Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O Património é um bem comum... Preservá-lo só depende de cada um de nós...
O Egipto antigo já foi uma das paixões dos europeus, numa altura em que aventureiros desenterravam incríveis esplendores das areias do deserto. Mas as descobertas foram escasseando e tornou-se arriscado comprar relíquias pilhadas dos túmulos. Após a descoberta do tesouro de Tutankhamon, em 1922, houve um renovar da imaginação do mundo culto, mas progressivamente a egiptologia regressou aos círculos académicos e às penosas escavações. Até aparecer este homem, Zahi Hawass, com o seu perfil a lembrar o do actor Anthony Quinn e o chapéu à Indiana Jones.
Hawass, de 59 anos, é um dos mais prestigiados egiptólogos do mundo. Mas à frente do Conselho Supremo das Antiguidades do Egipto (CSAE), adquiriu também poder e notoriedade, o que o tornou polémico. Este egípcio, de inconfundível sotaque no inglês fluente, sabe explicar com entusiasmo, ao comum dos mortais, a vertente complexa da extinta civilização egípcia, tão obcecada em preparar os seus mortos para a vida eterna.
A mais recente campanha mediática de Hawass e do organismo que controla tem a ver com a identificação recente da múmia de uma das figuras míticas da história do Egipto antigo, a rainha Hatshepsut. A identificação recorreu a meios sofisticados e teve uma cobertura televisiva especial. O carismático cientista participa também na busca da múmia de outra rainha, Nefertiti, que seria uma descoberta fenomenal da egiptologia moderna, permitindo resolver alguns mistérios.
Hatshepsut é a confirmação mais recente e envolve uma desilusão: a poderosa rainha era obesa e tinha os dentes estragados, aspectos que não apareciam nas estátuas, afinal representações políticas do poder. A confirmação da identificação da múmia, feita por uma equipa egípcia liderada pelo próprio Hawass, obteve-se através de técnicas sofisticas: tomografia axial computorizada e investigação do ADN. Numa caixa funerária com o nome da rainha foi encontrado o resto de um maxilar (talvez resultante de erro na mumificação) que encaixava na múmia não identificada, (encontrada noutro local e que a equipa supôs pertencer à rainha). O palpite começou a revelar-se certo quando foi feita uma comparação entre o material genético da múmia e de uma avó da monarca, Ahmose-Nefertari, que a colocou na XVIIIª dinastia.
A poderosa rainha, na realidade a primeira mulher que se sabe ter exercido grande poder, teria pouco mais de 50 anos quando morreu.
O novo êxito de Hawass e a forma como foi divulgado, numa operação mediática, junta-se a outra busca, a da mítica Nefertiti. Os documentários sobre estas investigações permitiram financiar equipamentos que abrem caminho a novas descobertas no acervo de múmias por identificar do CSAE. Esta última é uma organização com 30 mil funcionários e vasto poder sobre as relíquias.
NAVES, Luís (Sábado, 28 de Julho de 2007):
http://dn.sapo.pt/2007/07/28/dngente/o_v
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.