentro do espaço construído. A intenção, de acordo com a arqueóloga Maria Antónia Amaral, "é colocar o visitante em contacto com o tipo de vestígios arqueológicos que se encontram pelo campo". O fosso integra um conjunto de defesas acessórias, escavadas para travar a batalha, mas das quais apenas se vê aquele pequeno troço. O conjunto está, todavia, identificado pelos trabalhos de escavações realizados e pelos estudos. Constituem um conjunto de fortificações com fossos, covas de lobo [buracos no chão onde se esconderam os militares] e abatizes", explica a mesma técnica.
Ainda no primeiro núcleo, a informação é disponibilizada num mapa do terreno com indicação das fortificações, a identificação do referido fosso e as campanhas arqueológicas, em ecrãs tácteis. Tudo numa grande diversidade de informação sobre o tempo histórico. O friso, com a apresentação dinâmica, assume "a forma de um 'jornal electrónico do século XVI'".
A seguir, o visitante senta-se 30 minutos para ver o filme "colocado no tempo real". Já o núcleo três o desafio é interpretar a história através dos artefactos, armas utilizadas, documentos ou mesmo ossos. Foram estudados na Universidade de Coimbra, por antropólogos como Eugénia Cunha. Os estudos provaram que os ossos expostos são mesmo de combatentes. Como curiosidade, Maria Antónia Amaral refere um crânio de uma pessoa que foi vítima de agressão e mostra uma cura impensável para a época. Lá fora, no campo, onde foram identificadas 830 covas de lobo nos trabalhos de 1958/59 é feita a projecção de hologramas.
Fonte: JACINTA ROMÃO; NUNO BRITES. (10 Out 2008). Diário de Notícias: http://dn.sapo.pt/2008/10/10/artes/batalha_aljubarrota_evocada_hologram.html